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Primeira Infância em pauta

Os desafios para o desenvolvimento saudável em épocas de pandemia

por O POVO em 26 de fevereiro de 2021
EDITORIAL

Sobre

Por O POVO

Especialistas no tema debaterão o estado físico e emocional de crianças de até 6 anos em tempos de isolamento social

Investir no desenvolvimento da primeira infância é um dos desafios de toda sociedade que pretende ser próspera e saudável. É nesse período que relações e vínculos afetivos se estabelecem mais fortemente. Para discutir os impactos da pandemia provocada pela covid-19 nas crianças com até 6 anos de idade, O POVO lança o projeto “Primeira Infância em pauta: os desafios para o desenvolvimento saudável em épocas de pandemia”.

A fim de debater o assunto, O POVO promoverá, no próximo dia 26, um seminário digital sobre a questão, com especialistas que tratarão do tema em três painéis. O webinar ocorrerá a partir das 18 horas e será aberto ao público, que deve fazer inscrição prévia. A jornalista Daniela Nogueira será a mediadora. Educadores, professores, gestores públicos e demais profissionais que trabalham com o tema, além de mães e pais, são convidados a participar.

O painel 1, com o tema “Cuidados parentais em época de pandemia”, terá como palestrante a psicóloga Elisa Raquel Altafim. O tópico do painel 2 será “Múltiplas faces do estresse causado pelo isolamento e suas consequências no desenvolvimento infantil”, e a palestrante será a professora Maria Beatriz Martins Linhares. O painel que encerrará o webinar abordará “Pandemia e os impactos sobre educação na primeira infância” e a professora Beatriz Abuchaim será a palestrante.

LEIA MAIS:

O que você precisa saber sobre cuidados parentais na pandemia

Quais as consequências do estresse para o desenvolvimento infantil?

Quais são as possibilidades para a educação na pandemia?

Cartão Mais Infância: segurança financeira a crianças de 70 mil famílias no Ceará reforçada durante a pandemia

Programação

Por O POVO

Painel 1 – Cuidados parentais em época de pandemia

Palestrante – Elisa Rachel Altafim
É psicóloga, pesquisadora e orientadora no Programa de Pós-Graduação em Saúde Mental da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP. Consultora da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, nas áreas de parentalidade e desenvolvimento da criança.
Moderadora – Márcia Machado
É enfermeira, professora associada do Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFC e pós-doutora pela Harvard School of Public Health. É cientista-chefe da Funcap.

Painel 2 – Múltiplas faces do estresse causado pelo isolamento e suas consequências no desenvolvimento infantil

Palestrante – Maria Beatriz Martins Linhares
É professora associada sênior no Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP. É membro do Comitê Científico do Núcleo de Ciência pela Infância e pesquisadora do Centro Brasileiro de Pesquisa Aplicada à Primeira Infância.

Moderador – Álvaro Madeiro
É professor titular de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenador técnico/científico do Instituto da Primeira Infância (Iprede).

Painel 3 – Pandemia e os impactos sobre educação na primeira infância

Palestrante – Beatriz Abuchaim
É gerente de Conhecimento Aplicado na Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. Tem experiência nas áreas de educação infantil, avaliação, currículo e formação de professores.
Moderadora – Luzia Laffiti
É superintendente do Instituto da Infância (Ifan), com atuação em modelos intersetoriais e tecnologias sociais de inovação para a Primeira Infância e Infâncias das áreas rural e urbana no Nordeste do Brasil, com foco nas principais temáticas: parentalidade-violência doméstica; criança-meio ambiente e natureza e governança da primeira infância.

Palestrantes

Por O POVO

Elisa Rachel Altafim

Elisa Rachel Altafim

Elisa Rachel Altafim (Foto: arquivo pessoal)

É psicóloga, pesquisadora e orientadora no Programa de Pós-Graduação em Saúde Mental da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP (FMRP-USP). É consultora da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, nas áreas de parentalidade e desenvolvimento da criança. Tem Doutorado e Pós-doutorado em Ciências com foco em intervenção preventiva de Saúde Mental na primeira infância e parentalidade pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP- USP). É pesquisadora visitante/com Doutorado Sanduíche na Harvard Graduate School of Education e tem Mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem e Graduação (com formação de psicóloga e licenciatura) pela Universidade Estadual Paulista. Tem formação nos cursos Principles and Practice of Clinical Research (Harvard Medical School) Executive Leadership Program in Early Childhood Development (Harvard Graduate School of Education) e Medical, Teaching & Innovation Program (Fundação Lemman, USP e Instituto Scala). É pesquisadora e desenvolvedora do Programa Fortalecendo Laços (Lapredes-USP), apoiado pelo iLab Primeira Infância, iniciativa do Núcleo Ciência Pela Infância; é pesquisadora e Master Trainer do Programa ACT - Para Educar Crianças em Ambientes Seguros, desenvolvido pela American Psychological Association; e membro do Instituto de Valorização do Ensino e Pesquisa do Estado de São Paulo (IVEPESP). Realiza pesquisas e formações relacionadas à parentalidade, intervenções para fortalecer as relações familiares, prevenção de violência e promoção do desenvolvimento da criança.

