Apresentação

Por Átila Varela

O Ceará tem seguido a cartilha do crescimento. Investe recursos, amplia, aposta, apesar de a crise ter sacudido a economia do Estado. As perdas existem, mas há expectativa de ganhos futuros. E a resposta virá dos setores que compõe nosso Produto Interno Bruto (PIB).

O Ceará que tem tudo para crescer

Porto do Pecém. (Foto: Fábio Lima/O POVO)

O Estado, nos últimos anos, tem investido em infraestrutura e logística não somente para aumentar a competitividade e reduzir custos para empresas, mas também como forma de atrair novas companhias a se instalarem no Ceará.

É o caso do Porto do Pecém. As obras da segunda expansão do equipamento já apresentam 85% de avanço total. A correia transportadora de minério de ferro foi entregue em agosto de 2016  e funciona no píer 1 do porto. Vale lembrar que, desde 2012, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) conta com uma correia transportadora de carvão mineral. Novos berços de atracação (7 e 8) foram concluídos e o nono berço apresenta 81% da obra executada. Além disso, a nova ponte de acesso prevista também segue em construção, com 55% de avanço nos serviços. A previsão é de que a obra completa seja entregue até o final de 2017. O Ceará já investiu mais de R$ 1 bilhão em obras na ampliação e modernização do Pecém.

Outras melhorias foram a chegada de equipamentos que incrementaram a movimentação de cargas através do terminal portuário cearense, entre eles o descarregador de minério - instalado no píer 1, junto com a correia transportadora de minério de ferro, tem capacidade de movimentar 2.400 toneladas por hora.

Já o Portainers Ship to Shore - STS - guindastes para a movimentação de contêineres, instalados no berço 8 do Terminal de Múltiplas Utilidades – TMUT do porto, tem capacidade de movimentação de 65 toneladas para contêineres e 100 toneladas para operar.

Polo de Saúde

A Secretaria da Infraestrutura do Estado (Seinfra) está concluindo as obras de acesso ao Polo Industrial e Tecnológico da Saúde (PITS), em instalação no bairro Precabura, no Eusébio. O local vai abrigar a Unidade de Ensino e Pesquisa Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz e o Centro de Plataformas Vegetais da Fundação Oswaldo Cruz.

As indústrias selecionadas para o polo serão beneficiadas com incentivos diferenciados de até 99% do ICMS gerado em função da produção, na forma prevista na legislação do FDI, com retorno de até 1% e prazo de fruição de até 10  anos.

Acesso ao polo

Responsável pela energia e acesso ao local, a Seinfra deverá entregar no final do mês de julho a obra que vai ligar a CE-010 diretamente ao Pits. Ao todo, este trecho da via duplicada terá 1,4 quilometro de extensão. O investimento do Governo do Estado na obra de acesso ao Pits é de R$ 10 milhões.

Outra obra do escopo da Seinfra, por meio do Departamento Estadual de Rodovias (DER), que irá impactar diretamente no deslocamento e acesso ao Pits é a de implantação e duplicação da CE-010, trecho Ponte da Sabiaguaba - Entroncamento CE-040.

A estrutura vai ligar a Ponte da Sabiaguaba até a CE-040, no Eusébio, onde estará localizado o polo. A primeira etapa da obra de duplicação da rodovia CE-010, correspondente a uma extensão de 4,84 quilômetros, que vai da Ponte sobre o Rio Cocó (Sabiaguaba) até o viaduto da CE-025, já foi concluída. As frentes de serviço agora se concentram do viaduto (CE-025) até a CE-040, que tem 8,2 km e passa pelo município do Eusébio. A obra total está com 71% dos serviços executados. Com extensão total de 13,18 quilômetros e pistas de rolamentos de 7 metros cada, a obra envolve recursos da ordem de R$ 54 milhões. O trecho impactará diretamente no deslocamento e acesso ao Pits, além de servir como rota para caminhões que realizam o transporte de cargas pesadas entre os portos do Mucuripe e Pecém.

