CADERNO 3


Caderno 1


PARA ENFRENTAR O CORONAVÍRUS

POR PAULA LIMA


paulalima@opovo.com.br



A redução de clientes na porta do estabelecimento é total. O faturamento para quem não tem entrega delivery cai a zero. Outros custos como aluguel continuam sendo cobrados. O que a pandemia do coronavírus representa para o microempreendedor? Ainda é cedo para fazer as contas. O que se sabe é que atividades relacionadas ao intenso atendimento ao público, como turismo, alimentação fora do lar, feiras livres, moda, varejo tradicional, construção civil estão sendo as mais impactadas pela quarentena necessária que a sociedade enfrenta. Ainda no início da chegada da pandemia ao Brasil, em meados de março, o Sebrae fez um levantamento que mostrou mais de dez segmentos entre os mais afetados economicamente. Serão mais de 12,3 milhões de negócios, que impactam mais de 21,5 milhões de empregos. O que o microempreendedor pode fazer para superar a ausência de liquidez em seu negócio sem colocar em risco a sua saúde e da sua família?



ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA


Caderno 1

O microempreendedor está de mão atadas. Nunca desde 1918 houve necessidade de a sociedade enfrentar um isolamento social, como se exige agora com a pandemia de covid-19. É preciso encontrar um caminho de travessia. Para os negócios e para a saúde de todos. "É um grande desafio, porque não tem como ir atrás de novos clientes se está impedido de ir ao mercado. A primeira coisa é diminuir qualquer despesa que se tenha e respirar", analisa o economista Érico Veras Marques. "O que precisa ser feito agora é cuidar da saúde e da sobrevivência. Dívidas vão ficar, vão. E não adianta ficar sem nenhum tostão para se alimentar e viver. A dívida negocia, parcela, mas é preciso cuidar da saúde", completa. Para quem tem empréstimos de microcrédito, há uma flexibilização das instituições. Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú Unibanco e Santander irão receber pedidos de prorrogação, por 60 dias, dos vencimentos de dívidas. A nova medida é válida para clientes pessoas físicas e micro e pequenas empresas para os contratos vigentes em dia e limitados aos valores já utilizados. O Banco do Nordeste, que em 2019 somou R$ 13,1 bilhões em empréstimo de microcrédito, anunciou a possibilidade de prorrogação do pagamento da dívida por até seis meses. O Governo Federal anunciou uma linha de crédito para financiar a folha de pagamentos de pequenas e médias empresas. A linha de financiamento deve beneficiar, segundo anúncio feito pelo presidente Jair Bolsonaro, 1,4 milhão de empresas, atingindo 12,2 milhões de trabalhadores. O crédito será destinado a empresas com faturamento anual entre R$ 360 mil a R$ 10 milhões e vai financiar dois meses da folha de pagamento, com volume de R$ 20 bilhões por mês. O limite de financiamento é de até dois salários mínimos. Há ainda o auxílio emergencial durante três meses, de R$ 600, destinado aos trabalhadores autônomos, informais e sem renda fixa durante a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. "O que vem aí de políticas federais não se sabe quando vai chegar efetivamente. É preciso hoje pegar o que tenho de recursos para viver e postergar dívidas. Evitar ao máximo o processo de inadimplência. Paga o mínimo do cartão de crédito para não sumir com a liquidez e negociar tudo lá na frente. Deixa, sim, para discutir a dívida no segundo momento. Minha conta de energia eu não posso arriscar não pagar. Meu celular, meu instrumento de trabalho, se tenho um pré-pago vou carregar o mínimo. Buscar pela sobrevivência para sair do outro lado desse momento", reflete Érico Marques. (Paula Lima)


