Consciência cidadã

 

A adaptação ao novo quase nunca é imediata. Os espaços de Fortaleza vêm se modificando e o cidadão precisa se acostumar. Alguns que andam de carro não vão gostar do privilégio dos transportes públicos com as faixas exclusivas. Ou mesmo dos ciclistas, que, mesmo nas ciclofaixas/ciclovias, ainda esperam pelo respeito de motoristas.

A evolução chega e quem não acompanha fica para trás. No caso da mobilidade, a lição vem por meio de advertência, multa. Mas o cidadão se adapta. Utiliza as ruas e vias de Fortaleza ao seu e ao favor dos outros. Convivência é a palavra que leva a mobilidade a ter sucesso.

Interligar os modais foi um dos primeiros passos para tornar Fortaleza uma cidade mais democrática. Impor ao trânsito como ele deve ser, não somente por se espelhar em alternativas mundiais, é dever do poder público. Aos que não gostarem, a adaptação está aí.

Consciência cidadã, de o habitante saber que não é somente por ele ou para ele, mas para o todo, é o que aos poucos a mobilidade conquista nas ruas da Capital. Tem espaço para cada um. O respeito ainda precisa ser alcançado, mas ele está sendo conquistado.

O exemplo disso é o sucesso que fez o programa voltado para bicicletas (Bicicletar) da Prefeitura de Fortaleza. Deu certo. Houve até quem, da iniciativa privada, desconfiasse que iria funcionar. Mas o patrocínio surgiu de quem confiou (Unimed Fortaleza) e o projeto pedala a todo vapor. Ainda vai ser ampliado.

Por falar em crescer, a aposta na mobilidade virou também potencial de negócios. A ampliação em terminais está sendo feita. Mas, enxergou-se a possibilidade de lucrar com os mais de um milhão de usuários que passam, por dia, nos equipamentos da Capital. Supera a quantidade de qualquer grande shopping, que recebe em torno de 60 mil pessoas diariamente.

A iniciativa de transformar as áreas extras dos terminais deve custear os R$ 2,5 milhões gastos pelo Município para manter os equipamentos. Isso apenas por mês. A ideia é que empresas realizem exploração imobiliária, criando serviços como clínicas, faculdades, lanchonetes, lojas, entre outros. Como consequência, a infraestrutura dos locais deve melhorar.

Isso nos mostra que a mobilidade está além do carro elétrico, do ônibus, da faixa de pedestre, dos corredores exclusivos, das bicicletas. É mais do que pintar um chão, criar regras e construir túneis, viadutos e passarelas.
 Ela leva ao desenvolvimento do comércio, a partir do movimento do cidadão. Conseguir andar pela Capital, por duas horas, pagando uma única passagem leva o consumidor ao comércio do Centro, da Aldeota, do Papicu, dos mais diversos bairros, até mesmo da Região Metropolitana de Fortaleza.

A Cidade chega aos seus 292 anos cheia de repaginações. Vias tiveram sentido modificado. Mais que isso, algumas foram e estão sendo totalmente transformadas, como as avenidas Bezerra de Menezes e Aguanambi. Para o futuro, além dos espaços, o que se espera é a mudança, mas de cultura do cidadão na relação dele com a Cidade, com o outro.

As formas de se locomover no mundo

As diversas implantações de binários em Fortaleza, faixas prioritárias para ônibus, ciclovias e carros elétricos tiveram inspiração de vários lugares do planeta

Os carros elétricos foram inspirados no sistema de Paris (Crédito: Mateus Dantas)
 

As mudanças recentes na mobilidade de Fortaleza tiveram início com o polêmico binário que envolveu as avenidas Santos Dumont e Dom Luís, em 2014. De lá para cá, os ônibus, nas avenidas, tiveram sua velocidade aumentada em até 207%. Vieram outros binários, faixas prioritárias para transporte público, ciclovias, integração através do Bilhete Único (BU), estações de bicicletas e carros elétricos. E a inspiração para estas ações implantadas na Capital vieram de vários países.

“Quando começamos os trabalhos com o Paitt (Plano de Ações Imediatas de Transporte e Trânsito) havia uma necessidade muito grande de mostrar resultados concretos e impactos no tecido urbano da Cidade”, avalia o secretário executivo da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (SCSP), Luiz Alberto Sabóia.

