Para rebodar o tempo
LêdaMaria F. Souto
Enquanto você partia
eu abraçava a minha solidão
Enquanto eu chorava,
a natureza me ofertava uma chuva serena
para receber minhas lágrimas
e realimentar o plantio das flores
cultivadas por você nos jarros da janela.
Para você, recitei
o poema das estrelas, uma forma
de não perceber a ausência da companhia.
Sabia que quando eu voltasse à casa
dos nossos sonhos a flor do maracujá
já estaria também em contrações de saudade
e nossos retratos na parede sairiam das linhas retas
para voar sobre o mesmo desafio da tristeza.
Segui buscando você na voltagem do tempo e soluçando o último adeus.
Os ventos distanciavam o consolo, mas libertavam o farto vestido branco
que você um dia bordara para que eu dançasse
e exibisse os movimentos do corpo na aprendizagem do amor.
Agora ele é tingido na tonalidade da dor de sua partida
e não mais circulará nos espaços da alegria e do prazer.
Sentirei frio e não terei seu agasalho, mas comprarei sapatos novos
para percorrer os dias que me esperam mostrando o caminho
aberto no amanhecer colorido por Deus.
Terei que despertar da tristeza e retomar a esperança
de ter você, minha mãe, eternamente, mostrando-me o jardim dos lírios brancos
abrigando-me das tempestades, das incompreensões e da terra seca do mundo.
Mãe! Pérola preciosa! A mais bela de todas as rosas!
Tu, valiosa mulher! Concebeste, geraste, deste à luz e criaste um ser!
Por quê? Porque recebeste de Deus a mais sublime missão!
Essa de produzir outro ser! Com todo o amor de teu coração!
E tu, mulher, que não Concebeste, não geraste e não deste à luz, mas
criaste um ser! E também com tanto amor! Tanto amor! Tanto amor!
E tudo isso de dar o belo e muito valioso título de mais linda flor!
Como és importante mãe! Quão admirável é o amor dos teus filhos!
És o ser que criou maravilhosamente outro ser! Por providência Divina!
Quer tenha sido das tuas entranhas, quer tenha sido por adoção!
Saibas que, em qualquer dessas providências não há distinção!
O amor materno supera todos os outros! É abundante!
Pois o amor que brota da mãe é sem comparação! É importante!
Mãe! Mãe tia! Mãe sogra, mãe nora! Mãe filha! Teu amor brilha!
Mãe és superimportante! Qualquer qualidade! Deus te dê felicidade!
Por amor filial a todas as mães
Homenagem à minha mãe, Giselda Medeiro
Não é preciso sugar palavras bonitas ou metáforas arrojadas para falar de minha
mãe. Basta fitá-la. A calma que reside nos seus olhos se metaforiza em luz. Uma luz
de intensa magia que, ininterruptamente, jorra, transmudando dores, aflições em
serenidade perene.
Palavras... Palavras... Por que dizê-las, se minha mãe é a palavra que arde, que
humaniza, que preenche a folha do livro de minha vida? Se é razão e amor brotando
juntos, crescendo, avultando-se, tornando-a única? Oh! Não é preciso, mãe! Todas
as palavras que disser sobre ti já terão sido ditas para todas as mães do mundo. Por
isso, prefiro mergulhar nas tuas águas de bondade e, às tuas margens, ficar, vendo-as reluzir, avançando sobre as torpezas da vida, para me trazer a paz. E, vejo-te,
muitas vezes, sangrando, pelas dores que me arrancaste. Quanta coragem, mãe!
És a ilha da minha infância, para onde sempre fujo, em arrebatamentos oníricos. E lá
encontro o entono da voz "dorme, dorme, filhinha", derramando, em meu presente,
fadas, anões e cinderelas, num cenário de encanto e de magia.
Outras vezes, mãe, és o estuário das minhas tristezas, onde, trêmula, indefesa,
busco a serenidade das tuas águas para confundir minhas frustrações e afogar os
sofrimentos. E tu, mesmo sabendo que turbulências irrefreáveis calcinarão as tuas
margens, aceita-os, solícita.
