Hoje o Ceará é um dos centros de conexão de voos do Brasil com o Exterior. Esse status é gatilho para outros investimentos no Estado. Logicamente, há uma dependência do cenário econômico nacional, mas o setor de aviação é importante eixo de crescimento.
No ano passado, já com a operação da nova concessionária do Aeroporto de Fortaleza em atuação, a Fraport, desde janeiro de 2018, e o hub da Air France-KLM/Gol, desde maio do mesmo ano, foram 85% mais voos internacionais ante 2017. O maior salto registrado entre as capitais brasileiras.
A aviação regional também viu resultados. As negociações para voar para os aeroportos do Interior se intensificaram. Jericoacoara passou a ter mais investimentos. Aracati ganhou o olhar do empresariado e hoje inaugura voo da Azul, vindo de Recife.
E é neste contexto dos rumos do Estado a partir do desenvolvimento dos voos que O POVO apresenta o projeto transmídia Aviação Ceará em forma de caderno impresso, webdoc, site especial, entrevistas, matéria na rádio O POVO CBN, live e debate. Os conteúdos das plataformas se complementam, trazendo novas visões sobre o segmento aéreo no Ceará e as expectativas de futuro.
Um ano de concessão da alemã Fraport e do hub do Grupo Air France-KLM com a Gol no Aeroporto de Fortaleza. O terminal já está de cara nova. São novas instalações, mais voos e também desafios
A geografia privilegiada faz do Ceará um atrativo para as operações aéreas. Mas somente isso não basta. Foi preciso ir buscar investimentos e oferecer incentivos. No início de 2018, a Fraport assumia o Aeroporto Internacional Pinto Martins. Quatro meses depois, era inaugurado o centro de distribuição internacional de voos (hub) da Air France-KLM em parceria com a Gol.
As iniciativas têm continuidade e planejamento. Novos voos e um novo terminal aeroportuário são aguardados. A expansão do Fortaleza Airport chegou a 52% de obras concluídas em janeiro e deve ser finalizada em maio de 2020. Para a realização das fases 1B e C, são investidos R$ 1 bilhão, contemplando a contratação do consórcio, a compra de equipamentos, o desenvolvimento e a gestão do projeto.
Hoje, quem passa pelo Aeroporto de Fortaleza já percebe mudanças. O acesso de carro ficou mais fácil e rápido aos portões de embarque, houve melhoria na conexão de internet e a sinalização é efetiva. Mas novidade mesmo vem no fim deste semestre, quando a primeira parte da expansão será aberta e integrada. Assim, os balcões e totens de check-in doméstico e internacional serão realocados no novo edifício. Os passageiros de voos internacionais devem experienciar mais espaço e conforto nas áreas de embarque e desembarque.
Os ganhos são prometidos também em tamanho, iluminação e segurança. Desde banheiros maiores à oferta de lojas e restaurantes. Estará no patamar dos bons aeroportos regionais da Europa e Estados Unidos, por exemplo, conforme projetou Andreea Pal, presidente da Fraport Brasil.
"Nos desculpamos pelos transtornos. O impacto de ruído e pó é inevitável, mas esperamos que todo mundo entenda que isso é necessário para termos um aeroporto a nível internacional. O aeroporto é a primeira cara do País e trabalhamos para oferecer o mais bonito possível", disse.
Tapumes, sons de máquinas e operários para todo lado anunciam o horizonte de melhorias. "Mas nem parece que está em obras. Quando chegamos, tinha uma pessoa orientando, além das placas indicativas. Não atrapalhou em nada", relatou a funcionária pública Keliane Carvalho, que estava acompanhada do marido, Rafael, esperando voo para Manaus (AM), após estada de dez dias em Fortaleza.
Kelme Tavares, auditor independente, esperava voo para Teresina (PI). Veio do Rio de Janeiro ao Ceará a trabalho, pela primeira vez. "Acostumado com terminais de maior porte, achei o aeroporto pequeno. Mas fiquei satisfeito em ver que há um processo de ampliação".
Além de estar previsto no edital de concessão, esta necessidade de expansão vem com a demanda. Em 2018, por exemplo, o Fortaleza Airport experienciou recorde no fluxo de passageiros: variação positiva de 11,5% em comparação ao ano anterior, com 6.614.227 embarques e desembarques de usuários.