Márcia Machado

 

Marcia Machado

Marcia Machado (Foto: Arquivo Pessoal)

É enfermeira, professora associada do Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFC e pós-doutora pela Harvard School of Public Health. É cientista-chefe da Funcap.

Maria Beatriz Martins Linhares

Maria Beatriz Martins Linhares

Maria Beatriz Martins Linhares (Foto: Arquivo Pessoal)

É professora associada sênior no Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do Laboratório de Pesquisa em Prevenção de Problemas de Desenvolvimento e Comportamento da Criança (Lapredes). É membro do Comitê Científico do Núcleo de Ciência pela Infância (NCPI) e pesquisadora do Centro Brasileiro de Pesquisa Aplicada à Primeira Infância (CPAPI, com apoio da Fapesp/FMCSV).

Álvaro Madeiro

Álvaro Madeiro

Álvaro Madeiro (Foto: Arquivo Pessoal)

É professor titular de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenador técnico/científico do Instituto da Primeira Infância (Iprede).

Beatriz Abuchaim

Beatriz Abuchaim

Beatriz Abuchaim (Foto: Arquivo Pessoal)

Tem graduação em Psicologia (PUC-RS), mestrado em Educação (PUC-RS) e doutorado em Educação/Currículo (PUC-SP). Foi bolsista do programa de doutorado da Comissão Fulbright e Capes, com estágio nos EUA, na University of North Carolina. Trabalhou como pesquisadora na Fundação Carlos Chagas e como professora do Centro Universitário Faculdades Metropolitanas Unidades. É gerente de Conhecimento Aplicado na Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. Tem experiência nas áreas de educação infantil, avaliação, currículo e formação de professores.

Luzia Laffiti

Luzia Laffiti

Luzia Laffiti (Foto: Arquivo Pessoal)

É graduada em Psicologia (Universidade Paulista), pós-graduada em Administração de Empresas e Psicologia Organizacional (PUC-SP) e tem especialização na Relação Mãe-Bebê no Modelo Tavistock. É superintendente do Instituto da Infância (Ifan), com atuação em modelos intersetoriais e tecnologias sociais de inovação para a Primeira Infância e Infâncias das áreas rural e urbana no Nordeste do Brasil, com foco nas principais temáticas: parentalidade-violência doméstica; criança-meio ambiente e natureza e governança da primeira infância. Foi coordenadora da Formação de Profissionais do Programa de Desenvolvimento Infantil (Padin-CE), entre 2016-18, e assessora técnica na construção do Plano Municipal da Primeira Infância de Fortaleza-CE, em municípios do Ceará e outros municípios brasileiros. Foi assessora técnica do Programa Mais Infância no Ceará e em 10 municípios na governança da Primeira Infância. Foi assessora-facilitadora do Painel Técnico do Programa de Liderança Executiva em Desenvolvimento da Primeira Infância (NCPI-FMCSV-Universidade de Harvard-2013 a 2019) e coordenadora da Secretaria Executiva da Rede da Primeira Infância do Ceará. Foi coordenadora da Secretaria Executiva da Rede Nacional da Primeira Infância (2013/14).

Inscrição

Por O POVO

 

Crescer durante a pandemia

Por Amanda Araújo

As competências adquiridas em crianças até 6 anos são fundamentais para o desenvolvimento de muitas outras habilidades. É na primeira infância que os vínculos afetivos são fortalecidos, que acontecem importantes mudanças físicas e neurológicas.

É consenso entre especialistas que as crianças bem cuidadas nos primeiros anos de vida apresentarão melhor desempenho cognitivo e socioemocional. Ganha a sociedade que investe na primeira infância, e o Ceará é um exemplo que abraçou esta causa com ações voltadas ao desenvolvimento infantil.

Neste projeto sobre “Primeira Infância em pauta: os desafios para o desenvolvimento saudável em épocas de pandemia”, debatemos os impactos do isolamento na educação e na família. Apresentamos algumas estratégias eficazes para você lidar com este momento em que nossas crianças estão privadas da convivência com os colegas e dos espaços coletivos.

“Quando eu tenho uma situação estressora e eu promovo proteção, eu estou ajudando a transformar e fazer aquilo que possivelmente é o mais importante, a resiliência. É a capacidade de enfrentar adversidades e reverter esse processo positivamente”, ensina a psicóloga Maria Beatriz Martins Linhares, membro do Comitê Científico do Núcleo de Ciência pela Infância (NCPI) e pesquisadora do Centro Brasileiro de Pesquisa Aplicada à Primeira Infância.

É hora de ressignificar a pandemia para quem mais precisa de atenção e carinho!