CONSULTORIA PARA QUEM PRECISA


Caderno 1

O Sebrae está engajado em encontrar junto aos microempreendedores soluções para atravessar a crise da pandemia. "A estratégia é tentar sobreviver a esse meteoro. É hora de lançar mão da criatividade porque as empresas estão sem capital de giro suficiente para se manter muito tempo com as portas fechadas", explica Silvio Moreira, analista técnico do Sebrae. Nas redes sociais do Sebrae, há lives sobre marketing digital, acesso a crédito, de capital de giro e o canal de atendimento permanece atendendo. "Não é momento de correr risco. Essa pandemia pegou todo mundo de surpresa. Quem abriu um negócio recentemente, mesmo quem fez plano de negócio, não fez essa previsão, mesmo com todas as dificuldades imaginadas antes. O momento é de não realizar investimentos altos", explica Silvio. Quem está driblando a crise está apostando em marketing digital. "Restaurantes estão experimentando aplicativos de entrega de comida e estruturando processos mais ágeis. O digital nesse momento é algo que vai ser muito utilizado e, depois que passar essa fase de adaptação, vai ser consolidado", conclui Silvio.



Dicas para enfrentar a crise


1. Faça uma previsão das despesas para um período de dois ou três meses. Se possível, identifique esses valores de acordo com o tipo de despesas;


2. Procure negociar as despesas com maior impacto no seu negócio;


3. Evite fazer alguma despesa que não seja extremamente necessária para a continuidade dos negócios;


4. Procure negociar também as despesas bancárias, buscando um prazo maior para o pagamento dos seus compromissos;


5. Estude a possibilidade de realizar promoções de produtos que estejam no estoque há muito tempo e disponibilize serviços de entrega para manter o nível de compra dos clientes. A ideia é aumentar o faturamento;


6. É importante saber que a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) está apoiando empreendedores que estejam enfrentando dificuldades em função do novo coronavírus. Os cinco maiores bancos do País - Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú Unibanco e Santander - anunciaram que vão prorrogar, por 60 dias, os vencimentos de dívidas de micro e pequenas empresas e também de pessoas físicas, para os contratos vigentes em dia e limitados aos valores já utilizados.


Fonte: Sebrae



VESTUÁRIO FEMININO
A MODA DO NEGÓCIO PRÓPRIO

AMANDA ARAÚJO


amandaaraujo@opovo.com.br




O que leva alguém a empreender? Para alguns, a necessidade. Para outros, a vontade de fazer os próprios horários, inovar e buscar uma autonomia financeira até então distante. No caso de Tatiana Martins de Souza, de 33 anos, a segunda opção fez com que largasse o emprego de carteira assinada. "Sempre gostei de moda, sempre gostei de vender, aí me interessei muito por esse mundo de roupa."

No início, as peças eram distribuídas de "porta em porta". Nem deu tempo de ficar parada: um mês após sair do emprego de auxiliar administrativo, a microempreendedora iniciou a Morena Delicada, em 2014, hoje com box próprio no Beco da Poeira. Sem experiência, ela logo entendeu que precisava de capacitação e foi em busca de cursos de marketing, de vendas, de administração. "Já fiz pelo Sebrae, pela Febracis. Procuro pela internet cursos online e gratuitos, sempre busco de alguma forma conhecimento".

Depois, percebeu que um empréstimo poderia fazer o negócio crescer. "Eu invisto [o dinheiro] em mercadoria, vendo de 800 a mil peças por mês. Hoje, meu foco maior é atacado, a partir de seis peças", explica a cliente do Prospera Santander Microfinanças.
Honrar a parcela mensal de cerca de R$ 2.700 do microcrédito é uma prioridade de Tatiana, que conta ter uma preocupação enorme com o público dela. "O empréstimo significou a melhora do meu produto para o meu cliente. Se eu coloquei dinheiro para investir, dali tenho que tirar", descreve.
Como tem feito isso? Promoções, frete grátis, até brindes. Vale tudo na hora de chamar atenção do público para os vestidos, conjuntos e macaquinhos de tecido no box B2-345, de segunda a sábado. E, entre uma venda e outra, estudos e contas, ela comemora a flexibilidade de horários que o negócio próprio dá: "Tenho uma princesa de 12 anos e tenho mais tempo para acompanhar o processo dela".


