Editorial
Por Lêda Maria F. Souto
Nossa admiração aos pais leva-nos a homenageá-lo e transmitir nosso carinho através de poetas cearenses de primeira linha.
Unimos a data com a linguagem encontrada em belos poemas e relatos. O Pai, beleza & poesia chega para acompanhar uma data especial, também louvada pelo jornal O POVO nesta publicação amorosa. Sintam-se todos amados, admirados e cobrados a viver com dedicação e integridade a missão recebida pelo Deus Pai criador do céu e da terra, da família e da luz. O Deus do amor pronto a proteger todos os pais, hoje e sempre.
Aprenda a desligar o celular e vitaminar o amor paternal
Por Lêda Maria F. Souto
Mais do que nunca a presença do pai na vida dos filhos, pequenos ou maiores, é tão necessária. É preciso assumir sua missão, cultivar a fé, o amor, encontrar o equilíbrio entre a vida espiritual e material. Manifestar sua dedicação aos filhos e fazer brotar sempre mais a confiança, o afeto e a dedicação.
Os pais precisam chegar a casa, unir a família em torno da mesa da refeição e saborear um diálogo amoroso capaz de fortalecer o bom papo e ampliar os temperos da boa e harmoniosa convivência.
Precisam acompanhar os filhos ao colégio, às atividades esportivas, às faculdades e/ou ao emprego, ao ócio. E atenção pais, vocês merecem estar convencidos que o telefone celular não pode ocupar seu lugar entre os filhos. Hoje, esse equipamento separa as famílias, abate o desejo da boa conversa, isola o relacionamento e até mesmo as manifestações de afeto.
Crie o hábito de vez em quando de perguntar ao seu filho: como ele está na vida? Que projetos alimenta realizar este ano e no próximo. Como está sua interação com a família e os amigos. O que lhe dá prazer e o que lhe faz sofrer. Crie essas indagações para atiçar o pensamento, criar laços e executar a verdadeira missão que une pai e filhos.
Seus filhos são seus tesouros, são a certeza que Deus deu a você a missão de educá-los e crescer no amor. Não esqueça que cada um de nós traz certos dons e talentos para este mundo. Você precisa dar aquilo que você veio aqui para dar.
E oferecer esses dons aos filhos com carinho na certeza de que haverá reciprocidade. Vitamine o relacionamento, se precisar, até transforme-os criando a intimidade e as revelações.
Ame, ame intensamente seus filhos, o amor inclui a habilidade de ver o potencial adormecido no outro e acordá-lo. Trabalhe sempre a criança e o adolescente em uma educação baseada em valores e longe do consumismo e da solidão. Pais e filhos são fontes de felicidade, luz de estrelas no céu clareando os caminhos do bem e de um mundo melhor. São o descanso do vento em tempo de tempestade. São cantorias novas para embalar os sonhos que merecem florescer para alcançar os dias da colheita e de bênçãos, edificando a construção da vida nova, resguardando o límpido poder do coração.
Antonio Carrilho de Arruda
Palavra muito bonita e muito importante!
Palavra que designa um homem elegante! Palavra forte que indica fonte de coragem! Palavra que é firmeza do homem que age!
Agrada por indicar uma real grande proteção!
Agrada por ser o herói, de forte sustentação!
Agrada com alegria para os seus pequeninos!
Agrada por ser esteio forte de todo o seu caminho!
Importante por ser a âncora da esposa e filhos!
Importante porque suas ações têm real brilho!
Importante por traduzir segurança com destreza!
Importante! É a proteção da família com certeza!
Papai! Essa palavra é agradável de se pronunciar!
Agrada mais por se direcionar a quem está a indicar!
Palavra não solta como “pai” que não diz a quem é!
A palavra papai tem como resposta: diga o que quer!
Integralmente agradável de ouvir! Todos hão de convir!
Papai, eu o admiro! O senhor é o meu herói!
A sua cara alegre agrada, mas com raiva dói!
Papai, esta palavra, quão maravilhosa ela é!
Alegre é pronunciada por homem e mulher!
Importante é a sua presença a todo instante!
Papai, como eu te amo! Diz contente filha ou filho!
Ao que seu pai responde: Eu
o(a) amo com todo brilho!
Por que então só dizer pai? Cabe a pergunta: de quem?