Mãezinha, escuta-me. Disse que não era preciso sugar metáforas para falar de ti. No entanto, capitulo diante desta que me oferecem, agora: "Ser Mãe é Joia", para, mãezinha, bela e preciosa, como joia que és, encravar-te no escrínio do meu coração!
Poema leve
Artur Eduardo Benevides
...Quando sorris, ao longe, nascem rosas,
quase todas as cousas tornam-se formosas.
Há campos florindo
e carrosséis indo e vindo.
Por isso, não me deixes sozinho em meu caminho,
seja lá como for.
Ao lado da fogueira escondida que arde,
iremos ouvir, um dia,
as flautas da tarde.
Oração para minha mãe
Aureny Braga
Ó mãe, nossa mãe, mãe de Deus,
protege-me e guarda teus filhos
Quero hoje ver o mundo
com os olhos do teu amor
Bendito seja teu nome, mãezinha
Mãe, minha vida é tua
Agradeço minhas alegrias e tristezas
Mãe querida, mesmo não estando aqui, sinto tua proteção
Rogo a ti, querida mãe
Acolhe-me hoje como se ainda estivesse no teu colo.
Mãe, silencia meu coração, para ouvir teus conselhos
Amada mãezinha, onde estiveres, não se esqueça dos sonhos que sonhamos juntas
Agradeço o que plantaste no meu coração
Querida mãe, obrigada por todos exemplos e ensinamentos
Amém.
Com muito amor amamenta
Já é plena madrugada
Mesmo assim não se lamenta
É uma mãe apaixonada!
Ela está muito cansada
Faz tempo que não se senta
A noite é outra jornada
Que nossa guerreira enfrenta
Cresce o filho e em sua andança
Vira um péssimo sujeito
Mas ela tem esperança
De um dia vê-lo refeito
Pois o menino é criança
Dependente do seu peito
Ser mãe
Celia Barreira Queiroz
Ser mãe é viver a graça divina do milagre da vida
Carregar em seu ventre a luz do amor
Ser mãe é viver literalmente o amor!
É ultrapassar nossas forças, o limite daquilo que somos
Cuidar, zelar, proteger
Ser mãe é todo dia fazer mais, muito mais e melhor
Ser mãe é vivenciar o milagre divino todos os dias
Todos os momentos, mesmo que os filhos cresçam
E aí, nos tornamos mãe de novo, em cada neto
E como estrelas caminhamos para a eternidade.
A Rainha do Lar
Jaildon Correia Barbosa
Isabel, a boa mulher
Ativa e trabalhadora
Acordando muito cedo
Na vida foi vencedora
Com a ajuda de Deus
Educou os filhos seus
De maneira promissora.
E nunca pensava nela
Para melhor se cuidar
Queria o bem dos seus filhos
Podendo com Deus contar
A vida sorria pra ela
Gostando de ver novela
Como toda rainha do lar!
Minha mãe querida,
como sinto sua falta
Que saudade cruel
Sinto minha alma abatida.
Tinhas um espírito de justiceira
tão amiga, tão doce
Cheia de forças e coragem,
na vida foi grande guerreira.
Amor igual nunca mais
Saudade de você, minha mãe
De seus ensinamentos de amor
não me afastarei jamais.
Na estrada foi forte e valente
Não dava trégua ao desânimo
Era enérgica e altiva
Mãe, vou te amar eternamente.
20 de julho (à minha inesquecível mãe)
Giselda Medeiros
Hoje, mãe,
é teu aniversário,
o primeiro sem tua presença,
sem teu sorriso limpo
e lindo,
sem teu gesto acanhado
ante o alvoroço
dos nossos abraços.
O primeiro sem tua voz firme
de inconfundível timbre
Sem teu olhar manso
que não me canso
de buscar
Sem tua alegria
- divina poesia -
assentada à cabeceira da mesa.
Hoje, mãe,
é teu aniversário,
Por isto, essa lágrima
em nós, fincada pela tua ausência.
