Os caminhos da prevenção

As ações e as práticas cotidianas que contribuem para manter jovens e adultos longe das drogas. Onde a prevenção começa e onde deve ser fortalecida.

Editorial

Drogas é um assunto que deve engajar toda a sociedade. Não apenas quem enfrenta o problema. Até porque para evitar a grave doença da dependência química o primeiro passo é a prevenção e ela começa com o diálogo. “Escolas, igrejas, famílias, meios de comunicação, políticas públicas, universidades, sistemas de saúde. Com informação e diagnóstico precoce”, avalia o psiquiatra Fábio Gomes.

O empoderamento feminino, a presença atenta da família, as ações de conscientização nas escolas e nas comunidades são estratégias que garantem o sucesso de deixar, principalmente, os jovens longe das drogas. Nas páginas a seguir, apresentamos como mulheres buscam forças para conduzir os problemas dentro de casa e também não se deixarem levar pela dependência. E como o álcool, uma droga lícita, é um caminho que pode ser devastador. Além disso, o que fazer ao descobrir que seu filho, ou ente querido, está usando drogas. É um convite para você ler e espalhar a cultura do diálogo sobre o tema. Essa é a arma principal na luta da prevenção.

Boa leitura!

Carta de uma mãe

“Falar sobre dependência química é uma forma de partilhar o que eu já vivi. As histórias são parecidas. A primeira reação quando você sabe que um ente querido está usando drogas é a de não acreditar. E assim aconteceu comigo. Jamais podia imaginar que uma pessoa, com mais de 24 anos, que não bebia ou fumava, podia estar envolvida com drogas. Eu achei que meu ente querido estava com o comportamento diferente. Porque a mãe percebe quando o comportamento está diferente. Mas ela não sabe é o que está acontecendo.

Meu ente querido era casado e, mesmo com 24 anos, tinha sua própria casa, seu carro, sua vida. Trabalhava desde os 14 anos. Tudo isso não era indicador para mim de que existia droga. Para mim, a pessoa que usava drogas não trabalhava, não estudava, não tinha nada na vida. Era de rua. E foi aí onde eu me perdi. Eu era uma ignorante sobre essa questão de drogas.

Eu soube que meu ente querido era envolvido com drogas quando ele não aguentou mais e disse que estava viciado e que o traficante tinha entrado na minha casa e levado objetos. Para mim aquilo foi um choque tão grande que eu não sabia o que fazer. E a ignorância era tão grande que a primeira providência foi mandar pagar para devolverem as cosias. Achava que ali tudo estava resolvido.

Cometi todos os erros de amor que você possa imaginar. Todos. Foram quatro anos. Entre entradas e saídas de clínicas de recuperação, eu fiz tudo que meu ente querido pedia. Enquanto eu agia dessa forma, as coisas só pioravam. Mas olhe, todos os erros de amor eu cometi. Porque eu sou do tempo, com 73 anos, daquela poesia de Coelho Neto que diz: “ser mãe é desdobrar em fibras o coração, ser mãe é ter tudo e não ter nada, ser mãe é padecer no paraíso”.

Eu achava que amor era só doação. Eu errei quando tive a prepotência de querer resolver. Ora, se eu gerei, se eu pari, como é que eu não tenho poder sobre essa pessoa? Comecei a perceber os meus erros de amor. E a primeira coisa que eu aprendi foi: eu amo você, mas não aceito o que você está fazendo de errado. E comecei a perceber que eu podia amar sem facilitar. Eu achava que podia mudar as pessoas, mas eu só posso mudar a mim mesma. Aos outros eu só posso amar.

Quando encontrei Deus aí percebi o meu real tamanho, percebi os erros de amor que eu já tinha cometido. E comecei a mudar o meu comportamento. Eu aprendi a dizer não. Enquanto eu desdobrava fibra por fibra o coração, eu não tinha conseguido nada. Só mudança de endereço foram três. Achava que mudando a casa o problema estava resolvido.

Meu ente querido viveu na rua durante dois anos, convivendo com todos os problemas e perigos. Eu pensei e disse: eu não posso mais ir lá, porque sempre que eu vou eu estou dando força, porque eu estarei sempre presente. Esse não foi o mais difícil.

Eu entrei em recuperação, meu ente querido entrou em recuperação. Hoje, dia 14 de julho, ele faz nove anos de recuperação. Está trabalhando, refez a sua vida, tem filho. Vive em paz. A dependência química é uma doença silenciosa, mas ela desagrega toda a família. E nós não queremos acreditar, mas é melhor acordar enquanto há tempo. Perceber a mudança de comportamento, estar atenta. A droga hoje é a peste do século XXI. Hoje eu vivo em paz, permaneço nas salas de autoajuda. Procuro ajudar famílias que hoje passam o que eu já passei. Sozinhas, estamos perdidos. Na comunidade, encontramos a nossa força”,

Marta

A prevenção envolve todo mundo

Um dos principais objetivos da sociedade deve ser a prevenção sobre o uso das drogas. Prioritariamente entre os jovens, que ainda não possuem maturidade cerebral para lidar com a problemática

Por Sara Oliveira

Um jovem de 12 anos já tem a área cerebral que sente prazer desenvolvida. Mas só aos 25 o córtex frontal, área do “não, pense e reflita”, estará apta para funcionar. Essa é a janela ideal para que as drogas consigam entrar na vida de milhares de adolescentes. Por isso, todas as ações preventivas devem ter como foco a educação, as escolas, o diálogo e a família.