O binário polêmico então se tornou o pontapé inicial do novo modelo de mobilidade, integrando ônibus e bicicleta como prioridade. Princípios que foram agregados à segurança das pessoas nas vias.

Sabóia diz que práticas de vanguarda no mundo inteiro tiveram o olhar dedicado dos técnicos da Prefeitura. “O sistema de carros elétricos (Vamo Fortaleza), em fase piloto, foi inspirado no sistema de Paris. Tivemos várias vídeoconferências para entender como era, as motivações, o que deu errado, o que aconselhavam”, lembra. As parcerias internacionais, que instruíram e projetaram Fortaleza, rendem conhecimento e certificações.

“A gente dá cara à Cidade com concreto, com asfalto, com tinta, com pincel, com calçada, com o que quer que seja. Depois, em função da forma que demos, a própria cidade também nos molda”, destaca o secretário executivo da SCSP.

O fôlego para continuar

As diretrizes para a mobilidade, a partir do Fortaleza 2040, já estão desenhadas para as próximas gestões municipais

A obra na avenida Aguanambi facilitará o trânsito do Centro à Messejana (Crédito: Mateus Dantas)
 

Entre os questionamentos sobre as ações executadas e sua continuidade, considerando ciclos políticos que se renovam e muitas vezes não são aliados, o projeto Fortaleza 2040 traz o fôlego necessário. É o que defende Luiz Alberto Sabóia, secretário-executivo da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (SCSP).

“Precisamos de uma visão ancorada na lei, e o 2040 é. Quando o projeto não estava pronto, nos perguntávamos se ele ia apontar outro caminho. Mas aí nos embasamos nas premissas da Política Nacional de Mobilidade e ancoramos os valores”, ressalta.

E já partindo das demandas do Fortaleza 2040, os técnicos do Paitt agora pensarão com mais afinco no trânsito do Centro. Uma audiência pública foi realizada no fim de março, junto a comerciantes do bairro, e discutida a hipótese de implantar faixa prioritária na avenida Duque de Caxias.

“Faria a ligação de toda a malha viária exclusiva que vem do Oeste, na Bezerra de Menezes. Chegaria no Centro e faria ligação com o corredor Messejana/Centro (sendo executado na avenida Aguanambi)”, explica.

Outras vias do Centro também estão sendo estudadas para receber faixas, como a Castro e Silva e a João Moreira. Conforme o Fortaleza 2040, o modal indicado para o Centro, na verdade, é o bonde.

Porém, conforme Sabóia, como a implantação ainda pode demorar, o transporte público tem capacidade de cumprir o papel de locomoção. “Estamos discutindo se é interessante antecipar isso com o modal ônibus. Depois substitui”, frisa.

E apesar de ainda passar por adaptações, o modelo de mobilidade urbana em Fortaleza é exemplo em outros países. O prefeito Roberto Cláudio o apresentou, na última terça-feira, na sede do World Resources Institute (WRI), em Washington, D.C., nos Estados Unidos, como parte da programação do “Seminário de Pesquisas sobre Cidades”, promovido pelo WRI. Além dos projetos já existentes, o prefeito destacou o programa de segurança viária que consiste em medidas que ajudaram a reduzir o número de mortes no trânsito ao menor número dos últimos 15 anos.

O destaque a faixas prioritárias

Dimas Barreira, presidente do Sindiônibus, fala da necessidade de priorizar o transporte público (Crédito: Mateus Dantas)
 

Para o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus), Dimas Barreira, as mudanças que Fortaleza tem vivido são tendência em todas as grandes cidades brasileiras.

“A lógica do transporte coletivo está se modificando por conta própria. A gente defende obras de pequena monta. O que tem ajudado muito a Cidade são as faixas exclusivas, que você precisa basicamente de tinta e controle por radar”, argumenta.

Essa iniciativa, implantada em mais de 100 km de via, tem colocado Fortaleza em destaque nacional. “Isso é o que pereniza o transporte”, avalia Dimas. Ele lembra que mais de 70% da população da Capital usam transporte coletivo e por muito tempo nunca tive prioridade no trânsito.

“O trânsito parava e o transporte público parava junto. Aí você tem um carro, com uma pessoa, disputando espaço com um ônibus, com dezenas. Isso é democraticamente impensável”, pondera.