Por isso, esse olhar
de serra sob a neblina da alvorada,
deslizando, caindo, rolando
sobre nossas vidas.
Por isso, mãe querida,
esta saudade doida, doída
a te buscar no espaço espectral
da rude ausência,
no indecifrável texto
que o Tempo nunca mais
reescreverá.
Jamais!
Mãe é boa, até em pensamento
Júlio Lossio
Hoje, ao acordar, justo na hora de espreguiçar, senti a presença de minha querida mãe.
Fui transportado para minha infância e sonolento, assisti partes desse filme de
minha vida.
Menino travesso, ainda ecoam nos meus ouvidos os gritos de minha mãe: "Já para
casa seu cabrito." Em meu socorro, vinha a voz de minha avó Ritinha: "Alice, esse
menino já está grande para ser chamado de cabrito". Graças a ela, escapava do
castigo, mas não das lambadas.
Era o tempo do respeito.
Quando minha mãe chamava-me, meu já vou, significava, imediatamente. Aprendi
isso, muito pequeno, quando morávamos no sítio, em Caucaia. Um dia, brincava a
sombra de frondosa mangueira, quando minha mãe chamou e respondi: "Já vou."
Meu "já" vou virou eco, logo quebrado, pela figura sisuda de minha mãe, que trazia
numa das mãos, uma correia, de sua velha máquina de costura Singer. Aos pulos e
dizendo - "desculpe mãezinha" - levei boas lapadas e o aviso: "Seu cabrito, quando
lhe chamar venha correndo."
Mesmo com o Código Civil dizendo que os filhos devem respeito e obediência aos
pais, o que se vê é o Estado e seus Poderes, cada vez mais, interferindo na família,
tirando dos pais o direito sagrado de educar os filhos, para surgirem cidadãos probos
e éticos.
Hoje, palmada é crime e causa problemas psicológicos.
No ocaso de minha existência, não guardo revolta ou traumas. Pelo contrário, lembro
ainda de minha avó, quando com o coração sangrando dizia: "Só se perde a
palmada que não pegar de jeito."
Termino parafraseando o poeta Bráulio Bessa.
As palmadas que minha mãe me deu não doeram a metade das palmadas que a
vida me dá.
Querida e bondosa mãe Helenita:
Fostes linda como uma flor,
não sei se hortênsia ou rosa,
sempre dando amor.
Fostes bela como as ondas do mar,
agitando carinhosamente os filhos,
para que nunca deixem de amar.
Fostes generosa, pois com afeição acompanhou,
seguindo o exemplo de Maria,
os filhos que no mundo colocou.
No Dia das Mães
Eno Teodoro Wanke
Mamãe, tenho pensado muito.
Faço da tua ausência uma saudade e sinto
no coração o encanto nunca extinto
da minha alegre infância em teu regaço.
No dia em que me fui de ti,
um pedaço de mim partiu-se em lágrimas. O instinto
volta-me sempre para o labirinto
do teu amor fixado no meu passo.
Estrela que lucila na distância
da bela e natural felicidade
com que forraste a minha suave infância
Encontro em ti pureza, mãe, e tanta
que às vezes meu lirismo em flor espanta-se,
sonhando-te nas ondas da saudade.
Ela é flor, fruto e semente
com raízes emergentes, fortes
plantadas no jardim da nossa mente,
E vive em nós até, após a morte.
Ela é o Porto Seguro
onde navegamos nessa vida
por mar, ora claro, ora escuro,
confiando sempre na lida.
Ela nos fez fruto do seu amor
e a semente brotou com carinho
doando-se no frio e no calor
para nos acolher no próprio ninho.
Ela é Mulher – Mãe, árvore frondosa
que abriga os filhos sob sua proteção
das intempéries que na vida apavoram
a prole em constante ebulição.
Ela é a marca fiel de várias gerações
Que se sucedem no seio da família,
E se projeta sempre em inspirações
Da Mãe de todos – a Virgem Maria.
Ela, com certeza, é Mãe e Diva
do Universo dos filhos seus,
O tesouro que temos na vida
de mais valor que Deus nos deu.