“Infelizmente as estratégias preventivas ainda são aquém da necessidade. Toda a sociedade precisa estar envolvida. Escolas, igrejas, famílias, meios de comunicação, políticas públicas, universidades, sistemas de saúde. Com informação e diagnóstico precoce”, avalia o psiquiatra Fábio Gomes. E quando se fala em drogas, entende-se as lícitas e as ilícitas, do cigarro à cocaína. Todas prejudicam, distanciam e podem resultar em internações, violência e morte.

A aposta na prevenção é fundamental. Para crianças, jovens, mulheres e homens. Com educação, acolhimento e política. O coordenador adjunto da Coordenadoria Especial de Políticas sobre Drogas, Erasmo Lena, diz que a prevenção consiste no desenvolvimento seguro e saudável, principalmente de crianças e jovens. “Temos uma compreensão sobre o que torna os indivíduos vulneráveis, os fatores de risco, tanto no ambiente pessoal como no coletivo. Por isso a importância de trabalharmos de forma intersetorial”, analisa.

No Ceará, 4.518 assassinatos foram registrados em 2018. Muitos deles, de acordo com a Polícia, resultado da violência, que deriva diretamente do uso de drogas, que move o tráfico e faz o ciclo do vício acontecer. “A gente sabe que o que há de mais eficiente no mundo é a prevenção. Além de ser mais barato, essa concepção de chegar antes cria uma consciência e uma capacidade de se autorregular”, avalia o porta-voz da Polícia Militar de Fortaleza, capitão Messias Mendes.

As ações de prevenção podem ser em grupo, numa conversa, no terminal de ônibus, na sala de aula ou na sala de casa. E precisa envolver toda a sociedade, reforçadas por políticas públicas que contemplem vários eixos de atuação. Precisa chegar ao máximo de pessoas. Ser eficaz, falar a mesma língua e pensar em resultados a curto, médio e longo prazo.

Prevenção 

Incluir os pais na prevenção é uma grande jogada. Orientando, falando dos cuidados com os filhos, dos valores, das atitudes de bem. Os incentivando a conversarem e estarem próximos 

Mulheres: empoderar e prevenir

Vítimas de violência e muitas vezes protagonistas do lar, o olhar para as mulheres precisa ser parte das ações preventivas contra o uso de drogas

Por Sara Oliveira

Foto: AURÉLIO ALVES
Abordagem do empoderamento feminino é estratégia para deixar mulheres longe das drogas

Fortalecer. Em um dos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), um grupo de mulheres dava as mãos. Ouviam e escutavam. “A prevenção vai para além do uso das substâncias, vai para a prevenção do autocuidado, a prevenção da saúde mental”, destaca a assessora técnica do núcleo de capacitação da Coordenadoria Especial de Políticas sobre Drogas do Município de Fortaleza, Aline Virna. Responsável pelas ações de prevenção, ela ajuda a colocar em prática uma oficina com mulheres que são atingidas pelo uso de drogas.

A maneira encontrada pelo grupo para chegar mais perto dessas mulheres foi a abordagem da violência doméstica e do empoderamento feminino. Considerando que as violências física e psicológica, que ainda fazem muitas vítimas, podem deixar a mulher mais fragilizada, pronta para achar nas drogas uma rota de fuga. “Temos o papel de fortalecer essas mulheres, ofertar a escuta e proporcionar a roda de diálogo e de troca de experiência. Um espaço onde elas constroem um vínculo, que mesmo temporário, é importante”, explica Aline.

Junto ao grupo Somos Todas Marias, que através da arte cênica tenta discutir temas relacionados à mulher na sociedade. “Elas dramatizavam, trazendo um pouco do lúdico, desse enfrentamento da violência contra a mulher, e a gente trazia um pouco da experiência, falando sobre prevenção”, complementou a Aline. Os relatos mais recorrentes nas rodas de conversa, segundo ela, trazem consigo as marcas da privação e da agressão, desde um beliscão até a privação total de autonomia.

Dar voz, reconhecer, notar potencial, valorizar. A contribuição para uma sociedade mais saudável e sem drogas passa por essa valorização de si. O impacto dessa prevenção começa, mais uma vez, na família. “O primeiro ambiente em que a gente constrói esse vínculo do diálogo é a família, fortalecendo a criança, para que ela se sinta amada e segura para fazer boas escolhas ao longo da vida, desenvolvendo habilidades em busca de um futuro melhor”, avaliou Aline.