O resultado foi acima até dos 6,5 milhões de 2014 - ano em que o Brasil sediou a Copa do Mundo de Futebol. Em percentuais de variação anual, o número é o melhor desde 2010 (20,4% mais pessoas que 2009). No levantamento, são consideradas as quantidades de passageiros vindos de chegadas, partidas e conexões. A projeção da Fraport é que até o fim da concessão, em 2047, o equipamento receba mais de 29,2 milhões de pessoas por ano.
É do interesse da operadora manter bom número de operações e atrair novos voos. E, para ser um terminal atrativo às companhias aéreas e, consequentemente, ao público internacional, devem ser percebidas iniciativas de agilidade para o transfer, salas de espera confortáveis, e salas VIP, o que vai fazer o tempo das conexões "mais agradável", como elencou Andreea Pal. "Nossa meta é assegurar que a infraestrutura seja desenvolvida a tempo e garantir as necessidades das companhias aéreas, com mais automatização e segurança", complementou.
O hub da Air France-KLM/Gol já é um dos motivos de maior fluxo na Capital cearense. Pela força do turismo, o grupo franco-holandês espera consolidação. "Neste ano, vemos que a economia brasileira começa a se recuperar. Nossas expectativas, então, são de maior crescimento no tráfego regional, dentro do Brasil e da América do Sul e, claro, que isso se estenda à Europa. Estamos bem otimistas", avaliou Seth van Straten, diretor comercial da Air France-KLM na América do Sul.
A operação da AFKL se consolidará diária a partir de 2 de abril de 2019, com mais um voo vindo de Amsterdã - somando-se a quatro frequências. Atualmente, além destes, há três voos de Paris, às quartas, sextas e domingos.
NÚMEROS DO TERMINAL
6,6 milhões de embarques e desembarques fizeram o recorde de fluxo de passageiros em Fortaleza, no primeiro ano de administração da Fraport
29,2 milhões de pessoas por ano é a projeção de público da Fraport até o fim da concessão do Aeroporto de Fortaleza, em 2047. Deve ser a época na qual o aeroporto perceberá saturação, de acordo com fontes do setor
1 bilhão de reais são investidos em custos de construção, projetos, soluções de TI e segurança e novo sistema de bagagem com tomógrafo
O QUE A FRAPORT DIZ
“Estamos muito contentes com as metas alcançadas em 2018. Início das operações e retomada das obras sem problemas; recorde de movimentação de passageiros. As receitas das atividades comerciais como lojas e restaurantes ficaram abaixo das expectativas, todavia, o lucro deve permanecer negativo até 2027, aproximadamente”, explicou Andreea Pal, presidente da Fraport Brasil, acrescentando que 80% das receitas da operadora do terminal vêm dos movimentos aeronáuticos, como embarques, pousos, decolagens e estacionamento dos aviões. O restante vem de aluguel de lojas, estacionamento de carros, terminal de cargas, dentre outras operações.
OS SETORES TAMBÉM GANHAM
O mercado aéreo vai além do transporte de passageiros. Produtos chegam e saem do Ceará por meio do Aeroporto de Fortaleza. Mas, para um crescimento efetivo, é preciso que os modais logísticos se interliguem
Para aproveitar o potencial máximo do mercado de cargas na aviação, que impacta na balança comercial do Ceará, é necessário que haja uma interligação de modais. A exportação e importação de produtos precisam contar também com uma logística interna bem resolvida. Em 2018, passaram pelo Aeroporto Internacional Pinto Martins, gerido pela concessionária alemã Fraport, 620 toneladas de cargas, em média, por mês.
Principalmente os transportes navais e ferroviários devem se somar à nova realidade aérea, já que as estradas já concentram boa parte do trânsito de cargas. Mas ainda há impasses, como a não resolvida Transnordestina, obra iniciada em 2006, que está parada devido a entraves financeiros.
Por outro lado, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) se desenvolve em parceria com a Port of Rotterdam, administradora do Porto de Roterdã. Assim, as mercadorias deslocadas pelos céus contam com o crescimento via mar no Ceará. Hoje com 17 milhões de toneladas de cargas movimentadas por ano, a expectativa para o Porto é chegar a 45 milhões de toneladas até 2030.
Se essa visão se concretizar, a projeção é de avanços para diversos setores da economia cearense, conforme Maia Júnior, secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), com base no plano de longo prazo Ceará 2050. "Buscamos animar a economia atraindo investimentos para plataformas de tecnologia, inovação, conteúdo, telecomunicações, indústrias de base. Hoje, há condições favoráveis para a gente avançar e queremos que o empresariado encontre ambiente adequado para fazer negócio. Inclusive, a exportação. O investimento público atrai o privado", disse.