Aeroporto de Fortaleza

Aeroporto de Fortaleza. (Foto: FCO Fontenele)

A Fraport será a administradora do Aeroporto de Fortaleza a partir de 2018. Antes, dividirá a responsabilidade com a Infraero no processo na gestão de transição. Vencedora do certame ocorrido este ano, a empresa arrematou o Pinto Martins por R$ 425 milhões. O prazo de concessão é de 30 anos. A empresa fica comprometida a investir R$ 1,5 bilhão em melhorias.

Dentre as exigências previstas no Plano de Exploração Aeroportuária (PEA) e no Plano de Transição de Gestão do Aeroporto (PTO) da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac),  para a concessão do Aeroporto Pinto Martins estão melhorias imediatas como reforma dos banheiros e fraldários do aeroporto; revitalização e atualização das sinalizações de informação dentro e fora do Terminal de Passageiros (TPS); disponibilização de internet wi-fi gratuita de alta velocidade em todo o TPS; e melhoria do sistema de iluminação das vias de acesso de veículos aos terminais.

A movimentação atual de passageiros no Pinto Martins é de 5,6 milhões/ano e a estimativa do Governo é que ela chegue a 29,2 milhões até 2047. A alemã administra seis aeroportos na Europa, três na Ásia e um na América do Sul, em Lima (Peru). O aeroporto de Frankfurt, que está sob gestão da alemã, é o 10º no ranking dos melhores equipamentos do mundo.

VLT e Metrô

Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). (Foto: Fábio Lima/O POVO)

Além das obras estruturantes que geram desenvolvimento econômico, há também empreendimentos de cunho social e integrador.

A obra do VLT ramal Parangaba-Mucuripe está em andamento com 65% de execução. Ela é dividida em três trechos. O primeiro a ficar pronto será o trecho 2, que está com 95% de execução e fica entre as estações Borges de Melo e Parangaba. Já em operação experimental (sem passageiros) desde setembro do ano passado, deverá entrar em operação assistida na primeira quinzena do mês de julho. Nesta fase, o sistema operará com passageiros, em horários reduzidos e terá embarque gratuito. Esta é a etapa de implantação do VLT em que a população começa a se habituar com a disponibilidade do novo serviço.

Em seguida, deve ser concluído o trecho 1, que contempla a construção da passagem inferior da Avenida Borges de Melo. Os trabalhos avançam e já alcançam 60% de execução. A previsão é de que o trecho 1 seja entregue em setembro de 2017. Já o trecho 3, que compreende o percurso entre as estações Iate e Borges de Melo, está com o cronograma em execução, com expectativa de entrega no ano que vem.

Quando finalizado, o VLT terá 13,4 quilômetros ligando os bairros Mucuripe e Parangaba. Desta extensão, serão 12 quilômetros em superfície e 1,4 quilômetros de trechos elevados. O Ramal atravessará 22 bairros, área que concentra mais de 500 mil moradores de Fortaleza. A previsão de demanda potencial do novo modal é de 90 mil passageiros por dia.

Em relação à obra da Linha Leste do Metrô de Fortaleza, o Estado aguarda repasse de verbas garantidas pelo Governo Federal para concluir o replanejamento e possibilitar a retomada da obra. As tratativas são permanentes com reuniões junto aos órgãos federais (Ministério das Cidades e BNDES). A obra está orçada em R$ 2,3 bilhões (sendo R$ 1 bilhão do BNDES, R$ 1 bilhão do Governo Federal e R$ 300 milhões do Governo do Estado).

Ao todo, a Linha Leste do Metrô de Fortaleza terá 13,2 km de extensão, sendo 12,4 km subterrâneos e 0,8 km em superfície, ligando o Bairro Tirol, passando pelo Centro até o Bairro Edson Queiroz. A linha, que está sendo implantada pelo Governo do Estado será operada como metrô. A previsão é de que a Linha Leste atenda 400 mil usuários por dia, quando integrado aos demais modais de transporte, em viagens com percurso de 17 minutos.

Muito a fazer

Os avanços no campo da logística e infraestrutura ainda são incipientes no Estado. A falta de verbas, atrelada à baixa no caixa do Ceará, tem impactado diretamente. O resultado são obras a passos lentos.