Estudos vêm mostrando que uma supervisão respeitosa e o diálogo no seio familiar são fatores preponderantes no retardo do uso de substâncias. Fundamental para que se fuja da janela de oportunidade que envolve condições de desenvolvimento cerebral dos jovens de 12 a 25 anos. Os pais precisam não só amar seus filhos, mas incentivá-los, estarem perto, estimulando. “Precisam trazer à luz as habilidades de autoestima, autoconhecimento, assertividade e amorosidade”, frisa.

Para onde Município e Estado olham

No Estado, ações e projeto estão sendo reestruturados. Em Fortaleza, foco é na intersetorialidade que facilite encaminhamentos e efetivação de políticas públicas

Por Sara Oliveira

O poder público é um dos grandes pilares para a prevenção ao uso de drogas. Isso porque está em seu bojo de atribuições promover direitos básicos que, se concretizados de forma adequada, conseguem obter significativos resultados. Mais uma vez: principalmente com os jovens. No Ceará, os principais eixos trabalhados são os de prevenção, acolhimento, atenção e cuidado, além da reinserção social e profissional.

O Ceará possuía, até o ano passado, a Secretaria de Políticas sobre Drogas, ativa desde 2015. Seu principal objetivo era desenvolver programas de prevenção em escolas (ensino médio e fundamental), programas de prevenção voltados para as famílias, projetos para pessoas em situação de rua (tendo em vista um aumento enorme desse segmento e a sua relação direta com a dependência química), programas de qualificação profissional. As atribuições da pasta, entretanto, foram inseridas às da Secretaria de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos. Os projetos existentes ainda estão sendo reestruturados para que seja possível dar continuidade.

Na Capital, é a Coordenadoria Especial de Políticas sobre Drogas (CPDrogas) que tem papel decisivo em relação a ações e projetos de prevenção. Comitês territoriais são articulados, profissionais da rede de atenção da Coordenadoria discutem casos e tentam solucionar demandas relacionadas à temática preventiva em cada território. “Assim é mais fácil compreender e acordar entre diversas políticas como os encaminhamentos devem ser realizados. Partindo das atribuições de cada serviço, de cada secretaria do Município”, explica Erasmo Lena, coordenador adjunto da CPDrogas.

Essa articulação prevê as diversas situações que derivam da temática de drogas. Conflitos com a lei, violência nas escolas, situações de risco, vulnerabilidades sociais, rompimento de vínculos familiares, evasão escolar. “A gente tenta pactuar tudo isso, todo esse fluxo, com o serviço da rede interssetorial em cada território”, explica Erasmo. Um dos projetos executados é o Construindo Sonhos que, baseado em diretrizes internacionais, prevê metodologias e atividades pensadas de acordo com cada público.

“Cada situação é diferente, o que faz com que seja necessário pensarmos o que vamos abordar. Geralmente levamos uma atividade lúdica, que trabalha as habilidades da vida, independente de se falar especificamente sobre o tema droga”, detalha o secretário-adjunto da CPDrogas. Conforme ele, metodologia e instrumentos utilizados provocam uma reflexão pessoal e criativa na construção de uma cultura de paz na sociedade.

Ações de prevenção e acolhimento podem ser encontradas no Centro Integrado de Referência sobre Drogas, na avenida Rogaciano Leite, 1729, das 8 horas às 17 h.
Telefone: (85) 3452-7296

Ações preventivas realizadas em Fortaleza

Ação permanente nos terminais de integração: com orientação sobre a Rede de Atenção Integral aos usuários de álcool, crack e outras drogas, levando informação para quem conhece e/ou enfrenta problemas com álcool e outras drogas a partir das estratégias de redução de danos. Desde 2013 já foram 15.037 ações.

Abordagens sociais em parceria com outras Secretarias municipais, com o intuito de sensibilizar usuários de drogas que vivem em situação de rua para o tratamento, além de visitas domiciliares. Desde 2013 já foram 3.417 ações

Projeto Construindo Sonhos

Trilhando Habilidades: consiste na utilização de metodologias e instrumentos lúdicos que atuam na prevenção ao uso de álcool e outras drogas, fortalecendo os fatores de proteção e minimizando os fatores de risco. É ofertado para os equipamentos municipais e/ou do terceiro setor. Desde 2016 já atingiu 1.102 pessoas.

Ações anuais

Semana Municipal de Conscientização ao Alcoolismo Infanto-Juvenil (instituída em 2017) e Semana Municipal sobre Drogas (instituída em 2015). Entre 2013 e fevereiro de 2019 foram 10.495 pessoas participantes.

Programa Tamojunto

Do Governo Federal - iniciado em 2013 a 2016, com pausa em 2017 e retorno em 2018. Capacitação realizada no último mês de março com os profissionais da educação e saúde. Contemplou cerca de 5 mil alunos e seus familiares.

Implementação dos Comitês Territoriais

Das Regionais II, III e V com objetivo principal de integrar os diversos serviços da Rede, de forma corresponsável e articulada, para os devidos encaminhamentos e resolução dos desafios relacionados ao uso problemático das drogas nas suas diversas situações.