Os setores têxtil, calçadista, varejista, agropecuário e a indústria do trigo são os mais beneficiados. "Estamos desenvolvendo políticas para atrair investimentos de rede e fazer do Ceará um portal para ancorar avanços, integrando com as rotas internacionais. Vamos fortalecer a agricultura familiar, o mercado do camarão e lagosta e estimular novas economias, como nas áreas da saúde, turismo e economia criativa. É o que vai gerar riquezas", complementou.
HOTÉIS PREVISTOS
1. Complexo Bonelli em Jericoacoara
Situação: Terreno adquirido. Previsão de inauguração em 2021
Valor do investimento: R$ 30 milhões
2. Casana Boutique hotel na vila do Preá
Situação: previsão de inauguração segundo semestre 2019
Valor do investimento: não divulgado
3. Complexo Bonelli em Caucaia
Situação: Previsão de inauguração em quatro anos
Valor do investimento: R$ 40 milhões
4. Hard Rock Hotel Fortaleza na Praia da Lagoinha
Situação: Previsão de inauguração em dezembro de 2020
Valor do investimento: R$ 170 milhões
5. Complexo turístico do Beach Park em Aquiraz
Situação: Projeto de seis etapas a ser concluído em 15 anos. A primeira etapa, que inclui um resort e um parque, começa este ano e tem previsão de inauguração em 2021
Valor do investimento: R$ 1,6 bilhão
6. Carmel Taíba Exclusive Resort
Situação: Inauguração para o segundo semestre deste ano
Valor do investimento: não divulgado
7. The Coral no Trairi
Situação: Previsão de entrega em 2021
Valor do investimento: US$ 150 milhões
8. Complexo turístico-hoteleiro Dunas do Paracuru
Situação: Em planejamento
Valor do investimento: R$ 668,5 milhões
O EMBARQUE DAS CARGAS
O mercado aéreo vai além do transporte de passageiros. Produtos chegam e saem do Ceará por meio do Aeroporto de Fortaleza. Mas, para um crescimento efetivo, é preciso que os modais logísticos se interliguem
Para aproveitar o potencial máximo do mercado da aviação, que impacta na balança comercial do Ceará, é necessário que haja uma interligação de modais. A exportação e importação de produtos, tendo como ponto de partida e chegada o Estado, precisam contar também com uma logística interna bem resolvida. Em um mês, chegam a passar pelo Aeroporto Internacional Pinto Martins, gerido pela concessionária alemã Fraport, mais de 4 milhões de cargas.
Principalmente os transportes navais e ferroviários devem se somar à nova realidade aérea, já que as estradas já concentram boa parte do trânsito de cargas. Mas ainda há impasses, como a não resolvida Transnordestina, obra iniciada em 2006, que está parada devido a entraves financeiros.
Além dos R$ 6,4 bilhões já aplicados desde o início da construção, serão mais R$ 6,7 bilhões em investimentos para sua conclusão, conforme prevê o projeto de execução da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), controladora da ferrovia. Sem falar na logística rodoviária, que enfrenta problemas com o preço do frete.
Por outro lado, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) está se desenvolvendo em parceria com a Port of Rotterdam, administradora do Porto de Roterdã (Holanda). Assim, as mercadorias deslocadas pelos céus contam com o crescimento via mar no Ceará. Hoje com 17 milhões de toneladas de cargas movimentadas por ano, a expectativa para o Porto é chegar a 45 milhões de toneladas até 2030.
Se essa visão se concretizar, a projeção é de avanços para diversos setores da economia cearense, conforme Maia Júnior, secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), com base no plano de longo prazo Ceará 2050.
“Buscamos animar a economia atraindo investimentos para plataformas de tecnologia, inovação, conteúdo, telecomunicações, indústrias de base. Hoje, há condições favoráveis para a gente avançar e queremos que o empresariado encontre ambiente adequado para fazer negócio. Inclusive, a exportação. O investimento público atrai o investimento privado”, afirma.