Alegro-me ao ouvir papai! Maravilhosos filhos, este tem!
Incontida a alegria, se esta expressão eu ouvisse todo dia!
Papai! Já indica quem é!
Pai? Cabe a pergunta: de quem?
Jane Caneca
Como nasce um homem?
Fábrica de um pai e o pai
E outro pai.
Perguntas do Carlos Drummond de Andrade
Nasce de um pai, nunca subtrai
Que será pai do pai e do pai...
Nunca deixará de ser "O" pai
Avô pai, bisavô pai...
Será um eterno pai
Nunca um ex-pai
Pai sempre pai
Oh! Querido pai!
O remoto homem pai
Surge do primeiro pai
Pai Adão, Pai Moisés, Pai José
Oh! Deus pai!
Horácio Dídimo
Para Dídimo Barbosa Vieira
Um dia quando criança
Na cadeira do dentista
A sua mão sobre a minha
Me dava paz e coragem
Depois os anos passaram:
Na velhice e na doença
Minha mãe e meus irmãos
Nossas mãos o amparavam
Agora nas mãos de Deus
Nosso pai está presente
E cuida de todos nós
Como antigamente
Aureny Barga
I
Ser pai e ser mãe é ter muito talento
e amor indiscutível.
Ser Pai é estar atento
e ter amor invisível.
Ser Pai é acolher no desalento.
II
Ser Pai e mãe ao mesmo tempo,
é amparar os seus rebentos.
Ser Pai é saber quando punir
com cautela e amor.
Ser Pai e mãe é saber sobremodo amar.
Ser Pai e mãe é estar com o filho
Ao acordar e ao dormir.
Ser Pai é saber a hora de castigar.
III
Ser Pai e mãe
é saber compreender
e ajudar na hora da necessidade
E ensinar como melhor viver.
e ensinar a humildade
que todos devem saber.
Ser Pai e ser mãe
é também ser amigo.
Ser Pai e mãe é ser o abrigo,
é ser proteção e afugentar o inimigo,
é perdoar o erro cometido.
É ensinar da vida o sentido.
Ser Pai e mãe
É também oração.
Júnior Bonfim
Meu querido pai, corpulento e afobado homem
De cor vermelha e ideias levemente escuras
Diviso-te espargindo, ombro e abdômen,
O sereno prestativo de tua arrojada figura.
Tinhas vários nomes e eu, um único jeito,
De abrandar tua explosão temperamental:
Ao invés da faca da palavra, o mutismo do olhar
Denso como o caju, cortante como o punhal.
Adorava teus contornos de astúcia, o ás de precipitação
O comercial espírito, o passo afobado, a alma em flor
O palpitante núcleo do peito, lagoa sempre em ebulição.
Que num fevereiro e ensolarado sábado se evaporou.
Pois é. E o mesmo rio que abriu tuas comportas de emoção
Um dia, como em redemoinho, de súbito te levou!
Edmar Ribeiro
Ao amanhecer:
Lavrados na boniteza
Estirpe de nobreza;
Brotados em amor
Pastoreio com primor;
Ajuizados com prumos
Assentes os rumos;
Taludados com guias
Para o porvir dos dias;
Maturados com bagagem
Prontos para a romagem.
Ao entardecer:
Avô(ando) em abraço
do neto no regaço.
Num sopro voltastes,
Altaneiro chegastes
e intermediais
no Colo do Pai!
Uma linha nos liga
Uma força nos instiga:
Presente a imensidade
De tua pai(ternidade)!
Giselda Medeiros
(in memoriam - Jorge Francisco de Medeiros)
Foram apenas dez anos contigo...
Dez anos que sumiram qual poeira de vida,
Levados pelo vendaval das reminiscências longínquas.
Mas te lembro, meu pai!
Na minha memória que fulge quando te penso,
Ser humano digno, amoroso, que me deu vida,
Que me fez transcender o obscurantismo,
E, com mãos benditas, ásperas mãos de regar a terra,
De produzir vida e bênçãos para a humanidade,
Levaste a luz, chama da vida, para os teus cinco rebentos!
Pai, força que me anima ante as durezas da vida,
Eu, frágil ser, diante de tua fortaleza que vive em mim,
Te exalto, te canto, te venero,
Porque para mim és chama divina e eterna de Amor.