Cuidando do Cuidador

Ações realizadas em prol dos profissionais da Rede, uma atenção centrada naquele profissional que dedica a sua vida a cuidar do outro, trata-se de um cuidado humanizado que qualifica o trabalho em saúde.

Policial na escola para ensinar a resistir

Programa nacional de prevenção primária consiste na atuação de policiais em sala de aula. Ideia é ajudar a enfrentar desafios

Por Sara Oliveira

É na escola onde vidas são compartilhadas. Onde o que se vive em família se mistura com o que se aprende em sala de aula. É reflexo do bairro, do vizinho e do conhecimento. De acordo com o capitão da Polícia Militar, Messias Mendes, no ambiente escolar é que é possível encontrar a sociedade na sua maior complexidade. Então é lá onde policiais se juntam a crianças e adolescentes para tentar fazer com que eles compreendam os efeitos das drogas.

Considerado um dos maiores programas de prevenção primária do País, o Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd) está no Ceará desde 2001. Chegou a 100 municípios e diplomou 600 mil crianças. “A ideia é criar jovens mais resistentes aos problemas sociais, aos desafios da vida, às frustrações. Trabalhar a habilidade cognitiva-emocional no sentido de que é preciso enfrentar a vida como ela é”, resume Messias. Nesses desafios estão a pobreza, a morte de um amigo, a perda de um pai. E o objetivo é mostrar: a droga não é um ponto de fuga.

São encontros semanais, durante um semestre letivo. Os estudantes recebem um livro que aborda aspectos como autoestima, resolução de conflitos, formas de analisar problemas antes de solucioná-los, além de ressaltar atividades positivas como esporte, cultura e lazer. “A gente não aborda diretamente as drogas, nós mostramos caminhos paralelos na vida. Mostramos que existem outras fontes de prazer”, considera.

Um dos papéis do Proerd é desconstruir a imagem negativa do policial. Com aulas dinâmicas, utilizando música, livros e até brincadeiras, as crianças mudam um pouco a percepção do policial sério que patrulha as ruas. “De repente a criança está com um policial brincando, dançando, abraçando, interagindo. Você vai desconstruindo a imagem de um policial repressor e constrói a imagem de um policial protetor e comprometido com a boa formação social dela”, acrescenta o capitão da PM.

O álcool, mais uma vez, é foco de ações preventivas. E exige concepções que vão além do fato de que “você precisa se manter longe das drogas”. Para Messias, é preciso ser consciente de que não é por ser uma droga lícita que não causa um efeito dramático à sociedade. “As drogas estão muito presentes nas relações sociais, mas o homem precisa saber administrar isso. A abordagem consciente sobre o uso das drogas é muito mais profunda do que a compreensão superficial de que ela é um ‘bicho papão’ e que por isso as pessoas acabam não discutindo com responsabilidade. Adquirindo uma inabilidade sobre esses entorpecentes, tão presentes na vida social”, detalha.

 

O álcool e seu efeito devastador

Por Sara Oliveira

Lícita, o álcool está entre as drogas que exigem ainda mais ações preventivas. 

O cenário atual das drogas no Brasil tem um vilão comum, que perpassa espaços e pessoas todos os dias e de todas as formas. O álcool é considerado uma droga lícita e ao alcance da faixa etária de maior risco: os jovens. “Continua sendo amplamente consumido, inclusive por menores de 18 anos, o que é proibido por lei. Existe uma dificuldade que é em relação à propaganda, que obviamente não deveria acontecer”, afirma o psiquiatra Fábio Gomes. Atualmente, a proibição para publicidade de bebidas alcoólicas acontece apenas para marcas com teor de álcool acima de 10%. As cervejas, por exemplo, têm 5%.

O especialista destaca a importância da família, considerando que filhos de pessoas dependentes de bebida alcoólica têm mais probabilidade de também serem dependentes. “Não existe nenhuma política pública para cuidar dos filhos de dependentes, seja de qual droga for. Então é extremamente necessário que a família participe, esteja atenta”, ressalta Fábio.

A prioridade será chegar primeiro, com recursos precoces em relação ao atendimento. Hoje, uma das políticas mais atuantes de saúde mental no Ceará são os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) Álcool e Drogas -AD. “Mas a atuação dos Caps já é numa prevenção terciária, quando o problema já está crônico. Precisamos enfrentar mais cedo, quando o problema ainda não existe. Ou está no começo”, avalia o psiquiatra.

AS DROGAS NO BRASIL

A substância ilícita com maior prevalência de uso é a maconha

4,3%

É o número de adolescentes (597 mil pessoas), que já usou maconha

5,8%

É o número de pessoas adultas que declarou já ter usado maconha alguma vez, correspondendo a 7,8 milhões de pessoas

800 mil

É o número do uso do crack na população brasileira (0,7%)

Fonte: Levantamento Nacional de Álcool e drogas (2013)

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Drogas Nunca Mais

Acolher para curar

As consequências que as drogas trazem na vida do ser humano e da família do dependente devem ser acolhidas e enfrentadas com sensibilidade e disciplina. Há tratamento.