Os setores têxtil, calçadista, varejista, agropecuário e a indústria do trigo são os mais beneficiados. “Estamos desenvolvendo políticas para atrair investimentos de rede e fazer do Ceará um portal para ancorar avanços, integrando com as rotas internacionais. Vamos fortalecer a agricultura familiar, o mercado do camarão e lagosta e estimular novas economias, como nas áreas da saúde, turismo e economia criativa. É o que vai gerar riquezas e oportunidades de emprego”, complementa.
A VEZ DAS FLORES
Mercado que cresce mais no Norte e Nordeste do que no Sul do Brasil, o segmento de floricultura é exemplo deste fortalecimento aéreo e deve voltar a todo vapor a partir deste ano. O Grupo Reijers projeta voltar a exportar no fim de 2019, após dez anos. Na década passada, a empresa chegou a comercializar 14 milhões de hastes/ano para o Exterior, mas os altos custos logísticos - demanda antiga - fizeram o produto cearense perder competitividade.
"O frete é um grande custo para exportação, atrapalha-nos muito na questão de ser competitivos com grandes países exportadores, como Quênia, Etiópia, Colômbia e Equador", analisa Roberto Reijers, diretor e proprietário do grupo, que produz, no Ceará, em Ubajara e São Benedito.
Agora, com novos voos regulares ao Exterior, a empresa prevê queda do preço do frete e projeta retomada com um milhão de hastes exportadas. "É fácil conseguir neste ano, já. Com certeza, vamos ter todas as condições. (O hub da Air France-KLM) vai ajudar e muito.
Estamos conversando com as companhias aéreas e eles estão dispostos a conversar. Eles têm muito interesse em exportação de flores, porque é regular, semanalmente. Com a finalização da câmara fria, vamos dobrar a nossa produção, ter outra unidade com mais 50 hectares, integrar 70 produtores e gerar novos mil postos de trabalho. Com demanda, todo mundo cresce", contabiliza Roberto.
Augusto Fernandes, CEO da JM Aduaneira, avalia que essas novas conexões trazidas pelo hub contribuem bastante para a ampliação do comércio internacional. "Além de produtos do mar, frutas e flores, temos projetos de exportação de açaí e importação de chocolates, por exemplo. Isso vai refinando e ampliando o business". Ele ratifica ainda que as novas rotas aproximam os executivos internacionais do mercado cearense e reduzem a distância entre Fortaleza e outros relevantes destinos do mundo.
PANORAMA DO AEROPORTO DE FORTALEZA
O infográfico mostra como o Aeroporto de Fortaleza ficará após as obras, as tecnologias que a Fraport Brasil está aplicando no equipamento e os voos e aeródromos no Ceará.
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PANORAMA DO AEROPORTO DE FORTALEZA
VOOS FUTUROS
DOIS ANOS DA LATAM CARGO
Completados dois anos da inauguração do terminal de cargas em Fortaleza, a Latam Cargo Brasil faz balanço das operações. O investimento superior a R$ 4 milhões possibilitou atuação exclusiva às cargas domésticas, sem intermediários.
A movimentação em voos de/para Fortaleza, em 2018, chegou a mais de 16 mil toneladas, conforme dados da Agência Nacional de Aviação Civil. Entre os produtos mais transportados estão fármacos, perecíveis (flores e alimentos), autopartes, confecções e eletrônicos (celulares e notebooks).
"O novo terminal é o mais moderno da companhia no Nordeste do Brasil", avalia a Latam. A capacidade de movimentação chega a 2 mil toneladas de cargas ao mês - 33% a mais do que o terminal anterior. São usados três cargueiros para as demandas nacionais e os porões de 138 aviões comerciais da Latam Airlines Brasil.
NÚMEROS DA EMPRESA
1.687 m² é a área total do terminal da Latam Cargo em Fortaleza
R$ 4,1 milhões foram investidos
138 aviões comerciais e 3 cargueiros operam
O CEARÁ NA ROTA INTERNACIONAL
Mantida à frente do Instituto Brasileiro do Turismo (Embratur) pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), Teté Bezerra acumula experiência técnica e ampla compreensão da área. Ela aborda os desafios e as promessas para um Ceará mais "agressivo" na busca por seu lugar nas rotas turísticas internacionais
O POVO: Como a Embratur enxerga o Ceará enquanto destino?