O que é primeira infância?

Por Ana Beatriz Caldas

Tema de webinar do O POVO, o início da vida humana exige discussões aprofundadas sobre educação, saúde e inclusão social

Com a pandemia de Covid-19 completando um ano no Brasil, é difícil pensar em grupos sociais, etários ou profissionais que não foram prejudicados de alguma forma. No entanto, os especialistas concordam que um deles, em especial, tem sido deixado de lado no panorama: o das crianças que estão na primeira infância, fase que vai da gravidez até os 6 anos de idade.

Enquanto adolescentes sofrem com a ausência de socialização e adultos e idosos enfrentam diariamente problemas relacionados à rotina de trabalho e cuidados médicos, as consequências da pandemia para os pequenos podem ser ainda mais sérias, porque essa etapa da vida é a responsável por boa parte do desenvolvimento afetivo, cognitivo, sensorial e emocional.

Isso ocorre devido à plasticidade cerebral, ou seja, a capacidade que o cérebro possui de se adaptar a um novo formato de funcionamento e absorver novas experiências. Segundo o pediatra Sulivan Mota, presidente do Instituto Primeira Infância (Iprede crianças de até 6 anos), apesar de ocorrer com
facilidade até os 19 anos, essa plasticidade é mais ávida até os 6 anos de idade, e por isso o cérebro das crianças exige um investimento maior. “Quando a sociedade investe nesse momento, ela está investindo no seu capital humano, no seu futuro. A família tem importância imensa neste momento, mas também a sociedade civil e o governo, através da educação, da saúde, da arte e da cultura”, explica o médico.

Pesquisas realizadas pelo Iprede mostram que a criança tem sido o personagem mais esquecido da família durante a pandemia, já que os adultos têm enfrentado problemas relacionados à doença, ao isolamento e, muitas vezes, à pobreza. “A criança ficou mais marginalizada, sem aula, e com um prejuízo que precisa ser computado pelo País. Algumas delas ficaram expostas à convivência familiar em ambientes extremamente carentes de estimulação corporal e brincadeiras, algumas passaram a conviver com a violência familiar”, lembra Sulivan.

Os estímulos na primeira infância, no entanto, são valiosos mesmo para crianças em situação de vulnerabilidade social, ressalta o médico. Através de políticas públicas que amplificam esses estímulos e trazem mediadores às suas rotinas, elas podem quebrar ciclos de opressão e miséria. “Crianças que não recebem estímulos se tornam indivíduos que sonham menos, mais manipuláveis, com menos força de argumento. Por isso, é fundamental esse investimento logo no início da vida. Ao investir na primeira infância, estamos investindo em um futuro de qualidade e de paz.”

Primeiríssima infância

Considerada a “era de ouro” da formação humana, a primeiríssima infância (até 3 anos) é o momento mais relevante do desenvolvimento de um indivíduo. Os primeiros mil dias, da gravidez até os 2 anos de idade, são os mais importantes. Nesse período, o ser humano aumenta sua estatura em 50% e quadruplica seu peso, além de ter um aumento de 1g por dia no tamanho do cérebro. Essa também é a época em que mais são formadas novas sinapses diárias: 15 mil. “Quando a criança recebe estímulo, isso se converte em 15 mil novas possibilidades, caminhos e potenciais abertos por dia”, lembra Sulivan Mota.

Para saber mais:

Instituto Primeira Infância - http://www.iprede.org.br/

Núcleo Ciência pela Infância - https://ncpi.org.br/

Sociedade Brasileira de Pediatria - https://www.sbp.com.br/

Rede Nacional Primeira Infância - http://primeirainfancia.org.br/

Impactos da pandemia na educação

Por Ana Beatriz Caldas

Isolamento e ausência de rotina são alguns dos problemas que podem atrapalhar o desenvolvimento pleno das crianças

Esforço coletivo é necessário para preservar desenvolvimento nos primeiros anos de vida (foto tirada antes da pandemia)

Esforço coletivo é necessário para preservar desenvolvimento nos primeiros anos de vida (foto tirada antes da pandemia) (Foto: Divulgação/Iprede)

Com a segunda onda da pandemia mostrando uma nova face da Covid-19 ao redor do mundo, os avanços no retorno das atividades socioeconômicas no Brasil continuam impossibilitados. Um dos mais impactados pela pandemia, o setor de educação infantil - que contempla, também, atividades relacionadas à saúde física e emocional das crianças - enfrenta o momento com grande preocupação.

Segundo especialistas, o impacto da pandemia nas políticas públicas para a primeira infância pode ter graves consequências para toda uma geração, caso não haja um esforço coletivo para que o desenvolvimento pleno nos primeiros anos de vida seja preservado durante o período de isolamento social.