Tratamento precisa ser individual e sem preconceitos

O plano terapêutico depende de cada adicto e de sua realidade. A família e a sociedade também são responsáveis pelo sucesso do tratamento

Acolhimento. Esse é primeiro passo para ajudar alguém que faz uso de drogas. Acreditar que você, familiar, é codependente do vício do seu ente querido. Saber que precisa se tratar para ajudá-lo. Ao adicto, deve ser garantida a oportunidade de um tratamento que o veja de forma individual, sem preconceitos. Para que alguém que use drogas pare de fazê-lo é preciso ajuda. E o principal aliado é a família. Além de políticas públicas que garantam o suporte necessário.

“Abraçar e escutar o sofrimento daquele indivíduo e ver nisso um ponto de partida para o tratamento”, afirma a gestora do Hospital Dia Elo de Vida, Sandra Coelho. A instituição acolhe adictos que já passaram pelo processo de desintoxicação. É importante que o indivíduo tenha segurança de que aquele sofrimento vai passar e que ele terá apoio para que isso aconteça.

“Para nós, significa dizer: olha, que bom você ter chegado, eu ainda tenho uma vaga, venha”, conta Sandra. E aí um longo e diário caminho começa. O tratamento não é uma bula de remédio. Não possui indicação única. Um indivíduo tem sua própria história, pode apresentar comorbidades específicas e vive em uma realidade social que é apenas dele. Para o psiquiatra Eduardo Bacelar, o melhor tratamento é o que se adequa à demanda do adicto, ao seu contexto familiar e social. “A partir daí nós identificamos as necessidades dele, avaliamos o diagnóstico psiquiátrico e as doenças associadas”, explica.

A importância de falar em tratamento traz a reboque a necessidade de que a sociedade compreenda que o uso de drogas é uma doença. Isso reduz o preconceito e aumenta as possibilidades de recuperação. “Hoje já não é como há 10 anos, quando se achava que era apenas falta de vergonha. A própria família dizia que aquela pessoa não queria nada com a vida. Hoje sabem que é uma questão de saúde e por isso levam seus entes ao Centro de Atenção Psicossocial (Caps)”, destaca a coordenadora de um dos Caps AD (Álcool e drogas) de Fortaleza, Ticyane Neiva Saunders.

A sua vez pode chegar! É preciso dar o primeiro passo

Antônio conta que pedia a Deus que o tirasse das drogas. Ele saiu, casou, suportou a dor da perda e segue aconselhando: dá o primeiro passo

“Chegou a tua vez, chegou a tua hora, anota o número”. A mensagem ouvida no rádio foi o acolhimento que Antônio (nome fictício) precisava para mudar a vida. Ele cresceu vendo familiares fazendo uso de bebida alcoólica, de drogas e até se prostituindo. Aos 15 anos acabou entrando no roteiro familiar. Álcool, cigarro, maconha e cocaína. Depois que o pai morreu, vítima de uma cirrose, a situação se agravou. “Algumas vezes usei drogas chorando, pedindo a Deus que me tirasse daquela situação”, lembra.

E ele saiu - ou foi tirado. Quando soube da inauguração da Casa Terapêutica Grão de Mostarda pelos sons do rádio, Antônio se propôs a um novo recomeço. Conta que voltou a ter esperança, a viver. “No outro dia eu estava internado dando início ao meu processo de restauração, minha mãe não aguentava de tanta emoção. Eu sabia que seria difícil, mas não imaginava o quanto”, afirma Antônio. A abstinência inicial foi a maior dificuldade. O corpo sentiu, nascia feridas. A alma também. A saudade da família foi o pior.

“Mas eu aproveitei a oportunidade e segui firme. Dias de muita luta interior, mas de momentos felizes também. Aprendi valores que trago comigo. A droga era só a parte visível do iceberg, eu ia precisar mudar muita coisa em mim”, avalia. E a mudança começava com a sinceridade consigo mesmo. Honestidade com os próprios pensamentos, sentimentos e ações. Encarando as dificuldades sóbrio, de cabeça erguida e com maturidade. Por quatro anos continuou na Comunidade Terapêutica, dando o que recebeu.

Na morte da mãe, tempos depois, Antônio conheceu o que vai além da estrutura física de uma Comunidade. “Aqui entra o que é mais bonito numa Comunidade Terapêutica. O amor. Sem ele nada gira e também a união, que faz a força e a empatia”, ressalta Antônio. Ele viveu a dor da perda, superou e se fortaleceu. Hoje, casado há quatro anos, faz questão de dizer que conquistou casa própria, carro e paz interior. “O meu conselho é: dê o primeiro passo, peça ajuda e o resto Deus cuida”.

A família é codependente e precisa se tratar

Pode-se estranhar quando há a afirmação de que os familiares de adictos precisam se tratar. Sim, eles são codependentes, precisam se tratar e muitas vezes têm atitudes que colaboram para o uso de drogas. Maria (nome fictício) é companheira de um adicto em recuperação. Antes de conseguir ajudar o parceiro, destaca que precisou recuperar as forças e procurou tratamento para isso.