Teté Bezerra: Para nós, o Ceará tem uma importância vital para o turismo interno e também tem se tornado um destino de turismo internacional. Pela própria disposição geográfica - muito perto da América do Norte e do mercado europeu, que também tem uma forte atração pelos destinos turísticos brasileiros. Além das belezas naturais, gastronomia e cultura local, que fazem com que o Estado ocupe essa posição privilegiada. Tudo isso é importante na construção de um destino turístico. O turismo interno brasileiro é muito forte, mas o turista internacional gasta mais. E, ultimamente, o Ceará tem sido bastante agressivo na captação de voos internacionais e paradas de cruzeiros, possibilitando que o turista entre no Brasil através de Fortaleza e, com isso, desloque-se para outros estados ou mesmo para conhecer internamente o Ceará.
OP: O turista que vem ao Norte e Nordeste do Brasil encontra serviços e atendimento qualificados no nível de destinos consolidados internacionalmente?
Teté: Com a realização dos grandes eventos esportivos que aconteceram entre 2014 e 2016 (Copa do Mundo e Jogos Olímpicos), houve um esforço geral para ofertar ao trabalhador essa possibilidade de se qualificar para o trabalho de turismo. Então a realidade foi alavancada, já melhorou, mas não é a ideal. Nós temos muito o que avançar ainda. Pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no ano passado mostrou que mais de 40% da mão de obra desempregada gostaria de fazer cursos, de se requalificar. Sabemos que, cada vez mais, o mercado exige uma qualificação mais específica. Então, tem que melhorar para a nossa população. Estando melhor para o cidadão brasileiro, vai estar melhor para receber o turista internacional.
OP: A operação turística recebe feedback em relação à violência e insegurança em destinos como o Ceará? O turista considera essa questão ao escolher um destino?
Teté: Pesquisa mostra que essa questão da segurança acaba impactando o turismo internacional. Quando o turista volta ao seu país, é perguntado sobre os pontos negativos da sua viagem ao Brasil. A segurança pública acaba ficando em quarto lugar. Outras situações são mais consideradas, por exemplo, cidades do interior que, muitas vezes, não têm internet Wi-Fi disponível em todo o lugar. Lógico que Ceará e Rio de Janeiro não são a regra, mas está na pauta do Governo Federal e do presidente Bolsonaro de enfrentar e mudar nosso País para um ambiente seguro.
OP: Falando de políticas públicas, empresários reclamam da dificuldade para se manter. Alguns negócios, que atraíam e tinham boa estrutura para receber turistas, acabaram fechando. Como a burocracia pode ser flexibilizada para manter os empreendimentos e estimular a criação de novos?
Teté: Na reforma trabalhista, sancionada no governo anterior, foi prevista a regulamentação de trabalhos intermitentes. Uma posição da própria Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) é que isto melhora a contratação no setor e flexibiliza essas questões. O presidente Bolsonaro tem afirmado que pretende melhorar o ambiente de negócios. Temos mesmo um peso, uma sobrecarga de impostos e taxas, alguns deles não federais ou estaduais, mas municipais. A legislação brasileira permite que isso aconteça, mas, se o governo estimula, orienta e sinaliza isso aos estados, acaba erguendo o setor.
OP: A senhora tem afirmado que a medida provisória que liberou até 100% de capital estrangeiro nas empresas aéreas é uma estratégia importante para o desenvolvimento do turismo no País. É promessa também para a exploração da atividade a nível regional?
Teté: Muito. O País é extenso territorialmente e temos municípios distantes mais de 400 km da capital. Esses voos regionais fortalecem as relações comerciais (cargas) e aviação civil. Temos empresas com perfis distintos e vejo que a abertura do capital é relevante para o turismo interno e para a população brasileira. E as privatizações dos aeroportos do interior são uma tendência nacional. O Governo de São Paulo anunciou redução do ICMS no combustível aéreo e os aeroportos do interior de São Paulo devem ser privatizados. É um ganho para a população dessa região, para a eficiência dos transportes. Voos regionais têm que ser cada vez mais estimulados. A aviação tem grande transformação no País e podemos ver isso acontecendo nos aeroportos menores também, não só nos grandes.
UM STOP EM FORTALEZA
O stopover é atrativo a mais para os viajantes. Para o Governo do Estado é expectativa para alavancar o turismo do Ceará
Uma das armas do sucesso da TAP é o stopover em Lisboa ou Porto. A companhia aérea projeta o formato para Fortaleza ainda neste semestre. A conexão mais extensa permite aproveitar alguns dias na cidade de parada do voo antes de o passageiro seguir ao destino final. Ele economiza em passagens, conhece um destino a mais e ainda recebe vantagens junto a parceiros. A carteira ainda está em negociação na Capital cearense. Em Lisboa, são 150 associados.