Mater que herdei
bença, na eternidade afora;
e, Mãe, com quem fiquei
bença, na realidade d'agora!
Fonte e ermida,
asilo e guarida,
deságue de vida,
enxágue da dor:
silo de amor.
Além da vida, estás
orando, aguardando;
aqui na vida, proverás
velando, guardando!
Pelos cantos cardeais
sempre nos alcançais.
À frente esperais
com a lanterna:
Em esperança eterna,
em confiança terna!
Um verso para Albetisa
Joyce Cavalcante
Aplico batom vermelho em
algumas manhãs bonitas.
Só para estar com Ela
parecida.
Com a boca vermelha, meu
lado bom me visita,
só por ficar igualzinha a Ela,
tão querida.
Olho-me no espelho,
apronto-me e me sorrio.
Não sei se sou Eu ou se sou
Ela, tão linda.
Será teimosia de DNA? É não.
Quem ali vejo é o desejo de
voltar no tempo e chamar:
"Mamãe venha cá."
A sesta de minha mãe (Na rede, Dona Maria dormia no alpendre, à tardinha)
Juarez Leitão
Dona Maria cochila mansamente.
No alpendre, o cheiro simples do sertão:
o seu sono é a água da vertente
descendo sinuosa o boqueirão.
Dona Maria repousa. O peito sobe
depois desce sereno e então se alteia:
parece a música doce, o místico dobre
deste sino pequeno da aldeia.
Os braços de Dona Maria são estradas
pontilhadas de cruzes funerais:
foram dores e agruras malfadadas
que, já pagas, deixaram seus sinais.
Os cabelos bonitos em desalinho
já quase brancos: são marrãs de ovelhas
levantando a poeira dos caminhos,
calando grilos, agitando abelhas.
Os pés de Dona Maria contam histórias
de muita luta e poucas maravilhas:
os calos são medalhas de suas glórias
conseguidas no lombo dessas trilhas.
Os olhos assim fechados são mistérios
só murmurados quando em solidão
ou quando vai piedosa ao cemitério
desvendá-los no túmulo de seu João.
Estes lábios tão frágeis soltam falas
fortes como os trovões de fevereiro
e tão certeiras como aquelas balas
partidas dos fuzis dos cangaceiros.
Dona Maria repousa. O sono é o cheiro
das laranjas pingentes do quintal,
a sombra das latadas de terreiro,
a paz frondosa deste mangueiral.
Ser mãe...
Marcus Fernandes
Tua responsabilidade, mãe,
não pode ser definida em versos
E por isso bondosamente eu te peço
que tudo o que eu disser não estranhe.
Desmanchas em amor ao dares a luz
dos teus filhos após a gravidez
E sofres com a mesma dor como fez
a MÃE santíssima aos pés d'uma cruz.
Desdobras em fibras o coração
Gritas alto que foste genitora
E da tua prole eterna protetora.
Alardeias como a força do pulmão
Que ser Mãe é dádiva divina
No entanto, é uma tarefa sibilina.
Salve maio, Salve!
M. Murilo Araújo
Salve Maio – destaque especial a MARIA,
A Virgem Mãe do nosso Jesus.
Louvo, claro, todas as mamães;
Verdadeiro amor só no coração delas.
Então aplausos a todas com alegria.
MAIO – mês de farta comemoração.
Aplaudo aqui datas de mui valor.
Iniciando o 1º com o trabalhador;
O 5 – Comunicação; o 13 – Abolição.
Salve o 2º domingo com mui ardor
As mamães com Vivas do coração;
Louvando com mais fervor a Mãe do Salvador.
Viva! Viva o ente mais querido: MÃE.
Encerro Maio – 31: coroação da Imaculada Conceição.
A Partida
Graça Roriz Fonteles
O teu abraço ainda aquece
o meu corpo já cansado
que o adeus jamais esquece.
Tua mansa voz em sussurros,
teu sorriso iluminado,
teu suspiro da partida,
solenes me acompanham
nos corredores da vida.