“Não enxergava que o que eu vinha fazendo não o ajudava. Na verdade, eu era uma facilitadora. Precisei, principalmente, entender que cada um teria uma responsabilidade a assumir. Eu não fazer a parte dele e nem ele a minha”, detalha Maria. Ela pensou ser algo passageiro, se questionou o porquê de estar acontecendo, sentiu da raiva à culpa. Tinha medo de seu ente querido morrer, ser preso, agredido. A informação foi o caminho para seu tratamento.

Tudo aconteceu de forma voluntária e com ajuda. As responsabilidades foram divididas entre o adicto, ela e a instituição que o recebeu. “O momento em que meu ente querido entrou para o tratamento foi que eu pude me perceber, ver o quanto eu estava mal, quantas coisas erradas havia feito”, conta. Um passo de cada vez, um dia de cada vez.

O vínculo familiar, de acordo com a coordenadora de um Caps AD, Ticyane Neiva, fará total diferença no tratamento de um usuário de drogas. “Quando esse vínculo já está desgastado, às vezes é preciso tratar a família separadamente para só depois fazer a aproximação”, explica. Ticyane destaca que o trabalho realizado junto da família, que conhece e apoia, poderá fazer total diferença para os resultados.

No Hospital Dia Elo de Vida, pelo menos uma vez por semana a família é o foco das terapias que fazem parte do tratamento. “Muitas estão adoentadas. A abordagem com a família não diz respeito à doença do usuário, mas à doença familiar”, afirma a gestora da unidade hospitalar, Sandra Coelho.

Como o tratamento acontece?

O acompanhamento ao adicto pode ser ambulatorial ou de permanência em uma comunidade terapêutica. Em todos, há a importância de um programa individual

Uma das primeiras portas de entrada para o tratamento contra o uso de drogas deve ser a atenção primária de Saúde. Em Fortaleza, existem sete Centros de Atenção Psicossocial (Caps) do tipo ÁLcool e Drogas (AD). O atendimento segue a lógica de demanda espontânea e ali pode ser iniciado do projeto terapêutico singular voltado ao usuário do Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com a coordenadora de um dos Caps AD, Ticyane Neiva, o tratamento tem como base a pactuação das ações junto ao adicto e à família. E destaca a importância do momento do acolhimento. “Todo tipo de atividade exercida no Caps é um tipo de acolhimento. Desde a anamnese, que é o primeiro vínculo feito pelo usuário. Nós precisamos conquistar, acolher e se vincular a esse indivíduo”, explica.

Em alguns casos, de acordo com Ticyane, o tratamento precisa de maior suporte estrutural, principalmente em casos graves de desintoxicação. Nos Caps são feitos atendimentos com perfis leve e moderado. “Se for mais grave encaminhamos a uma unidade hospitalar, porque é onde tem aparato para uma desintoxicação mais ampla”, detalha a coordenadora do Caps.

Passada a desintoxicação, uma das unidades de suporte é o Hospital Elo de Vida. De segunda a sexta, das 7h30 às 17 horas, pacientes desenvolvem atividades e são atendidos por diferentes profissionais. “Explicamos o passo a passo do nosso trabalho, os grupos, o voluntarismo, e a necessidade de buscar a família. Juntos, montamos o projeto terapêutico singular”, detalha a gestora do Hospital, Sandra Coelho. O período de tratamento na unidade dura cerca de cinco meses.

Para ela, ainda há o desafio de continuidade do tratamento. Não há políticas públicas que contemplem o tamanho da necessidade. Aliás, existem, mas não funcionam. “Se nas redes primária até a terciária não funciona como deveria, como será numa abrangência maior, junto à família, em uma prevenção de recaída?”, questiona Sandra.

Quando a rotina de recuperação é dividida em residência

Uma rotina que pode preencher muitos vazios. Muitas vezes, o tratamento já começa em uma Casa Terapêutica. Uma unidade de recuperação no modelo residencial. Por três meses, o adicto dividirá o dia a dia com outras pessoas, terá atividades, terapias, tarefas. Também é aplicado o programa terapêutico singular, com pactuação de ações.

De acordo com o psiquiatra Fábio Gomes, o período de permanência é de 30 dias porque esse é o tempo médio que os receptores cerebrais levam para serem substituídos. “Aqueles receptores super sensíveis ao álcool e às drogas são substituídos progressivamente por outros”, detalha.

O psiquiatra Eduardo Bacelar explica que o tratamento de combate ao uso de drogas tem início com uma avaliação. É o que definirá se o ambiente de cuidados terá caráter ambulatorial ou de permanência. Alguns critérios ajudam nessa avaliação: “se o indivíduo está se colocando em exposição moral, se ele está colocando em risco a sua integridade física ou a de terceiros, se ele já teve outras adesões ao tratamento ambulatorial”.

No Centro de Recuperação Nova Vida, no Aquiraz, o programa de tratamento dura doze meses. O tempo, de acordo com o diretor do local, Francisco Acilino Braga de Castro, depende de cada caso e das necessidades específicas de cada um. Detalhes que devem ser destacados ainda na rede primária de atendimento.