“Temos sérios problemas na parte rodoviária. Veja o Anel Viário. As empresas perdem muito tempo até chegarem ao Porto do Pecém passando pelo acesso. Perde-se tempo e dinheiro, já que as mercadorias atrasam e cada atraso gera um custo”, destaca Heitor Studart, presidente do Conselho de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec).

Ele também cita os problemas com relação aos programas de concessões e parcerias público-privadas (PPPs). “Precisamos de uma segurança jurídica para os investidores. Assim, com as regras definidas, poderemos ter uma boa atração dos investimentos privados. Por enquanto o investidor observa com receio as mudanças de gestão que, na maioria das vezes, alteram contratos já definidos”, finaliza.

Confiança para retomar o crescimento

(Foto: Divulgação)

O setor industrial representa 20% da composição do Produto Interno Bruto do Ceará (PIB), de acordo com números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Apesar da participação – aproximadamente 2 mil empresas -, é um dos setores que mais têm amargado perdas desde o final do ano passado, quando fechou 2016 com queda de 6,64% na soma das riquezas geradas.

Mas há confiança na retomada do crescimento. Assim avalia o economista da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Guilherme Muchale. O segundo semestre tende a ser melhor. “Os destaques positivos são as exportações, que podem dobrar até o término do ano. Temos a siderúrgica e também a ZPE (Zona de Processamento de Exportação”, explica. Os produtos que mais se destacam na pauta, avalia, são os sucos e calçados – este último em fase de recuperação após sucessivas quedas. No entanto, as operações envolvendo os setores metalúrgico, farmacêutico e químico também podem despontar no período 2017/2018.

No último boletim divulgado pela Fiec, a produção física acumulada até março da indústria têxtil cresceu 16,3%, metalúrgica (11,7%), calçados e couros (9,6%), alimentos (4,5%) e vestuário (1,8%). As maiores retrações ocorreram em petróleo, derivados e álcool (-32%), bebidas (-16%), minerais não metálicos (-13,4%) e máquinas e aparelhos elétricos (-12,2%). Os percentuais são comparados com o mesmo período (acumulado) do ano passado.

No âmbito do comércio exterior (acumulado até abril) a exportação de ferro fundido, ferro e aço atingiu US$ 314 milhões, seguido da venda para o mercado externo de calçados (US$ 93 milhões). Em terceiro lugar da pauta, o destaque são peles e couros, com vendas externas de US$ 43 milhões. O total exportado do Ceará, partindo da indústria, foi de US$ 618 milhões no período. 

A abertura de novos postos de trabalho não está descartada também no segundo semestre. “O número de demissões apresentou redução. Fato é que seis setores apresentaram crescimento diante da crise econômico”, disse. O prognóstico é que, até o final de 2017, ocorra uma retomada do emprego, inteiramente ligado a setores exportadores. Até abril de 2017, o Ceará perdeu 3.360 postos de trabalho.

Para o ano que vem, a expectativa tende a ser melhor. “A gestão fiscal mantém o índice de atração de investimentos em alta. Há também o potencial da ZPE, das energias renováveis e do plano de concessão do Governo. Tudo isso sinaliza para o investidor novas oportunidades”, considera.

2018 será o ano das melhoras

(Foto: Camila de Almeida/O POVO)

A construção civil representa um dos subsetores da indústria que mais emprega trabalhadores e responde por uma parcela na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. O primeiro trimestre de 2017, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica e Estratégica do Estado (Ipece), a construção civil apresentou crescimento de 2,21% se comparado com o 4º trimestre de 2016. São números válidos, mas ainda longe de serem comemorados. Assim explica André Montenegro, presidente do Sindicato da indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE). Para o segundo semestre de 2017, a expectativa ainda é de perdas. “Não tivemos lançamentos. Os que existiram foram insignificantes. As empresas precisam encerrar seus estoques para, em um segundo momento, começarem a investir em novos empreendimentos”, afirma.

A retomada, contudo, ocorrerá apenas no primeiro semestre de 2018. “Esperamos a diminuição os juros e uma melhora nas condições para o consumidor. Com esses fatores, acreditamos em um 2018 em recuperação. As vendas serão normalizadas, na melhor das hipóteses, no segundo semestre do ano que vem”, finaliza.