O tempo ofuscou imagens
dos teus olhos senescentes
delimitando as margens
das coisas ao derredor.
Mas tua visão celeste
indescritível! Como dizê-la?
Pois nela, mãe, te enobreces
Agora tu és estrela!
O Privilégio de ser Mãe!
Maria Nirvanda Medeiros
Ser mãe é ter sabedoria.
É encontrar motivos para
sorrir e dividir alegrias,
com os que lhes são caros para
transformar os erros em lições
de vida. Com inteligência.
Sempre com muitas emoções
Superando todas as carências
Felicidade é seu lema
Criar filhos conhecedores,
engrandecendo o tema,
como grandes educadores.
Mãe é velejar nessas águas,
almejando felicidades,
agradecendo ao Deus Pai.
Nossa Senhora, mãe de Jesus
Abençoe-nos, diariamente,
para engrandecermos a Luz,
que nos acompanha constantemente.
Memorial de Olívia
Révia Herculano
Rosto rosa, maçã, rosto sorriso,
primeiro paraíso...
Rosto sumido no vão, no vácuo,
rosto despedido do alto das nuvens...
Lá longe, a noite, teu canto, acalanto:
- Chamavas modinha!
Sereno que se avizinha...
O tecido que amassando agasalhavas-me
urdia abraços, vestidos de festa e de lua
Sapatos de estrela...estrelas alcançarias?
As grandes constelações arremessaram pedras,
mas... inventavas arroios na travessia!
O pulso, a febre, espanto de aves à ventania.
As solidões, as negações,
um indevassável sol, tua alegria!
Uma pedagoga nata, e linda até no nome...
Olímpio Araújo
– Olhe, meu filho... Este é o seu Registro de nascimento. Você nasceu no dia 9 de
fevereiro de 1951... Você tá completando hoje 5 anos. (E devolveu o papel para
dentro do baú de cedro. Acho que recebi alguns presentes, mas sem festa...)
Mamãe era assim. Atenta, carinhosa, devotada, mas austera. Cuidava da casa e
dos filhos. Superprotetora. Ai de quem ameaçasse os filhos um tantinho...
Brincava com a gente. Lembro-me de um piquenique no quintal. Com os meninos
maiores, fincou estacas, cobriu de galhos e folhas... armaram a barraca... Depois,
panelas de barro... E, comemos ali, sentados no chão...
E este jogo de bola... Era assim (orientações dela):
– Presta atenção! Cada coisa que a gente diz, joga a bola na parede e apara sem
deixá-la cair no chão. Olha...
Ordem! / Seu lugar! / C’um pé... / Cum o outo... Com a mão... C’a outa... / De
joelho... / Tique... taque! (Batia palma à frente e atrás do corpo.) ...
Já ouviram falar em tal jogo de bola? Deve ser coisa da criatividade dela, ou de
sua infância...
Gostava de falar de sua infância e juventude... O pai, cigano, deixara a
peregrinação terrestre, com ela nos cueiros. Ainda meninota, a mãe também se
fora... Bolara pelas casas dos irmãos, até casar, no alvorecer da segunda década
da vida...
Como conhecera o papai?... Acompanhava o casamento civil da irmã... Após a
rápida cerimônia, ela já montada no cavalo, aquela interpelação à queima-roupa:
"E quando vamos fazer o nosso?" Imaginem o áspero gesto da matuta virgem e
cismada... "Vai pra lá, que non tô procurando marido!..." E o olhar desejoso do
oficial do Registro Civil, quarentão deslumbrado ante a beleza da donzela,
diamante rude precisando ser burilado. Isto não seria muito difícil a um paciente
cidadão, tão educado e tão bem intencionado. E conseguiu-lhe a mão, após
poucas visitas à casa de Seu Luís Gonzaga. O irmão por certo dando graças a
Deus transferir a responsabilidade. "O Zeca é um bom moço, bom partido, e por
cima nosso parente... Por que você tá criando obstáculo, Carmélia?..." (Assim,
chamavam-na na intimidade, embora fosse linda também no nome –
CARMELINDA).