Na rotina do Centro: o café da manhã às 6h30min, a laboterapia durante 45 minutos, os grupos terapêuticos, as reuniões paralelas e as práticas integrativas. “Temos ideia de que ninguém muda ninguém, mas a gente entende que o cenário precisa ser propício para que se a pessoa quiser mudar, ela consiga”, afirma Braga. O local tem 16 mil m² e é dividido em três núcleos, um adulto masculino, o segundo adulto feminino e o adolescente masculino. As vagas, conforme o diretor, são contratadas pelo Governo do Estado.

Os desafios de voltar ao mundo após as drogas

Depois de enfrentar a dependência química, superar o vício, o processo de ressocialização exige paciência e sensibilidade

A ressocialização é um processo longo e se inicia no momento da acolhida. Sair das paredes institucionais do tratamento dá medo. Depois que se está em recuperação é preciso entender que o caminho dali em diante significa recomeço, onde cada passo é dado com cuidado. Onde cada dia é mais um. Só por hoje.

“Temos que ter muita paciência e uma grande sensibilidade, pois pequenas coisas pra gente, que parecem ser simples, para o nosso familiar pode ser uma dificuldade. É difícil resgatar a confiança”, pondera Maria (nome fictício), familiar de um adicto. Ela conta que precisou mudar as rotinas, os locais de diversão e entender que algumas programações já não mais poderia incluir a ela e seu ente querido. “O mundo não para e nem se trabalha para receber de volta as pessoas que passaram por um tratamento para viver longe das drogas”.

A gestora do Hospital Dia Elo de Vida, Sandra Coelho, afirma que o maior desafio da ressocialização é inserir o adicto novamente no mercado de trabalho. Por peculiaridades da doença, o pouco apoio da família e o baixo nível de escolaridade da maioria. “Tem uma questão também que é precisar lidar com dinheiro também. Porque é algo com associação cerebral de prazer. É difícil, porque muitos não veem o valor do que passaram para receber o dinheiro, mas o valor monetário na droga”, conta.

Para ela, existe ainda outra realidade. Muitos dos empregos conseguidos são de vendedores e entregadores, por exemplo. Funções que significam estar muito na rua. “Eles, dependentes químicos, não devem estar assim tão expostos. Precisariam estar um pouco mais protegidos”, pondera. A capacitação e a parceria com empresas e instituições de ensino fazem a diferença. Melhorar a mão de obra e consequentemente os empregos oferecidos.

Acolher é uma forma de tratamento

O psiquiatra Eduardo Bacelar, especialista no tratamento de dependentes químicos, fala sobre acolhimento

OP - Qual a importância do acolhimento para o tratamento?

Eduardo Bacelar - Existem dois tipos de acolhimento. O de serviço e o da família. Se pensarmos no acolhimento de serviço, quando se fala em dependência química, o acolhimento precisa ser muito rápido. Porque muitas vezes nós temos uma janela de oportunidade. O dependente químico é muito ambivalente, então você tem que aproveitar o momento em que ele quer se tratar. Está de ressaca, fez uma besteira, uma exposição moral. Muitas vezes é nesse momento que ele está suscetível ao tratamento. Então, quando se aproveita esse momento para fazer uma intervenção, o acolhimento precisa estar bem preparado. Se demora, se tem uma fila de espera, ele desiste. E se perde a oportunidade de tratar uma pessoa. Com relação ao acolhimento familiar, o que é importante é entender que é uma doença e existe um tratamento, um cuidado. Entender que algumas posturas da família acabam reforçando essa doença, como facilidades, permissividade. Ou uma relação abusiva que exista em casa.

Foto: AURÉLIO ALVES
Eduardo Bacelar diz que há dois tipos de acolhimento

OP - Porque o tratamento precisa ser individualizado?

Eduardo Bacelar - Porque cada indivíduo vai ter uma necessidade diferente. Uma pessoa numa condição de rua terá uma abordagem diferente daquela feita para um empresário bem sucedido. Um paciente que tem uma comorbidade psiquiátrica grave, tudo vai precisar ser adequado. Se busca ver nas características do indivíduo suas necessidades e o que é possível fazer para suprir a demanda dele.

OP - Qual o peso da família para que o adicto entre em recuperação

Eduardo Bacelar - Família tem um peso fundamental para que o indivíduo entre em recuperação. Vai contribuir para formação de crenças daquele indivíduo, para a forma como ele vê o mundo. A família pode ser um ambiente de suporte quando ele está em crise, para ele recorrer, para ele pedir ajuda. Um ambiente protetor, com seus membros e sua estrutura.

OP - Depois de limpo, qual o principal conselho para os próximos passos

Eduardo Bacelar - A desintoxicação é apenas a primeira etapa do tratamento. O indivíduo terá de passar por outras etapas. Ele tem de entender que é um problema crônico, então vai precisar de um tratamento, de atenção ao longo da vida. É uma caminhada e, às vezes não é fácil, podem ter lapsos, podem ter recaídas ao longo desse processo. Mas o principal conselho é não desistir, insistir no tratamento, na recuperação. E buscar uma modificação no estilo de vida, pois é isso que vai sustentar uma manutenção adequada. Não é só para a droga, mas modificar os hábitos que levaram a ela.