Desde junho do ano passado, a Air France-KLM (AFKL) já possibilita aos turistas que vêm de Belém, Manaus, Natal, Recife e Salvador, com destino à França ou Amsterdã, selecionar gratuitamente o stopover em Fortaleza. A modalidade é permitida tanto na ida quanto na volta. Não há limite de dias no destino de parada, desde que respeitada a estada máxima no tempo total da viagem, com base nas condições tarifárias. Também fica mantida a mesma franquia de bagagem durante toda a viagem.
Neste mês, as diretorias da TAP e da AFKL estiveram em Fortaleza para reunião com o Governo do Estado e parceiros como o Beach Park. A ideia é dinamizar a viagem, agregando experiências. Ao Executivo, coube apresentar uma carteira de parceiros da hotelaria em Fortaleza, Porto das Dunas (Aquiraz) e Cumbuco (Caucaia).
"Um cliente de Manaus que vai para Paris pode passar alguns dias em Fortaleza sem custo adicional de tarifa. Queremos agora aprimorar o conteúdo da oferta, oferecendo descontos em hotéis, parques", exemplificou o diretor geral da AFKL na América do Sul, Jean-Marc Pouchol.
Fortalecer o destino, expandir a clientela corporativa, alinhar as rotas cearenses com voos para os países asiáticos e programa de milhas aliado à Gol estão entre as estratégias da AFKL. A data para a implementação das parcerias ainda depende de consolidação.
O diretor geral da TAP no Brasil, Mário Carvalho, conta que os benefícios do passageiro do stopover em Portugal vão de entradas gratuitas em museus a garrafas de vinho em restaurantes associados. "Queremos replicar essa experiência bem-sucedida no Brasil. Vai depender do trade local". Ele sugere maior promoção turística dos destinos cearenses como parte da consolidação do programa, para atrair turistas internacionais.
"Estamos caminhando para 21 anos ininterruptos de operações em Fortaleza. A gente assume o compromisso de estar constantemente investindo. Exemplo disso é a chegada das novas aeronaves (Airbus A330neo) no Brasil e, no segundo semestre, o A321 neo Long Range", acrescenta Francisco Guarisa, diretor de Marketing da TAP no Brasil.
MAIS VOOS PARA O INTERIOR
O crescimento da aviação diminui distâncias entre as cidades do interior para capitais e destinos tur�sticos, e estimula o desenvolvimento regional
Os voos internacionais trouxeram mais turistas e impulsionaram a movimentação doméstica, enquanto a adequação e exploração dos aeroportos regionais aproximaram as distâncias com as capitais. No interior do Ceará, fora o de Fortaleza, são 12 aeródromos e os aeroportos que levam a Jijoca de Jericoacoara e Canoa Quebrada se destacam, de acordo com o Panorama Socioeconômico das Regiões de Planejamento do Estado, publicação do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).
O trabalho de desenvolver é lento, mas se espera que traga efeitos. O Ministério dos Transportes calcula que o Ceará deve ter 72% mais passageiros em 2037, em comparação com 2017, contabilizados os terminais da Capital e Interior.
"Europeus ainda estão descobrindo Jericoacoara e Cumbuco, por exemplo. Há muito potencial e é nossa ambição prover mais esses destinos", diz, otimista, Seth van Straten, diretor comercial da Air France-KLM para a América do Sul.
Assim como Aracati, que inaugura hoje operação da Azul, parte dos aeródromos já deveria ter voos comerciais neste ano. Era previsto início de rota entre Fortaleza e Iguatu em maio, em cogitada parceria da Two Flex com a Gol, mas há atraso. De acordo com o Departamento Estadual de Rodovias do Ceará (DER), que administra os equipamentos, ainda são preparados os aeródromos de Tauá e Campos Sales.
Os terminais regionais aquecem a economia das regiões nas quais estão localizados. "O aeroporto não é de Jericoacoara, é regional. Temos que abastecer de gente toda aquela região, não um destino único. Nosso trabalho é para fortalecer a região como um todo a partir do acesso facilitado pelos aeroportos", destaca Arialdo Pinho, secretário do Turismo do Ceará.