Vida que flui pelas ciclovias e ciclofaixas

A história da ciclista que teve o cartão do Bilhete Único mais usado na Capital

Roberta Mariconi pelas ruas da Capital (Crédito: Mateus Dantas)
 

Roberta Moriconi Freire Schardong, 46, bióloga, mora em Fortaleza há oito anos. Em 2017, seu cartão do Bilhete Único foi um dos mais usados pelo Bicicletar. Ela mora no bairro Aldeota e tem três filhos. A bicicleta é, sim, o principal modal de locomoção. Universidade, escola, casa de amigos, áreas de lazer de Fortaleza. São os destinos que, providos de ciclofaixas, ficam mais fáceis de serem acessados pelo meio de locomoção.

“A ideia de usar o Bicicletar, meses depois que colocaram uma estação perto de casa, foi minha. Mas depois que eles (filhos) foram crescendo, ficando mais independentes e precisando fazer deslocamentos mais rápidos, foram aderindo”, conta.

Para Roberta, o maior benefício é não ficar presa no trânsito. Para os meninos (de 16, 18 e 19 anos), a vantagem é não precisar andar de ônibus. “Conhecer Fortaleza de bicicleta é uma experiência mais real com a Cidade. Mas também ainda tem locais que precisam ampliar ciclovias para que essa exploração seja maior”, sugere.

A bióloga afirma que, em locais sem ciclovia, é quase impossível fazer uso do modal. Embora já tenha tido situações que, mesmo na faixa exclusiva, o respeito não prevaleceu. “Pela intensidade do trânsito e também pela falta de respeito das pessoas em cumprirem regras básicas. Já tivemos situações onde enfrentamos motocicletas e caminhões parados na faixa e veículos avançando para ultrapassagem”, detalha.

Os medos,  entretanto, não a tira das vias. Nem a faz temer mais pelos filhos. “É uma questão de pôr em prática a cidadania, a visão do bem comum, do comprometimento com o meio ambiente e com a própria saúde, através da atividade física”, acredita Roberta.

Do passado ao potencial de futuro

Os terminais de integração existem há mais de 20 anos e mudaram a lógica de locomoção em Fortaleza. Após reformas e melhorias, partem agora para gerar lucro e negócios

O Bilhete Único foi uma forma de integrar o sistema de transporte público na Cidade (Crédito: Mateus Dantas)
 

Já são 26 anos de um sistema de transporte público na Capital e muito já mudou. Os terminais de integração possuem dois tipos de linhas: as que fazem a ligação bairro-terminal e as que levam pessoas ao Centro ou a outro terminal. O surgimento do equipamento foi um divisor de águas na mobilidade, provocou mudança na dinâmica de movimentação do cidadão. Para o futuro, a Prefeitura de Fortaleza pretende aproveitar a potencialidade de mais de um milhão de pessoas circulando pelos terminais.

Desde 2013, essa lógica do integrar foi facilitada com a criação do Bilhete Único (BU). O usuário passou a ter a possibilidade de utilizar, por até duas horas, quantas linhas necessitasse, realizando embarque em qualquer um dos cerca de cinco mil pontos de parada espalhados pela Cidade, pagando uma passagem.

Junto à estruturação da rede, os terminais passaram por reformas e melhorias, com a instalação de painéis de previsão de chegada dos ônibus, rede Wi-Fi gratuita, estante de livros do “Terminal Literário” e instalação do bicicletário. O terminal do Antônio Bezerra foi reconstruído, com ampliação de quase o dobro da área original. O de Messejana também passa por reforma, com a primeira etapa concluída.

Diante da potencialidade econômica dos terminais de Fortaleza, os equipamentos deverão receber minishoppings. Por meio de parceria público-privada (PPP), empresas poderão construir empreendimentos nas áreas externas dos equipamentos e alugar os espaços. Um estudo de viabilidade deverá ser realizado e a ideia é excluir do orçamento do Executivo os cerca de R$ 2,5 milhões de gasto mensal para manutenção dos terminais. Parte do novo projeto é também a implantação de dois miniterminais, um na avenida Washington Soares e outro no bairro José Walter.

“A exploração imobiliária gera renda para financiar ampliação e funcionamento dos terminais. Essa é a conta mais redonda de PPP que nós temos”, avalia o secretário Municipal do Governo, Samuel Dias. Ele compara ainda que, os maiores shoppings de Fortaleza recebem cerca de 60 mil pessoas por dia, enquanto em cada um dos terminais o fluxo é de 100 mil usuários diariamente.