De acordo com Beatriz Abuchaim, psicóloga e gerente de Conhecimento Aplicado da Fundação Maria Cecilia Vidigal, mesmo as crianças que não têm sofrido com o empobrecimento causado pelo crise sanitária têm sofrido com as mudanças na rotina da família, o que pode ocasionar problemas com o sono e com a alimentação.

“O fato de elas estarem em casa faz com que elas não tenham uma rotina tão estruturada como a das creches e pré-escolas. Por outro lado, há as questões relacionadas aos componentes socioemocionais, já que as crianças não têm mais a possibilidade de conviver com outras crianças e estão em ambientes com adultos naturalmente mais ansiosos e estressados pela própria situação da pandemia”, explica.

As lições da crise

Se por um lado há dificuldades e urgência para garantir que as crianças sejam bem atendidas mesmo em meio à pandemia, educadores também ressaltam que algumas lições adquiridas no período podem beneficiar os processos educacionais na primeira infância. Para Amália Simonetti, doutora em Educação e consultora e autora do Programa de Alfabetização na Idade Certa (Paic), o momento é de fortalecer a parceria entre as políticas de educação, saúde e assistência, pensando também em ações voltadas para a saúde mental de educadores e alunos.

“É preciso criar uma política unificada que dê sustentabilidade e veja a criança como um ser humano que precisa ser atendido de um modo especial, como protagonista. O que mais me preocupa nesse momento é saúde emocional, pois os direitos de aprendizagem da criança - conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer - foram prejudicados nesse momento, e os professores encararam um grande desafio. Temos que encontrar saídas, aprender e transformar a comunidade escolar”, ressalta. 

Educação para o futuro

Fundado em 1986, o Instituto Primeira Infância (Iprede) é uma Organização da Sociedade Civil (OSC) dedicada a promover o desenvolvimento pleno de crianças em situação de vulnerabilidade. Atualmente, a entidade atende 1.350 crianças e 900 famílias, com foco na educação infantil e no combate à pobreza e à desnutrição. Com o intuito de proporcionar espaços saudáveis para o desenvolvimento dos pequenos, a instituição também atua na recuperação da autoestima e da autonomia das mães, que recebem capacitação profissional e assistência social.

Ceará se consolida como referência nacional

Por Ana Beatriz Caldas

Criado em 2015, programa Mais Infância Ceará virou lei e abrange 184 municípios do Estado

Cerca de 16 mil crianças e adolescentes são atendidos por 91 entidades contempladas pelo Mais Nutrição (foto tirada antes da pandemia)

Cerca de 16 mil crianças e adolescentes são atendidos por 91 entidades contempladas pelo Mais Nutrição (foto tirada antes da pandemia) (Foto: Thiara Montefusco /Governo do Ceará)

Em 2015, um mapeamento técnico feito pelo Governo do Ceará, por meio do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), em cidades de todo o Estado, revelou a necessidade de ampliação de políticas públicas para a primeira infância, partindo de olhar multissetorial voltado para o desenvolvimento integral das crianças. Foi assim que, em agosto do mesmo ano, nasceu o Programa Mais Infância Ceará, idealizado pela primeira-dama Onélia Santana.

“O Mais Infância Ceará surge com objetivo de promover o desenvolvimento infantil de forma integral e integrada. Por isso, primeiro foi realizado o diagnóstico do Estado, avaliando ações que já existiam na área da infância e seus resultados. Houve um planejamento com objetivo de buscar inovações, estratégias e ações para o pleno desenvolvimento das crianças cearenses, com a participação de representantes de diversos órgãos e instituições das esferas municipais, estaduais, federais e internacionais”, explica a fonoaudióloga e psicopedagoga Dagmar Soares, coordenadora do programa.

Favorecer o desenvolvimento infantil é promover a equidade e o caminho para resolver graves problemas sociais. Trabalhar junto às crianças desde a gestação é a estratégia para interromper o ciclo de pobreza, diminuir a violência, prevenir problemas de saúde e promover o desempenho escolar. Com esse intuito o programa atua através dos pilares Tempo de Nascer, Tempo de Crescer, Tempo de Brincar e Tempo de Aprender. Cada pilar envolve uma série de ações e equipamentos que estimulam o desenvolvimento pleno de crianças.

O programa foi acolhido tanto pela população como pelo Legislativo, e, em 2019, por unanimidade, tornou-se uma política pública de Estado. Em 2021, uma nova lei foi sancionada consolidando e atualizando o documento vigente.

 

Capacitação

O Programa Mais Infância Ceará formou mais de 42 mil profissionais nas áreas da Assistência, Educação e Saúde. Entre os capacitados pelo Governo do Ceará, em parceria com Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Instituto da Primeira Infância (Iprede), estão os 12.895 Agentes Comunitários de Saúde (ACSs), enfermeiros e coordenadores da atenção básica com o intuito de auxiliar os profissionais a compreenderem melhor como atuar para potencializar o desenvolvimento infantil. Os eixos da formação foram desenvolvimento com afeto, com saúde e com segurança.