Sinais da recuperação

(Foto: Diego Camelo/O POVO)

Sensível as mudanças na economia, o setor do comércio varejista começa a dar sinais de recuperação – com crescimento de 0,5% registrado em abril pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge). O percentual é um alento para as sucessivas quedas registradas ao longo de 2017.

No âmbito do volume de vendas do comércio no acumulado do ano, as empresas que atuam com venda de eletrônicos e informática registraram crescimento de vendas de 18,7%, acompanhadas de atividades ligadas a comercialização de materiais de construção 14,5% e lojas de autopeças e acessórios (10,7%). Vestuários, tecidos e calçados amargou resultados negativo (-5,7%), seguido de supermercados e hipermercados (-5,9%). A variação mais baixa foi registrada na venda de combustíveis e lubrificantes (-23,2%).

Contudo, o mês de maio não resultou em aumento da confiança do consumidor para novas compras. “Dia das Mães e Dia dos Namorados não venderam o esperado. O quadro estrutural, com desemprego, endividamento e inflação dificultam”, destaca o economista Alex Araújo. Na escala, a confiança do fortalezense atingiu 95,6 pontos, índice superior ao registrado em abril (94,9). Contudo, na comparação com o mês de fevereiro, que chegou a 107,9 pontos, a queda foi acentuada.

O cenário, no segundo semestre, é desafiador para o Ceará. “Entramos na dependência do consumo interno. E o nosso consumidor médio, com renda baixa, sofre com o endividamento. Assim remove a capacidade de novas compras”, afirma Alex Araújo.

Enquanto outros setores ensaiam até o final do ano, o comércio ainda demandará tempo até se estabilizar. “Esperamos um crescimento de 0,4%. Teremos um ano de marasmo. Acredito que, apenas no último trimestre o empresário começará a investir o consumidor ficará mais confiante. Se tivermos um bom final de ano, 2018 pode melhorar a situação do setor já no primeiro trimestre”, aponta.

Mesmo com as estimativas do economista, o prognóstico da Fecomércio, para o final do ano, prevê o crescimento para alguns segmentos. A estimativa é que atividades ligadas a lojas de autopeças e acessórios cresçam 18,8%, enquanto farmácias, perfumarias e produtos óticos apresentem alta de 11,6%. Lojas de materiais de construção (10,1%) e lojas de vestuários, tecidos e calçados giram em 9,9%. As maiores baixas para o ano são de supermercados (-1,5%), revendas de veículos (-2,5%), lojas de móveis e decoração (-11,5%) e combustíveis e lubrificantes (-16,7%).

Shopping center

Shopping. (Foto: Mariana Parente/Especial para O POVO)

O furor do crescimento os shopping centers, nos últimos anos, deu lugar as incertezas econômicas em 2015.  Mas em 2017, enquanto o País se recupera do período de retração, o segmento espera acompanhar a retomada. Para a Região Nordeste, é esperado que as vendas cresçam  5% com relação ao ano passado – o que representa a soma de R$ 157,9 bilhões. Os números são da Associação Brasileira de Shopping Centers. A expansão de Área Bruta Local cresceu 2,9% em 2016, se comparado com o ano de 2015.

No âmbito geral, a Abrasce calcula que em abril ocorreu uma elevação de 10,7% nas vendas do mês de abril, em comparação com o mesmo período do ano passado. Sobre os empreendimentos inaugurados, no ano passado o setor recebeu 23 novos shoppings, totalizando 558 em operação no Brasil, 3,7% a mais do que no ano anterior. Até o final de 2017, o país deve contar com mais 18 novos estabelecimentos.

No Ceará, o momento é de resiliência.  “O ano de 2016 foi muito desafiador, porém a partir do segundo semestre percebemos uma melhora nas vendas. A curva permaneceu ascendente e a expectativa é de continuar assim até o fim de 2017. O mês de abril desse ano é um exemplo disso”, destaca Ricardo Nunes, superintendente regional da Abrasce.

Para ele, uma combinação de fatores pode auxiliar numa melhora dos números. “Vale citar ainda que o momento econômico é de retomada gradativa da confiança, desta forma, os consumidores contam com inflação mais baixa, câmbio razoável e recursos extras gerados pelos saques de contas inativas do FGTS, o que pode dar um fôlego maior ao varejo”, avalia.