A nova Luos se encontra com a Cidade

As leis também focaram na fluidez da Cidade. As vias e seus usos estão previstas na nova Lei de Uso e Ocupação do Solo

A avenida Aguanambi passa por modificações no âmbito da mobilidade (Crédito: Mateus Dantas)

É com base na Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (Luos) que são definidos fluxos em ruas e avenidas de Fortaleza. Traçado, largura, classificação. Aspectos definem a hierarquia das vias e, consequentemente, o que elas podem suportar. Há quase oito meses vigoram as novas regras da Luos, que mesclam cidade, mobilidade e comércio. Há ainda outros parâmetros para construção e instalação de empreendimentos comerciais e ampliação das Zonas Especiais de Dinamização Urbanística e Socioeconômica (Zedus).

"Por esta Lei, os usos são adequados e permitidos conforme a classificação da via, se é expressa, arterial, coletora e/ou local. As vias expressas são hierarquicamente superiores às arteriais e coletoras. Com isso, os usos acontecem também proporcionais, ou seja, os de grande porte (em relação à área), preferencialmente nas expressas e arteriais. Os de médio porte nas coletoras e os de pequeno porte nas locais”, explica a titular da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), Águeda Muniz.

Em Fortaleza, todas as atividades - exceto aquelas incômodas ao meio urbano - podem acontecer em qualquer área. O que varia, então, é o porte de cada uma em relação à hierarquia da via. Chama-se isso de uso misto, que é melhor estruturado quando está ligado aos corredores de transporte público da Cidade. “A mobilidade urbana está intrinsecamente relacionada aos parâmetros de uso e ocupação do solo”, destaca a secretária.

Parte desse contexto é a infraestrutura viária, também produto da própria Luos. Portanto, na revisão de qualquer lei de ordenamento urbano, os novos desenhos, principalmente os estruturais de grande porte, como túneis e viadutos, devem ser avaliados. O objetivo é que, a partir dessa avaliação, seja proposta a ocupação também no entorno desses equipamentos. Tipos de uso, circulação e transposição, faixas de segurança e vitalidade urbana.

Interligando planos e leis - e destacando a importância desse diálogo estrutural- a Lei é produto complementar ao Plano Diretor Participativo de 2009 e deve seguir suas diretrizes. “O Fortaleza 2040 é um plano estratégico de diretrizes que orientam o desenvolvimento da Cidade em sentido amplo. No entanto, a Luos contempla alguns conceitos desse plano. Os corredores de urbanização do Fortaleza 2040 correspondem às Zonas Especiais de Dinamização Urbanística e Socioeconômica (Zedus), regulamentadas pela Nova Luos”, exemplifica Águeda.

Os espaços pedem novas leis

A secretária Águeda Muniz destaca a importância das leis para a mobilidade na Cidade
 

Uma das maiores necessidades de renovação do texto da Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos) de Fortaleza se pautava no crescimento da Cidade, da população e das formas de utilização dos espaços. A Luos em vigência era de 1996 e normatizava uma realidade urbana em consonância com o zonamento estabelecido por legislações de 1992. Fortaleza se modificou e apresentou novas demandas e outras atividades econômicas. Mais de uma década depois, a partir do novo Plano Diretor, em 2009, era inevitável a revisão das normas urbanísticas  voltadas para a adequação dos usos.

“Neste sentido, a nova Luos reconhece a formação de centralidades e corredores de concentração de atividades não residenciais, aproximando a cidade real da legal, proporcionando ao cidadão a possibilidade de formalizar as atividades já existentes, fomentando o desenvolvimento de novas atividades socioeconômicas e a geração de emprego e renda”, argumenta a titular da Seuma, Águeda Muniz. O objetivo era viabilizar a lógica do morar, trabalhar e do lazer sem grandes deslocamentos.

Entre as principais mudanças da Luos elaborada em 1996 e do texto finalizado em 2017, a legislação inclui novos sistemas de circulação. Dá destaque ao cicloviário, que reduz a quantidade de estacionamentos exigidos, para liberar mais espaço aos pedestres, e de áreas livres.

“Desta forma, proporcionando uma maior adequação das atividades já existentes, sua ampliação a curto e médio prazos, além de possibilitar que novos negócios sejam implantados já com uma área mais próxima da realidade da cidade atual”, analisa Águeda.