Transferência de renda com olhar para o futuro

Entre os benefícios do programa, destaca-se o Cartão Mais Infância, projeto de transferência de renda complementar ao Bolsa Família ofertado a famílias em extrema vulnerabilidade. O valor, que era de R$ 85 será de R$ 100 por mês, a partir de março. A ampliação no programa também contemplará mais famílias: de 48 mil, o número aumenta para 70 mil ainda esse semestre, totalizando um investimento de R$ 84 milhões.

“As transferências para famílias com nível de renda muito baixo tendem a melhorar outras dimensões além da renda, como a segurança alimentar e as condições de saúde da criança, por exemplo. Mas, mais importante do que as transferências de renda, é tornar as famílias beneficiadas pelo cartão como público prioritário dos outros programas de superação da pobreza e garantir o acesso preferencial à educação infantil”, explica Jimmy Oliveira, analista de Políticas Públicas do Ipece.

O benefício é concedido a famílias cadastradas no CadÚnico beneficiárias
do Bolsa Família, com crianças menores de 6 anos e renda per capita até o valor da linha de extrema pobreza, seguindo critérios que apontam grande vulnerabilidade social, como moradia inadequada, com ausência de água encanada e banheiros no domicílio familiar.

Ações integradas visam desenvolvimento pleno

O desenvolvimento das capacidades cognitivas, sensoriais e psicológicas, especialmente na primeira infância, só pode ser alcançado com a alimentação adequada à faixa etária e às necessidades de cada criança. Por isso, entre as ações do Mais Infância Ceará está o Mais Nutrição, projeto que reduz o desperdício de alimentos e promove a segurança alimentar e nutricional de milhares de pessoas assistidas por entidades contempladas pelo programa com a doação de mais de 700 toneladas de alimentos in natura, polpas de frutas e mix de legumes para preparo de alimentos.

“É importante frisar que a fome não é decorrente somente da falta de alimentos mas, também, da má distribuição e/ou falta de acesso, seja ele físico ou econômico. Uma criança saudável física e emocionalmente se tornará um adulto saudável, diminuindo até os gastos públicos futuros com internações devido à prevalência das doenças crônicas não transmissíveis (diabetes, hipertensão) causadas por maus hábitos alimentares”, explica a nutricionista Débora Melo.

Mas não só a nutrição é responsável pelos estímulos cognitivos, sensoriais e emocionais. Segundo a pedagoga Glória Burlamaqui, o brincar é essencial para que crianças nos primeiros anos de vida possam desenvolver suas habilidades. Por isso, o Mais Infância investiu em 23 Praças Mais Infância, 132 brinquedopraças, 35 brinquedocreches - kits pedagógicos adaptados em creches municipais. Mais 10 Praças Mais Infância estão em execução, 150 brinquedopraças e 150 brinquedocreches já foram licitadas.

“Assegurando o direito de brincar, você assegura o desenvolvimento das capacidades emocionais e estimula a criatividade, o senso de organização e até o desenvolvimento físico. Além disso, esses espaços estimulam a sociabilização entre as crianças, que muitas vezes não existe em casa”, pontua Glória.

A maior taxa de retorno do desenvolvimento na primeira infância ocorre quando se investe o mais cedo possível, desde o nascimento até os 5 anos de idade, em famílias carentes

James J. Heckman, ganhador do Nobel de Economia

270 equipamentos entregues: 132 brinquedopraças; 57 CEIs; 35 brinquedocreches; 23 Praças Mais Infância; 19 Núcleos de Estimulação Precoce; 2 estações do Praia Acessível; 1 Espaço Mais Infância e um Espaço Mais Nutrição

701 toneladas de alimentos distribuídos através do Mais Nutrição

3,7 milhões de visitas domiciliares realizadas

42 mil profissionais capacitados

169 edições do Arte na Praça realizadas em 117 municípios

8 mil atendimentos nas estações do Praia Acessível em Fortaleza e Caucaia

R$ 1 milhão investido no Edital Cultura Infância

R$ 84 milhões serão investidos por ano para o pagamento do Cartão Mais Infância, que beneficiará 70 mil famílias

 

Destaque nacional

O Ceará foi o estado brasileiro mais premiado no Prêmio Parentalidade: boas práticas de visitadores na pandemia, promovido pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal e a Fundação Bernard van Leer em dezembro de 2020. A honraria foi concedida aos estados que desenvolvem as melhores práticas profissionais em visitas domiciliares no País, e o Ceará se destacou com 29 das 100 melhores ações de profissionais que atuam em visitas domiciliares no País. O segundo lugar foi São Paulo, com 14 iniciativas, seguido de Minas Gerais, com 11. Os premiados do Ceará foram os agentes de desenvolvimento infantil do Padin e os visitadores do Primeira Infância no Suas/Criança Feliz.