Setor que desponta em meio à crise

(Foto: Sidney Oliveira/AG. Pará/ Bando de Dados O POVO)

A agropecuária tem participação de 5,20% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado de acordo com o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). Para a composição do indicador, as atividades que mais se destacam são a agricultura, com 57% do índice, a pecuária 29%, seguida da produção florestal, pesca e aquicultura com 14%.

O segmento apresentou crescimento de 10,59% no primeiro trimestre de 2017. O percentual retirou a agropecuária da retração que se arrastava desde o primeiro trimestre de 2016. Flávio Saboya, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (FAEC) avalia que os bons resultados do setor devem continuar no segundo semestre. “O ano de 2017 tem sido melhor que o 2016, especialmente por causa da chuva. Nossa safra indiscutivelmente será maior que a do ano passado”, avalia.

Na atividade pecuarista, a chuva dos seis primeiros meses do ano auxiliou na formação de pasto para os animais. “A vegetação herbácea forrageira se recupera de forma muita rápida. E tenho plena consciência que é melhor que do ano passado, quando as reservas estavam baixas. Não passaremos por sufoco para alimentar os rebanhos”, afirma.

A previsão de melhora é corroborada pelos dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). O primeiro trimestre de 2017 apresentou uma quantidade de chuva em torno da média normal do Estado. Comparando o ano de 2017 e 2016, observa-se que nesse primeiro trimestre de 2017 a pluviosidade foi maior, com quantidade de 435,3 milímetros (mm,) contra o valor de 374,4 mm, no primeiro trimestre de 2016.

Diante das expectativas de chuvas no começo do ano, os agricultores logo começaram a plantar. As estimativas realizadas pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE, a produção de grãos no Ceará vem indicando crescimento de produção no ano de 2017, comparada a produção obtida em 2016. Destaque para o aumento da produção das culturas de milho e feijão, que apontam variação de 141,67% e 83,30%, respectivamente. A produção de arroz indica crescimento de 183,43%, comparada a quantidade obtida em 2016, tendo sido este último ano uma das menores safra dos últimos anos.

A produção de mandioca indica queda de 14,92% em 2017, comparado ao ano anterior. Essa redução está associada a redução da área colhida, havendo uma substituição do plantio de mandioca por outras lavouras no Estado.

Frutas

(Foto: Camila de Almeida/ O POVO)

A produção de frutas neste ano indica bons resultados para quase todas as culturas, destacando-se o melão (21,72%) e a melancia (26,86%), que apontam para a retomada do crescimento da produção. Também há boas perspectivas para o aumento da produção de goiaba (16,74%), laranja (25,58%), mamão (22,33%) e maracujá (18,66%). A produção de abacaxi (-77,34%) e coco-da-baía (-13,62%) indicam queda, o primeiro em virtude da redução de área colhida e o outro em razão da queda de produtividade. A produção de frutas no Ceará pode sofrer com a limitação de água, principalmente as produzidas no polos irrigados. “A fruticultura, nos polos irrigados, passou por um corte significativo de outorgas, levando praticamente a suspensão de todas as atividades ligadas à exportação”, destaca Flávio Saboya.

Pecuária

A pecuária cearense tem como produtos importantes o leite, aves e ovos. A produção de ovos se mantém em um ritmo de crescimento elevado, tendo em 2017 estimativa de aumento de 5,62% se comparado com o ano de 2016. O desempenho positivo da atividade galináceos indica crescimento de 2,42% em 2017, com relação ao ano anterior. Quanto a produção de bovino é estimada mais um ano de queda, com variação negativa de 3,99% em 2017 (em 2016, já havia registrado queda de 3,57%).

A produção de leite para o ano indica crescimento de 1,17%. A introdução de novas técnicas de produção utilizadas, e, consequentemente, expansão da produção, elevam o índice. O Ceará, atualmente, é o terceiro maior produtor de leite da Região Nordeste.