Amo-te, meu pai, pelo milagre de tuas mãos,
Geradoras do bem, nessa indomável solidão do mundo!
Pai, guerreiro valente soldado da vida
Marcia Pinheiro
Pai, sorriso gentil, és tu o patriarca.
Com sua bondade cultiva o amor do filho.
Alegria atraente, homem decente.
Esperança no cotidiano, são bons ventos a soprar.
Luta , protege, corrige seu filho suavemente como o orvalho da noite.
És intensa força em movimento.
A fé é velada , porém grandiosa.
Sua felicidade é seu filho, seu fruto.
Vence o medo , é guardião eterno.
Pai, guerreiro valente soldado da vida...
João Batista Aguiar Neto
Paim, homem determinado e combativo.
Nasceu, cresceu, viveu sob o signo da decência.
Coerente ao extremo, foi sempre ativo.
Na educação dos filhos, nunca existiu carência.
Quando o vi chorar de dor.
Aquele rochedo firme percebi que era de carne.
Seu caráter singular e acolhedor.
Dos que procuravam com alarde.
Sua integridade e seus conselhos.
Habitam, germinam em mim tristonho.
Não viveste para veres o teu espelho.
Moldado em teus ensinamentos, nunca enfadonho.
A partida para o criador divino.
Nos levou um homem zeloso e amoroso.
Hoje, por certo, está no paraíso e rindo.
E eu, ainda triste, espero nosso encontro glorioso.
(Ao meu querido pai João Batista Aguiar Filho, o imorredouro pesar e a manifesta nostalgia pelos nossos momentos vividos).
Zinah Alexandrino
Meu pai disse adeus...
Livrou-se do cansaço dos anos
E da sua consciência abstrata.
Semeou o bem, não plantou desenganos.
Mas sua imagem ficou:
Na memória da estante da sala,
Onde está seu tesouro:
Os livros que tanto citou;
Hoje seu maior legado,
Que uma traça banqueteou.
Ficou na memória da quina da mesa,
Na cadeira do canto da varanda,
Nós retos caminhos que trilhou
E nas horas da minha saudade.
Meu pai disse adeus...
E eu, aceno chorando!
J. Udine
Texto de São Tomás de Aquino:
Somos de vidro, também de pedra, água e areia...
Viajantes do tempo. O remetente e o destinatário.
Tudo que jogamos contra o vento vem ao nosso encontro. Somos o próprio reflexo que vemos no espelho e além dele. Somos a vida e a morte. O tudo e também o nada. Somos idealizadores. Sonhadores. Propagadores. Feitos de inocência num mundo de regras. Maldosos ou bondosos - no tempo exato...
Ora oferecemos riscos, ora somos a mais perfeita das ternuras. O ponto de encontro está em cada um de nós. Encontrar-se é o desafio. Entender-se sagrado é o caminho. Enxergar além de: é o que falta. Permitir-se acolher o irmão e entender que ele é tão frágil e tão forte como nós é a meta. Que ninguém é melhor do que ninguém. No final das contas somos pó...
Nem sempre intactos. Nem sempre puros...
O importante é buscar, olhar para dentro de si e observar que o mundo é benção, que somos filhos da Graça - temos a divindade dentro de nós...
"Sejamos gratos às pessoas que nos proporcionam felicidade, são elas os adoráveis jardineiros que nos fazem florir a alma."
Gilda Freitas
Hoje afundei-me no álbum de fotografia que estava jogado no fundo de uma gaveta.
E lá estava de corpo inteiro a história de uma família, de uma casa situada numa cidade provinciana e o retrato do meu pai sorrindo para mim.
Aquilo me tocou profundamente atingindo as profundezas da minha alma. A morte prematura do meu pai deixou um nó em minha alma, amarrando-a, e cada dia esse nó mais apertado fica. Um desafio que me impõe a viver com as saudades das minhas fantasias infantis, com as migalhas e retalhos de uma reminiscência feliz.