Onde procurar tratamento

Em Fortaleza os pontos de acolhimento são muitos. Se esta é a hora de buscar ajuda, confira onde ir

Professor Frota Pinto
Possui Unidade de Desintoxicação - UD com duração de 15 dias.

Em 2018, foram 512 pacientes atendidos.

Neste ano, entre janeiro e abril, foram 204 atendimentos.

Possui 20 leitos.

Rua Vicente Nobre Macêdo, s/n - Messejana

Hospital Dia Elo da Vida

Recebe pacientes encaminhados após desintoxicação.

Atividades entre às 8h até as 17 horas.

Tempo de permanência é de cinco meses.

Rua Vicente Nobre Macêdo, s/n - Messejana

Centro Integrado de Referência Sobre Drogas (CIRD)

Papel de acolher, atender e acompanhar efetivamente o itinerário terapêutico intersetorial do usuário e seus familiares.

O contato é realizado por meio do telefone gratuito 0800.032.1472 e de forma presencial, de segunda a sexta, das 8h às 17h

Comunidades Terapêuticas

O Governo do Ceará tem contrato com 14 instituições. O encaminhamento para vagas custeadas pelo Governo deve ser feito após atendimento na rede primária de atenção.

Centros de Atenção Psicossocial (Caps) em Fortaleza

1. Caps AD - Dr. Airton Monte 

Regional I Rua Soares Bulcao, 1494, São Gerardo

Funciona 24h

2. Caps Geral - Dr. Nilson de Moura Fé

Regional II Rua Pinto Madeira, 1550, Aldeota

Funciona 24h

3. Caps AD - Centro

Rua Dona Leopoldina, 08,

Centro Voltado às pessoas em situação de rua

4. Caps Geral

Regional IV Av. Borges de Melo, 201, Jardim América

5. Caps Geral - NISE DA SILVEIRA

Regional I Rua Antônio drumond, 808, Monte Castelo

6. Caps AD

Regional II Rua Julio Azevedo, 1176, Papicu

Funciona 24h

7. Caps Infantil - Estudante Nogueira Jucá

Regional III Rua Cruz Saldanha, 485, Parquelândia

8. Caps Geral - Prof. Frota Pinto

Regional III Rua Francisco Pedro, 1269, Rodolfo Teófilo

9. Caps AD

Regional III Rua Frei Marcelino, 1191, Rodolfo Teófilo

10. Caps Infantil - Maria Ileuda Verçosa

Regional VI Rua Virgílio Paes, 2500, Cidade dos Funcionários

11. Caps AD - Casa da Liberdade

Regional VI Rua Salvador Correia de Sá, 1296, Sapiranga

12. Caps Geral

Regional VI Rua Manoel Castelo Branco, 200, Messejana

13. Caps Geral

Regional IV Rua Bom Jesus, 940, Bom Jardim

14. Caps AD

Regional V Rua Antônio Nery, Granja Portugal

15. Caps AD - Alto da Coruja

Regional IV Rua Betel, 1826, Itaperi

O que diz a lei

Conforme estabelece a resolução do Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (Conad) Nº 01/2015, estes são os mecanismos de encaminhamento à rede pública de saúde:

Art. 3º Somente devem ser acolhidas pessoas que façam uso nocivo ou estejam dependentes de substâncias psicoativas, com necessidade de proteção e apoio social e previamente avaliadas pela rede de saúde.

Parágrafo único: As comunidades terapêuticas deverão possuir mecanismos de encaminhamento e transporte à rede de saúde dos acolhidos que apresentarem intercorrências clínicas decorrentes ou associadas ao uso ou privação de substância psicoativa, como também para os casos em que apresentarem outros agravos à saúde.

Art. 6º São obrigações das entidades que promovem o acolhimento de pessoas com problemas associados ao abuso ou dependência de substância psicoativa, caracterizadas como comunidades terapêuticas, dentre outras:

VI – comunicar cada acolhimento ao estabelecimento de saúde e aos equipamentos de proteção social do território da entidade, no prazo de até cinco dias;

VII – comunicar o encerramento do acolhimento ao estabelecimento de saúde e aos equipamentos de proteção social do território do acolhido;

XVI – informar imediatamente aos familiares ou pessoa previamente indicada pelo acolhido e comunicar, no prazo de até 24 (vinte e quatro) horas, às unidades de referência de saúde e de assistência social, intercorrência grave ou falecimento da pessoa acolhida;

XIX – articular junto à unidade de referência de saúde os cuidados necessários com o acolhido;

XXIII – promover, com o apoio da rede local, além das ações de prevenção relativas ao uso de drogas, também as referentes às doenças transmissíveis, como vírus HIV, hepatites e tuberculose.

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DROGAS NUNCA MAIS

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