 

O QUE A LUOS DEFINE SOBRE O SISTEMA VIÁRIO DE FORTALEZA

_Básico Estrutural é composto por vias com função de articulação viária, nos âmbitos regional e intramunicipal

Vias expressas: de articulação interestadual e intermunicipal, destinadas a atender grandes volumes de tráfego de longa distância e de passagem, com elevado padrão de fluidez, com vias auxiliares de acesso às demais vias.

Vias arteriais I: articulação intermunicipal e interbairros, destinadas a interligar áreas com maior intensidade de tráfego e polos de atividades ao sistema de Vias Expressas, com objetivo de promover melhor distribuição do tráfego nas vias arteriais II, coletoras e locais, conciliando estas funções para melhor atender ao tráfego local, com bom padrão de fluidez.

 

_Básico Complementar é composto por vias classificadas como

Arteriais II: vias de interligação de áreas de grande intensidade de tráfego e polos de atividades com arteriais I, visando a melhor distribuição do tráfego nas coletoras e locais.

Coletoras: coletam e distribuem o trânsito de entrada ou saída das vias expressas e vias arteriais, assim como do tráfego das vias comerciais e locais. Distribui para arteriais e expressas, com função de hierarquização dos fluxos de tráfego urbano. Servem de rota de transporte coletivo e para atender na mesma proporção o tráfego de passagem e local.

Comerciais: para tráfego local e dar suporte ao comércio e serviços geral.
Paisagísticas: limitado padrão de fluidez, tendo como objetivo valorizar e integrar a Macrozona de Proteção Ambiental;
Locais: destinadas a atender ao tráfego local, com baixo padrão de fluidez.

Corredores turísticos: contêm estabelecimentos voltados ao turista. Onde circulam fluxos turísticos no cumprimento de seus itinerários e fazem conexão entre as áreas, complexos, atrativos turísticos, receptivo turístico e os locais emissores de turismo local.

 

_Rede Cicloviária é composta por ciclovias, ciclorrotas e passeios compartilhados

Dimensões para Ciclovias/Ciclofaixas:

-Unidirecional (de 1,20 m a 1.50 m)

-Bidirecional (de 2,40 m a 2,60)

É preciso garantir a mobilidade urbana

A mobilidade urbana é assunto hoje de foco em Fortaleza. Desde de 2015, Fortaleza é um dos 3.000 municípios no País que precisaram elaborar seus planos de mobilidade urbana para receber investimentos do governo federal voltados a projetos no setor.

As políticas públicas de Fortaleza avançaram notoriamente desde então com a instalação de binários, faixas exclusivas para ônibus, VLT, BRT, ciclofaixas, ciclovias, passarelas, bicicleta compartilhada, carro elétrico compartilhado. Avançamos ainda mais com a regularização dos parklets, ruas compartilhadas e aplicações de urbanismo tático com resultados otimistas.

Acredito que estamos caminhando também para compreender melhor como cidadãos, que os resultados dessas ações não interferem apenas na locomoção ao longo das regiões de Fortaleza que concentram a maior parte dos serviços e empregos. O objetivo maior dessas ações é oferecer condições para garantir a livre circulação e a convivência benéfica das pessoas entre as suas diferentes áreas. São ações que devem ir para além do campo de infraestrutura básica de vias urbanas ou de transporte público.

Estamos chegando num ponto essencial no debate em que devemos questionar a cultura do carro individual. Esse que tem sido o maior causador o inchaço do trânsito, dificultando a locomoção dos demais, ameaçando inclusive o pedestre pelos excessos de velocidade e competição por espaço.

Também é o momento de entender os receios de muitos em caminhar por nossas ruas, que não só diz respeito a qualidade de calçadas ou iluminação. Mas também a sensação de insegurança nesse momento conflituoso que estamos passando, resultante da imensa desigualdade social.

Esse é um dos maiores desafios na atualidade tanto para Fortaleza, quanto para outras cidades. Garantir a mobilidade humana (termo mais apropriado, já que estamos falando de pessoas na urbe), é defender também os direitos do cidadão de ir e vir e de usufruir os espaços da cidade como palco da prática cidadã.

Laura Rios, arquiteta e Co-idealizadora da Estar Urbano

 

 

 

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