Como eu gostaria de viajar para outras além-terras e encontrar entes queridos que não estão mais aqui. Porém, são coisas que não acontecem porque são grandes demais para um só acontecimento. Com certeza, meu pai ficaria emocionado com esse encontro
O próprio fato de existir contém uma certa ironia, um engano, revestido de formas para fingir, divertir-se e brincar de eternidade. E era como eu pensava. Meu pai era o meu porto seguro, meu eterno perfume, jamais iria me faltar. Ele sempre estaria andando por entre os vales de cheiro selvagem, por entre as ruas ensolaradas, sobre as nuvens coloridas, em paisagens de lagos e de maciças montanhas, abrindo as janelas para escutar um coral de gotas de chuva num silêncio noturno. Eu o escutava e ele me ouvia.
Muitas vezes sentávamos silenciosos para admirar as extravagâncias da noite. E as nossas almas andavam livres naquele silêncio que nos falava do seu próprio perfume. Como ele, eu adorava desvendar os segredos noturnos. A janela do meu quarto abria-se para uma noite imensa e negra. Às vezes passeavam anjos escuros e ruivos, voando naquelas insonoras trincheiras. Eu via mais uma noite sem grito de cólera nas ruas. Quando a chuva miúda caía, encharcava as calçadas e fazia pequenos ruídos ao correr pelo chão. E a noite crescia com o vento que lhe assanhava entre sombras e barracas de feira agitadas pela ventania do outono...
Ubiratan Aguiar
Lembro a infância com saudade
Na construção de meu templo
Evocando passos de ansiedade
No alicerce da vida, exemplo
O tempo corre e se esvai
Logo chega a maternidade
O sonho conhece e verdade
Nas lições eternas do PAI
Diante de tantos intelectuais
Escrevo com tintas, cores
Lembrando dos amores
Que nos levam a ser PAIS.
Jackson Albuquerque
Ser pai é ser filho,
Imitando e seguindo seus pais.
Afinal eles só desejam o nosso bem.
Ser pai é ser criança.
Viver e aprender coisas boas e novas.
Assim ajuda a crescer.
Ser pai é ser mãe,
tudo fazer com amor incondicional.
Eles serão adultos.
Ser pai é ser amigo,
que apoia e ajuda os amigos sem um pai.
Eles serão beneficiados com gratidão.
Ser pai é ser irmão,
pois um irmão mais velho tem experiência.
Desta maneira achará a paternidade.
Ser pai é ser avô,
mostrando aos filhos os bons exemplos.
Cedo os filhos terão maturidade.
Ser pai é ser companheiro,
ajudando a esposa nas tarefas domésticas.
Assim o casal será mais feliz.
Ser pai é ser pai,
ensinando aos filhos o bom caminho.
Assim será obtida a felicidade.
Ser pai é ser professor,
cultivando a sabedoria e suas experiências,
em busca de um mundo melhor.
Ser pai é ser como Cristo,
mostrando e praticando seus ensinamentos a todos.
Desta forma você conquista as bênçãos de Deus.
Rita Guedes
Neste dia aos pais consagrados,
Emana do meu âmago toda saudade.
Reverencio teus ensinamentos, pai.
Toda trajetória de vida ao teu lado.
Numa retrospectiva, rastros de amor
Integridade, exemplo de vida, dignidade,
Iluminam os caminhos percorridos, por ti, Bem adubados e com esmero cultivados.
Permeia entre nuvens meus pensamentos,
Vivenciando um passado presente,
Ao longo dos anos, desde que fizestes a passagem..
Meu poeta maior, sublime é teu legado.
Deixaste em minha alma de poeta,
O real sentido de vida, a sensibilidade.
Sublimes momentos contigo vivenciados.
Hoje colho os frutos benéficos por ti plantados.
A essência do amor, e espiritualidade!
Em oblação a Deus agradeço por ter me presenteado
Com um pai amoroso, fecundo de qualidades!
Pai, neste dia especial, na celestial morada de Deus onde habitas,
Possa chegar a ti o eco dos meus gritos,
De gratidão, de amor e de saudades!
Pais-ninhos, filhos-pássaros
Ana Caroline Leite de Aguiar
Bem sabem amar os pássaros:
Com zeloso afeto, entrelaçam seus ninhos;
Com amorosa paciência, fazem-nos firmes
E, com o calor de dentro, aquecem-nos.
Aí, em constância, ativam suas asas
Para os mais bonitos voos;
Não importa quão altos os sejam,
Nem que lonjuras atinjam,
Tampouco as metamorfoses que sofram as penas,
Porquanto, no bico,
Carregam o doce gosto do pouso macio
Nos ninhos cuidados que, embaixo, deixaram.