DICA DE EMPREENDEDORA


"A gente é capaz de ter tudo aquilo que deseja desde que saiba fazer o correto, sempre buscando conhecimento. Só tenha um objetivo certo e trabalhe em cima disso, difícil é, mas não é impossível. Agora na quarentena, estou trabalhando nas vendas online e a forma de entregar à domicílio, tomando todas as medidas de segurança estabelecidas. Irei começar a produzir o conteúdo sobre isso"

SERVIÇO


Morena Delicada Onde: Beco da Poeira - Box B2-345 (av.Imperador, 546) WhatsApp: (85)98214.7927 Instagram: @usemorenadelicada


MÓVEIS E UTENSÍLIOS


Vocação para fazer o dinheiro render



Buscar melhores oportunidades fora do Nordeste é um caminho para muitos trabalhadores. Em meados de 1997, José Airton Avelino, 49, foi ao Rio de Janeiro levando apenas a vontade de trabalhar. "Já tinha trabalhado em churrascaria, como balconista, minha vida sempre foi trabalhar com vendas", lembra.

Lá, arrumou emprego também em churrascarias e conseguiu juntar uma pequena quantia para voltar ao Ceará: cerca de R$ 4 mil, usados para iniciar a Wesley e Weny - Móveis e eletros para o seu lar, em 2002. O nome faz referência aos dois primeiros filhos de José Airton - agora, já são três. "Eu vendo de tudo, fogão, geladeira, ferro para passar roupa, panelas, tudo que o cliente desejar ele tem", garante.

O ponto no bairro Cristo Redentor, perto da casa do microempreendedor, atende bairros ao redor com entrega a domicílio e os chamados "galegos" (vendedores de rua), que percorrem a Cidade oferecendo os utensílios. O próprio José Airton, conta, vez ou outra ainda pega no pesado. "Às 6h já tem que estar de pé, tenho que liberar as mercadorias pros vendedores da rua, liberar os carrinhos."
Dentre os principais bairros de clientela, José Airton destaca Carlito Pamplona, Jacarecanga, Álvaro Weyne, Jardim Iracema, Goiabeiras. A internet também é fonte de renda, basta pedir o catálogo pelo WhatsApp (85) 98955.1590.
O filho mais velho, que estuda Gestão Comercial, ajuda o pai nas contas e na administração. "Eu renovo o empréstimo bancário de seis em seis meses. Separo o dinheiro da parcela, o primeiro dinheiro que entra já é para a parcela, não é meu mesmo!", diz. Animado, ele explica que a última renovação, em janeiro, serviu para comprar cadeiras, poltronas e mais "um bocado de mercadoriazinha para os galegos".

Como é cliente do Crediamigo, programa do Banco do Nordeste, José Airton alerta para a importância de formar um grupo com pessoas de confiança. "Porque um é responsável pelo outro, se um não paga, os outros têm que se juntar para pagar. O grupo da gente nunca ninguém deixou de pagar", enfatiza.

Para atrair o público, José Airton facilita: até fiado ele faz. Mas, claro, sabe cobrar. "Tenho cobrador na rua e eu mesmo também vou buscar dinheiro. O futuro é crescer mais um pouco, a loja é pequena, mas eu queria aumentar, se Deus abençoar", planeja. (Amanda Araújo)


DICA DE EMPREENDEDOR


"A dica que eu tenho é não usar o dinheiro do investimento, não pode mexer. Quanto mais investir, a coisa melhora. Se você achar que tem esse dinheiro para gastar, acaba se enrolando. Comecei com uma merreca que eu trouxe do Rio, se eu fosse confiar que esse dinheiro era meu, não ia conseguir."

SERVIÇO


Wesley e Weny - Móveis e eletros para o seu lar Onde: Rua Nossa Senhora das Graças 1112 - Cristo Redentor Telefone: (85) 3236.4167/ 3236.3736 WhatsApp: (85) 98955.1590