Antes da pandemia, famílias recebiam acompanhamento presencial

Antes da pandemia, famílias recebiam acompanhamento presencial (Foto: Ariel Gomes / Governo do Ceará)

Visitas domiciliares

Com intuito de desenvolver a parentalidade responsável, através do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, o Ceará já realizou cerca de 3,7 milhões de visitas domiciliares e 19 mil encontros comunitários, ação do Programa Mais Infância Ceará, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Infantil (Padin), da Secretaria da Educação do Estado, e do Programa Primeira Infância no SUAS / Criança Feliz, do Governo Federal, em parceria com o Estado. Em março de 2020, com o início da pandemia, as visitas domiciliares foram adaptadas para o modo remoto. “Foi necessário muito planejamento, análise de portarias e decretos para elaborarmos o Plano de Contingência e orientar os municípios. Tivemos que criar estratégias junto com as equipes municipais: articulação com rádios comunitárias e convencionais, carros de som, redes sociais e ligações telefônicas para encaminhar e orientar os cuidadores sobre as atividades. O importante era não deixar de acompanhar as famílias neste momento tão difícil”, explica Silvana Simões, coordenadora Estadual do Programa Primeira Infância no SUAS-PCF.

Os profissionais entraram em contato com as famílias por meio de chamadas de vídeo, mensagens de voz, WhatsApp e vídeos. Para quem não tinha acesso à internet ou telefone, algumas estratégias foram articuladas. Primeiro, por meio do PAA leite – Programa de Aquisição de Leite. “A responsável familiar se dirigia até a secretária de assistência e, antes de receber o leite, parava para dialogar, receber as orientações do visitador sobre a atividade da semana”, diz Silvana. As atividades também são colocadas em sacolas personalizadas, e um profissional faz a entrega de moto e orienta como a atividade deve ser executada - sem entrar nas residências e com todos os EPIs necessários.

As famílias do Padin tiveram acesso a materiais lúdicos e pedagógicos produzidos pelo Governo do Ceará com foco na literatura, brincadeiras, jogos educativos e desenvolvimento saudável para prevenção e saúde das crianças e núcleos familiares, disponibilizados por meio de podcasts, cards, cartilhas e no site da Seduc, que já proporcionou mais de meio milhão de acessos.

Site da Seduc:

https://paic.seduc.ce.gov.br/index.php/component/content/article/54-spaece2017/862-08

O desafio de minimizar os efeitos da pandemia

Por Amanda Araújo

Atividades lúdicas ajudam a quebrar o estresse tóxico da pandemia; é possível evitar consequências negativas de médio e longo prazo com memórias afetivas positivas

Nicole Mel, 5, e Ivens, 4, filhos de Sibelle Rezende, entendem cuidados necessários na pandemia e cobram uso de máscara e álcool em gel

Nicole Mel, 5, e Ivens, 4, filhos de Sibelle Rezende, entendem cuidados necessários na pandemia e cobram uso de máscara e álcool em gel (Foto: João Filho Tavares)

O ser humano nasceu para se conectar. Com a pandemia, o distanciamento necessário para evitar a proliferação do coronavírus chegou a afastar a tão necessária convivência até mesmo de familiares. Sem falar de todos os inúmeros fatores que contribuem para aumentar a ansiedade dentro da casa das pessoas: medo da morte, desemprego, risco de contaminação. É uma situação de crise, que em termos de estresse é comparável a outros desastres vivenciados pela humanidade.

“Guerras, tsunamis, furacões, essas situações têm sido muito estudadas, [o dano emocional] é muito parecido. Ansiedade, medo, isso acontece. Na pandemia, está acontecendo a mesma coisa, a criança tem medo, medo de espaços abertos, medo de enfrentar a escola, medo do vírus à medida que ela começa a compreender que é uma doença”, explica a psicóloga Maria Beatriz Martins Linhares, membro do Comitê Científico do Núcleo de Ciência pela Infância (NCPI) e pesquisadora do Centro Brasileiro de Pesquisa Aplicada à Primeira Infância.

Esse estresse ao qual a Covid-19 nos submete tem dois agravantes: é intenso e duradouro. “O estresse acontece no nosso dia a dia, mas a gente consegue enfrentar, tem mais recursos para lidar. Qual é o problema, quando esse estresse, igual a um termômetro, vai aumentando a temperatura e chega a um nível que a gente denomina estresse tóxico.”

As crianças de até 6 anos de idade sentem o estresse tóxico da pandemia, podem ficar mais ansiosas e apresentar problemas de comportamento. “O isolamento está deixando muitas crianças no começo da vida sem as interações positivas capazes de criar e consolidar as aprendizagens próprias da infância. Essas alterações nas relações interpessoais, essa falta de contato mais amplo com outras pessoas e com a comunidade pode trazer múltiplas dificuldades no início da vida, momento em que muitas dessas habilidades estão programadas para se desenvolverem”, complementa o professor de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFC e coordenador técnico/científico do Instituto da Primeira Infância (Iprede), Álvaro Madeiro.