É no sabor que agrada o tato e a alma
Que mora a certeza do retorno.
Vinícius, por certo, conheceu homens-pássaros,
Depois do que poemou:
“[...] o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz
E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais”.
Aquiesço, uma vez que voo(u)
E, com asas polidas e ninhos amados,
Felicito-me no coro com Quintana:
“Eles passarão, eu passarinho”.
V(o)amos e voltamos!
Vicente Alencar
Ao lado da mulher amada surge o Pai,
Ambos são responsáveis pela vida de um novo ser.
Os dois se completam, homem e mulher. Pai e Mãe.
O Pai surge com todo o seu vigor,
descobrindo um novo mundo com amor.
Nas comemorações do Dia do Papai,
todos ganham.
O filho, a mulher e o Pai
que sente nascer e crescer sua família,
numa felicidade completa.
Ao Papai todas as alegrias da vida,
pois, se sente premiado por Deus
e bafejado pela sorte.
Ao Papai são reservadas grandes emoções,
surpresas,
vitórias.
As graças são construídas dia a dia,
esforço a esforço, criando e desenvolvendo
a família, que é a razão de ser de sua vida.
O Papai sempre coloca a família
em primeiro plano e, encontra-se com si mesmo.
A alegria de viver, a alegria de amar,
lhe proporciona a alegria de ser Papai.
Sérgio Macedo
Posso chama-lo de “você”, “tu”
Ou “senhor”,
Nada disso importa,
Em seu lugar, vale o respeito.
Sobe montes, desce vales,
Senta na pedra, pensa,
Dispensa senões,
Deita no chão, à praia,
Caçando cometas com os filhotes,
Caminha na praia, ao sol, catando brilhantes na areia.
E quantos cometas ou estrelas passarão,
Até que quando adultos,
Os filhos farão o mesmo com seus netos?
E os brilhantes encontrados?
Quantos deles estarão olhos, por pais lapidados,
A ver o mundo? Dissociado em suas diversas matizes?
E essa multiplicidade de medos a lhes ocorrer no cotidiano?
O que será? Como foi?
Como fiz?
E a se saber e dizer dos fantasmas,
Rondando permanentemente seus caminhos?
Os percalços e os pés descalços na estrada pedregosa?
O pai não é semeador que planta e se retira,
Mas quem cuida com carinho e protege,
E alimenta, e limpa, e desenvolve, e entrega ao mundo o gerado.
“O pai, o bom pai, começa a educar seus rebentos,
Quarenta anos antes de seu nascimento,
Sendo, devendo ser, também educado por seus pais (N. Bonaparte)”.
À boa paternidade, é inerente uma certa ausência,
Posto que, criar e deixar desenvolver,
Implica em nutrir, cobrir, ensinar com exemplos,
Sobretudo trabalhar, o que causa ausência
As vezes sensação de culpa.
É esse, um bom pai ausente.
From Heaven
Meu pai - um mago da imaginação
Seridião Correia Montenegro
Decorridos quase 40 anos desde que perdi meu pai, Mário Holanda Montenegro, é impressionante como consigo guardar lembranças tão vívidas e marcantes dos 36 anos de nossa convivência. Lembro, de forma cristalina, das virtudes que ornavam sua personalidade: era simples, carinhoso, simpático, inteligente, generoso e tolerante. Mas, dentre todas essas qualidades, que despertavam amor e simpatia, uma eu evoco com carinho – a afinidade que tinha com as crianças, a quem reunia todas as noites na calçada da nossa casa, para brincar, fazer mágicas e contar histórias, de desenlaces quase sempre impossíveis, até o surgimento do herói, “ele próprio”, que, com habilidade e engenho, encontrava um fantástico e inesperado desfecho em sua narração, fazendo despontar no rosto da criançada, apreensiva e descrente de uma saída possível para o caso, sorrisos de satisfação, alegria e vibração. E o herói era aclamado, com vivas e pedidos de novas histórias, empolgantes como aquela. Hoje, a lembrança desse meu herói permanece viva no meu coração e me inspira. Sempre que escrevo contos, a minha fonte de inspiração é meu pai, o intrépido herói do produto criativo da minha fecunda imaginação.