Foi no dia 25 de janeiro de 1927 que nasceu o carioca Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim. Ter Brasileiro no nome era mais que um legado da ascendência familiar. Era a marca de um homem que soube construir uma obra monumental dentro da cultura internacional, sem nunca esquecer a raiz verde e amarela.

Passados mais de 20 anos de sua morte (em 8 de dezembro de 1994), Tom Jobim permanece como um dos compositores mais populares da música brasileira, no Brasil e no exterior. Para o compositor de Águas de Março, o mundo era pequeno para tantos acordes delicados.

No dia em que o maestro completaria seus 90 anos, o Vida & Arte relembra algumas das histórias que ajudam a manter viva a memória do maestro soberano.

Tom veio ao mundo pelas mãos do mesmo médico que fez o parto de Noel Rosa. Como seus pais se separaram cedo, foi o padrasto quem mais incentivou o jovem na música. Numa família de amantes de música, Tom frequentou muitos encontros musicais em casa. Quando começou a levar a sério o ofício de músico, estudou piano com nomes como Leo Peracchi e Lúcia Branco, esta também professora do cearense Jacques Klein.

JOBIM X BEATLES
Desde que fincou sua bandeira na cena internacional, Tom Jobim tornou-se um dos compositores mais gravados no mundo. Canções como Garota de Ipanema, Samba de uma Nota Só, Insensatez e Corcovado já ganharam centenas de regravações. Segundo os órgãos de controle de direitos autorais, essa obra só se compara a dos Beatles em quantidade de gravações e execução. Quando questionado sobre o assunto, Tom respondia: “mas eles eram quatro, né?”

ANTES DA BOSSA
Quando Tom começou a tocar nas boates cariocas, a Bossa Nova ainda não era realidade. Suas primeiras composições eram valsas, sambas e sambas-canções e parte desse repertório ganhou, na época, as vozes de Angela Maria, Mauricy Moura e Maysa. Esse repertório inicial foi reunido por Fátima Guedes no cuidadoso tributo Outros Tons (2006).

Sem depoimentos, entrevistas ou atores interpretando personagens reais, o filme de Nelson Pereira dos Santos enfileira dezenas de interpretações para canções do maestro. Só isso, apenas a música e amplitude da composição de Tom.

HISTÓRIAS DE CANÇÕES

Wagner Homem e Luiz Roberto Oliveira contam as histórias por trás das canções de Tom Jobim. Da inaugural Imagina até o samba que compôs para a filha Maria Luiza, tudo é descrito em detalhes.

TRIBUTOS

Entre as homenagens recentes a Tom Jobim estão os recentes discos de Danilo Caymmi e da portuguesa Carminho. Dos clássicos, boa parte da discografia de Tom Jobim está disponível em disco e streaming, junto com homenagens prestadas por brasileiros e estrangeiros.

Paulo César Pinheiro tinha apenas 16 anos quando foi apresentado a Tom Jobim por Baden Powell. Entre os assuntos que os aproximaram estava a admiração mútua pela obra de Guimarães Rosa.

Pois quando o maestro estava lendo Grande Sertão: Veredas, Paulo estava compondo Sagarana, peça classificada para o IV Festival Internacional da Canção inspirada nas letras do mineiro.

Tom gostou da canção e deu ao jovem uma melodia ainda inacabada para que ele desse letra. Assim nasceu Matita-Perê, uma continuação da história de Sagarana que batizou o disco de 1973 de Tom Jobim.

Foi para um botequim que Frank Sinatra ligou quando quis propor uma parceria em disco com o jovem Tom Jobim. Impressionado com o repertório que já vinha fazendo a cabeça de nomes como Charlie Byrd e Stan Getz, o americano chamou o brasileiro para dividir o disco Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim, um clássico imediato que recebeu todas as cinco estrelas da revista Downbeat.

Gravado em apenas três noites, o encontro chegou a ganhar um volume dois em 1969, batizado de Sinatra-Jobim. No entanto, o primeiro não gostou do resultado e mandou destruir as 3,5 mil cópias lançadas.

Essas gravações só foram resgatadas em 2010, no álbum The Complete Reprise Recordings. Quando Tom faleceu em Nova York, em 8 de dezembro de 1994, as primeiras flores que chegaram ao hospital foram de Sinatra.