Daí a importância de neutralizar nas crianças os efeitos negativos do estresse tóxico da pandemia. Felizmente, há inúmeras formas, e, ainda por cima, as crianças têm plasticidade. Isso significa que, nesta fase da vida, o cérebro é passível de aprender e de se modificar. “Quando eu tenho uma situação estressora e eu promovo proteção, eu estou ajudando a transformar e fazer aquilo que possivelmente é o mais importante, a resiliência. É a capacidade de enfrentar adversidades e reverter esse processo positivamente”, acrescenta Maria Beatriz.

A recomendação dos especialistas é ressignificar o isolamento das crianças com memórias afetivas positivas. É o que a coordenadora financeira Sibelle Rezende, 41, tem feito com Nicole Mel, 5, e Ivens, 4. “Meus pequenos conviviam muito com minha mãe. Deixar de conviver foi difícil. Porém, nesse aspecto, a tecnologia ajudou demais! Não senti meus pequenos estressados, mas os senti enfadados às vezes. Olhando no geral, para o convívio familiar, tiramos bom proveito da situação.”

Coordenadora financeira Sibelle Rezende criou rotina de hábitos saudáveis com os filhos para evitar estresse durante a pandemia de coronavírus

Coordenadora financeira Sibelle Rezende criou rotina de hábitos saudáveis com os filhos para evitar estresse durante a pandemia de coronavírus (Foto: João Filho Tavares)

Isso foi possível porque Sibelle e o esposo, que faziam muitas viagens de negócios, aproveitaram o tempo em casa para inserir hábitos saudáveis na rotina deles. A começar pela conscientização imediata sobre a higienização, de forma lúdica. “Hoje, eles cobram a máscara e o álcool em gel quando precisam sair conosco, reparam quando vêem alguém sem”, conta.

“Criança adora ser envolvida numa brincadeira de faz de conta. Ela precisa de estímulos, e dentro de casa tem como estimular. Propiciar momentos lúdicos não é ter brinquedo sofisticado, os adultos precisam conversar, meia horinha que seja”, sugere Maria Beatriz.

Atividades para controlar a ansiedade das crianças:

Contar histórias;

Ouvir músicas;

Fazer caça-palavras, sete-erros, massinha de modelar, bolinhas de sabão;

Massagem;

Colorir;

Deitar no chão, olhando para o céu, e prestar atenção aos formatos das nuvens;

Cozinhar.

Fique atento!

Experiências de estresse podem ser úteis para a criança aprender a organizar seus mecanismos de superação, e cabe aos pais protegê-la e ajudá-la. Porém, existe a necessidade de procurar ajuda profissional se as crianças mostrarem sinais de estresse - pesadelos, foco excessivo em ansiedades, aumento da agressão, comportamentos regressivos ou danos pessoais - que não se resolvem com relativa rapidez, informa o médico Álvaro Madeiro.

Contexto

Vale lembrar que o Brasil é um país desigual, e nem todo domicílio tem as mesmas oportunidades de proteger as crianças. “Em um domicílio desestruturado, é muita coisa para resolver, a falta de renda, a pessoa que continua se expondo em um transporte coletivo. A importância do auxílio emergencial é óbvia para garantir que essa criança tenha refeição [...] Fizemos uma pesquisa online em Fortaleza com grávidas, o nível de estresse depressivo foi altíssimo”, explica a professora de Demografia da Escola de Saúde Pública de Harvard e chefe do Departamento de Saúde Global e População, Márcia Castro. A pesquisa Harvard-UFC está sendo feita com 1.041 mulheres, grávidas entre 16 e 48 anos, e busca trazer respostas que podem ajudar na formulação de políticas públicas para mitigar esses efeitos da pandemia.

 

Por que estimular os momentos em família

Por Amanda Araújo

É na primeira infância que acontecem os aprendizados sociais e afetivos. As experiências com os familiares geram valores, empatia e habilidades cognitivas

Segurança, saúde, proteção, afeto, bem-estar e apoio. Essas são as principais demandas das crianças na primeira infância. O cuidado da família com os pequenos nesse período é tão fundamental que os vínculos afetivos estabelecidos impactam o desempenho deles a longo prazo. É uma balança, enquanto as interações saudáveis até os 6 anos de idade contribuem para um desenvolvimento emocional positivo, a privação de envolvimento afetivo ou práticas inadequadas podem comprometer habilidades cognitivas.

“A primeira infância é uma janela de oportunidades para o desenvolvimento da criança e o período que o cérebro mais se desenvolve”, lembra a psicóloga Elisa Rachel Pisani Altafim, pós-doutora no programa de Saúde Mental da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP. Sendo assim, é natural que os vínculos estabelecidos na primeira infância, ainda mais com os principais cuidadores, exerçam papel importante na construção da personalidade das crianças. “O desenvolvimento da criança na primeira infância requer práticas, atenção e cuidados fornecidos pelas interações dos pais, da família, e amparados por um ambiente que fortalece essas interações.”