Ele avalia que Camocim, aeródromo desde 2011, tem potencial, mas não tem hospedagem suficiente. "Bitupitá, que poucos cearenses conhecem, tem sido muito procurada. A mesma coisa no Litoral Leste, com o aeroporto de Aracati, que tem uma outra conotação, até por ser perto de Fortaleza", complementa Arialdo, mencionando que mercado, estrutura e competitividade formam a receita para atração das cadeias hoteleiras internacionais e construção dos destinos que vão ampliar o portfólio cearense hábil para receber turistas.
Dentre os equipamentos, o Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes, em Juazeiro do Norte, teve 563.548 movimentações no ano passado, um recorde. O terminal administrado pela Infraero será privatizado em leilão marcado para o dia 15 de março. O lance inicial é de R$ 171 milhões, para concessão de 30 anos.
VOOS NACIONAIS
AS CONCESSÕES IMPULSIONAM
Dado do Estudo de Competitividade do Fórum Econômico Mundial, defendido pelo Ministério do Turismo, ajuda a ilustrar a importância das concessões de aeroportos. De 2011 para 2017, o Brasil registrou um salto de 53 posições no quesito "Qualidade da infraestrutura aeroportuária", passando da 93ª colocação para a 40ª. "Mais conectividade significa mais movimentação turística e mais geração de emprego", informa o MTur.
Neste contexto, os terminais de Aracati e Jericoacoara devem ser privatizados, mas não há previsão de datas. Por sua vez, a região Norte do Estado tem projetos mais consistentes. Está sendo estudada na Setur a implantação de frequências regulares, em aviões de 12 lugares:
Fortaleza/ São Benedito/Crateús/Fortaleza (3 voos semanais)
O Aeroporto Internacional Pinto Martins, popularmente chamado de Aeroporto Velho de Fortaleza, permaneceu com o nome oficial e com a aura dos tempos de novidade. Até 1998, era o terminal oficial de passageiros. Hoje Terminal de Aviação Geral (TAG), opera aviação de pequeno porte, executiva e táxi aéreo. Apesar de também ser administrado pela Fraport, virou o primo distante, com infraestrutura desatualizada e demanda aquém da desejada.
Os projetos para o TAG devem ficar para depois, mas as empresas continuam apostando nas operações regionais. O sonho é voltar a ter rotas regulares e popularizar a modalidade. Já houve alívio na alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para o querosene da aviação, o que representa 45% dos custos da operação.
"A redução no conjunto tributário pode significar oferecer um preço melhor ao usuário", diz André Lima, CEO da Easy Táxi Aéreo. Já para as grandes, conforme a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), o combustível equivale a cerca de 30% dos custos.
Experiente na área, ele detalha que o volume de voos e passageiros das rotas comerciais nacionais e internacionais atraem demanda à aviação geral. "Estamos acompanhando esse ritmo, com um pouco de delay. Diferentemente da aviação comercial, que oferta assentos, a geral se desenvolve a partir do volume de transações. A combinação de investimentos, o cenário macroeconômico e os bons indicadores de consumo dão confiança para seguirmos", avalia.
Junto à atividade "aeromédica", André projeta alta de 50% no número de voos, principalmente às praias do Estado. Investimentos da empresa voltados à segurança e publicidade devem atrair clientela turística, mostrando que a aviação executiva pode custar bem menos do que se imagina.
O NOVO DESENHO
Nova estrutura: Feita de vidro e com absorção de luz, a nova área do Pinto Martins trará novos portões e áreas de embarque e desembarque de passageiros.
Desembarque: Com expectativa de aumentar em até quatro vezes o fluxo de passageiros do Pinto Martins, o novo setor do aeroporto contará com área nova para desembarque de passageiros para voos domésticos e internacionais.
Saguão de embarque: Orçada em R$ 800 milhões, a nova área do Pinto Martins terá também nova área para embarque de voos domésticos e internacionais, com um novo sistema de despache de bagagens.
Ponte extra internacional: Além dos portões B e C para voos internacionais, será instalada nova ponte para esses destinos na reforma do Pinto Martins. Com a ampliação, a expectativa é que o número de voos internacionais chegue a até 50 por semana.
área de transição: Espaço de junção onde o atual terminal de passageiros do Pinto Martins fará conexão com as novas instalações do aeroporto.
Design: Segundo engenheiros responsáveis pela obra, estrutura da nova área já foi pensada para comportar necessidades de ventilação do espaço.
Novos portões: Nova estrutura do aeroporto inclui novo corredor de portões de embarque, com até nove acessos para embarque e desembarque de passageiros