Dela, teria muito... Muito mais a dizer... Tão pouco estudo e tanta pedagogia,
tanto amor!!! Deus a tenha em seu reino de glória...
Mulher, mãe e amor
Paulo Eduardo Mendes
Entre lágrimas,
penso e escrevo
Mulher, mãe e amor
Mulher pelo seu dia
sempre,
Mãe, pela alegria
de tê-la sempre
entre nós
Amor
eterno sentimento
a interligar
mulher, mãe e amor
no mesmo esquema
da perfeição divina
Mulher fica pela forma
mãe pelo símbolo
amor eterniza
cristalizando a lágrima
pela partida
sempre inesperada
da vida física
tão próxima
do nosso abraço
do nosso beijo
de saudade...
Saudade de minha mãe
Pedro de Sá Roriz Neto
Quando a luz do sol oculta-se,
concentro e orações componho
Se fecho os olhos, vejo-a
Quase adormecido, escuto-a
E a tal saudade me fere
E o coração bate forte...
Quão duro aceitar a morte!
É bom que se considere:
ela chega num minuto
Faz-se ouvir num longo arquejo
a dissipar qualquer sonho...
E a tal saudade se avulta
Constrange minha alma inculta...
Que sentimento medonho!
Tento dizê-la e gaguejo
Por timidez nem perscruto
Pois ela ao peito se insere...
Deus! Fazei com que eu a suporte
Minha mãe lavava a manhã com sabão da terra
depois botava ao sol para secar
as águas do açude paradas observavam
sem movimentos de brisa
Não dava para acreditar
Que no Oriente os homens se matavam.
Santa de amor e beleza
Ubiratan Aguiar
Versos, sonetos, poemas
recitam a mulher divina
Amor brilhando na retina
superando dores e problemas
Prosa converte-se em poesia
distancia fala de saudade
não conhece tristeza, só alegria
Paixão mede a intensidade
Na conversão dos pães,
das uvas produzindo vinhos
na comunhão entre espinhos
Deus santifica as mães
Mãe: única certeza
do sentimento puro
Mãe: anjo de doçura
santa de amor e beleza.
Puerpério - À Mãe
Sérgio Macedo
Há muito mais que o dito dos
poetas
Há muito mais mito e
compaixão
E não há cercas a lhe por
limites
Há mais que ancas que
dançam
O ritmo das fantasias,
Há mais que bustos
afrontosos
que chuva que cola a veste
fina
sobre uma verdadeira
escultura de Deus.
Há coragem, há desvelo,
Há todo um pesadelo a
açoitar o tempo,
Se o rebento, aquele que era
sua barriga
não estiver saudável,
a contento.
Toda a sensualidade, a
sedução esmorecem e se
tornam pálidas,
Todo o desejo torna-se
evanescente
Parece a fêmea mulher,
surgem a fêmea leoa,
leopardo fêmea
Protetora, ciosa da cria,
ciente de que sua falta
torna a cria presa fácil da
inexistência
Mulher puerpério
mulher fêmea-mãe
No bom sentido, a fera
protetora
sem amantes, sem outros
amores.
Minha avó
Regine Limaverde
Cabelo de nuvem,
numa cadeira
austríaca de balanço.
Terço na mão
e o medo da morte. Lembro-a.
Biscoitos champagne
guardados,
banana em rodinha
com leite Ninho,
Seus dedos preparavam. Lembro-a.
Palavras repetidas
gestos autoritários,
domingos com sabor de férias.
Dramas, jogos,
brincadeiras de rádio:
Era assim sua casa de saudade.
Mãe!
Divindade materna
Sensibilidade e doação
Amor incondicional
Solo de sustentação
Árvore da vida
Santuário de proteção
Oráculo de Deus.
Mãe!
Em teus braços
afago as minhas dores
Em teu coração,
faço morada.
Mãe!
Ofereço-te o céu,
manto do mundo,
as estrelas mais brilhantes do universo
o sol que aquece a terra
o orvalho da manhã
a chuva que fecunda a semente
o meu amor que te faz feliz.