Os pais devem reservar mais tempo os filhos, “sentando no chão para fazer atividades manuais, conversando, contando histórias, colocando-as em contato maior com a natureza, utilizando brinquedos que podem ser construídos com material acessível e proporcionando um exercício de criatividade”, exemplifica a enfermeira pós-doutora pela Harvard School of Public Health e Cientista Chefe da FUNCAP, Márcia Machado.

Afinal, a literatura sobre a primeira infância é inconteste: o desenvolvimento infantil é proporcional aos estímulos dos cuidadores e da sociedade. E, se pararmos para pensar, o que é certo e errado não é tão difícil assim de entender. “A parentalidade positiva envolve cuidar, proteger e guiar a criança para a trajetória até a maturidade, com investimento e compromisso. Envolve educar com afeto e com disciplina positiva. Isso significa a ausência de práticas negativas que envolvem violência, como tapas, palmadas, ameaças e xingamentos”, explica Elisa.

Márcia, que também é professora associada do Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFC, vai mais longe e alerta para o desafio de fortalecer vínculos familiares em meio ao boom de telas. “Vivemos um momento em que as crianças estão em contato muito mais frequente com TV, celular, e isso solicita dos pais criar mecanismos de controle e uso mais restrito, tendo em vista os malefícios que o uso exagerado pode provocar, como irritabilidade, falta de socialização”, acrescenta.

 

Gecíola Fonseca: dedicação "de corpo, alma e espírito" a Karim e Raoni

Gecíola Fonseca: dedicação "de corpo, alma e espírito" a Karim e Raoni (Foto: João Filho Tavares)

Família: sujeito coletivo

Ao compreender melhor o universo das crianças, os pais conseguem tornar a convivência com os filhos mais prazerosa. Na casa da publicitária Gecíola Fonseca, 36, carinho e atenção não faltam para Karim, 3, e Raoni, de 1 ano e 4 meses. “Eu e o pai praticamos algumas coisas da criação com apego, a gente tem o cuidado de dar atenção às necessidades das crianças. Por exemplo, não somos adeptos ao ‘deixar chorar’. Nem adulto gosta de aprender no choro. Crianças que não têm maturidade ainda, não têm o cognitivo completo, e a gente imputa a elas uma responsabilidade que nem muitos adultos conseguiram ter? A gente realmente está próximo a qualquer sinal de necessidade”, argumenta.

A amamentação dos meninos, que foi o primeiro vínculo materno, respeitou o tempo recomendado pela Organização Mundial da Saúde de até cerca de 2 anos, inclusive com um processo de desmame gentil. “Após a amamentação, o conforto intelectual, estar disponível para essa criança também é importantíssimo. Escutar, ouvir o que a criança está falando. Procuramos ter o cuidado de explicar os medos, perguntar como foi o dia, procurar sempre não mentir e explicar tudo.”

Segundo ela, a dedicação “de corpo, alma e espírito” dão resultados, ainda que haja muito esforço físico e mental por parte dela e do pai de Karim e Raoni. “O Karim é muito inteligente, muito observador, todas as pessoas colocam isso, algumas pessoas acham que ele tem 4, 5 anos, porque ele fala muito bem, tem uma dicção muito boa. A gente desde bebezinho estimula a fala e o raciocínio [...] Claro que não vamos ser perfeitos, mas a gente está fazendo o que a gente pode fazer.”

No processo, a rede de apoio das avós e da cuidadora foi imprescindível, bem como a criatividade para compartilhar momentos. “Já passamos por várias fases. A fase de riscar, pintar, fase dos blocos, de montagem, a fase de motinha, bicicleta, de estímulo à coordenação motora. O interesse por quebra-cabeças, livros sempre estiveram na nossa rotina. O Karim também está numa vibe agora de lego, construindo casa, carro. Todos nós aqui em casa gostamos muito de música, temos instrumentos musicais, tocamos, cantamos, temos músicas que cantamos em família”, compartilha. 

Quem detém os cuidados parentais?

Podem ou não existir laços consanguíneos nas famílias, que podem ser biparentais, monoparentais, com pais separados, famílias reconstituídas, famílias com casais homoafetivos, famílias com filhos adotivos, entre outras.

Dicas para os pais

Filme O Começo da vida (1 e 2), que também está disponível em formato de série e pílulas sobre diversas temáticas da primeira infância: ocomecodavida.com.br/filme-completo

Livro Por que o amor é importante, de Sue Gerhardt

Livro Papai, Mamãe e Eu: Começando uma boa história, de Elisa Rachel Pisani Altafim e Olga Maria Piazentin Rolim Rodrigues

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Por O POVO

O que precisamos para colocar a primeira infância em pauta?

 

Impactos na saúde emocional das crianças durante a pandemia

 

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