Pulverização dos investimentos

(Foto: Tatiana Fortes/O POVO)

O Governo do Estado adotou a política de descentralização da saúde. Antes concentrados na Região Metropolitana de Fortaleza, os atendimentos e investimentos foram pulverizados em regiões ou municípios fora do eixo da RMF. “Tínhamos demandas de maior complexidade chegando em Fortaleza a todo momento. Fizemos então o programa de expansão e melhoria da assistência especializada. Desde 2007, somamos R$ 1 bilhão. Hoje temos 22 policlínicas no Estado – sendo três em construção nos municípios de Crato, Maracanaú e Canindé”, avalia o titular da Secretaria de Saúde do Ceará, Henrique Javi. Outras 29 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) foram implementadas em 29 cidades do Ceará.

Henrique aponta a última etapa para a construção do Hospital do Vale do Jaguaribe. “Concluímos a licitação e o governador Camilo Santana deve anunciar em breve a ordem de serviço (OS)”, afirma. O investimento global é da ordem de R$ 120 milhões.

O titular da Sesa explica que a cobertura do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) aumentou no Interior do Estado. “70% dos municípios do Ceará são cobertos pelo SAMU”, disse.

No âmbito dos gastos com modernização e reformas de hospitais e clínicas, desde 2015, entre R$ 55 e R$ 60 milhões foram disponibilizados. “Contam ampliação de emergências, aumento de leitos e reformas”, destaca. No entanto, os repasses federais têm minguado, inviabilizando um maior aporte. “Quando o Governo Federal não habilita os investimentos, o ônus fica para o Estado. Há três anos e meio passamos por um período de contenção dessas habitações federais”, adianta.

Para 2018, a perspectiva é de preocupação, apesar da manutenção das expansões. “A cada momento sofremos com restrições orçamentárias e financeiras. O grande dilema que se avizinha diz respeito à emenda que limitou os gastos públicos. Ainda não sentimos esse efeito em 2017, mas no ano que vem, a situação pode nos afetar”, destaca Henrique Javi.

Unimed Ceará

Com 71.201 beneficiários no Estado, a Unimed Ceará tem investido em Tecnologia (Registro Eletrônico de Saúde - RES, Mobile RES e Cartão Virtual), em Atenção Personalizada à Saúde (APS) e constituiu uma holding Ceará Saúde Participações (CSPAR Investimentos). Esta gerencia os investimentos em tecnologia e unidades de saúde da Unimed Ceará e suas filiadas na ordem de quase R$ 10 milhões.

Em 2017, foi construído o Hospital Geral Vale do Jaguaribe, inaugurado no último dia 1º de julho, em Limoeiro do Norte, e ampliado o Hospital Unimed de Sobral. Estão em fase de planejamento a construção a Policlínica Unimed da Ibiapaba (Tianguá), da Policlínica Unimed do Centro Sul (Iguatu) e a ampliação da Policlínica Unimed de Crateús.

Outro investimento da operadora é um hospital na região do Cariri. O empreendimento será feito em parceria com a Unimed Cariri, bancando 60% do investimento. Segundo o presidente da cooperativa, o médico Darival Bringel, a obra deve ter início ainda em 2017. “Ouviremos os médicos da região para saber quais os serviços mais essenciais para ofertar. Será um hospital de alta complexidade”, explica. O valor do investimento gira entre R$ 40 e R$ 50 milhões. A unidade ficará próxima ao campus da Universidade Federal do Cariri, em Juazeiro do Norte.

As perspectivas da Unimed Ceará são expandir os investimentos em tecnologia para as Unimeds em todo Brasil, como a utilização do Cartão Virtual e do Registro Eletrônico de Saúde (RES), por meio da CSPAR; ampliar os atendimentos na Clínica de Atenção Personalizada à Saúde (APS), tendo como um dos principais projetos o Idoso Bem Cuidado; iniciar os projetos de investimentos em unidades de saúde que estão em fase planejamento; implantar ao todo 20 academias ao ar livre no Ceará até o final de 2017; e iniciar o projeto Bike Vida na Avenida Beira Mar, em parceria com a Prefeitura de Fortaleza.

O objetivo do programa é prestar assistência de saúde aos cidadãos que frequentam o calçadão, por meio de uma bicicleta equipada para atendimento rápido.

Para o fechamento do ano, a expectativa é de um crescimento de 2%. “Vamos manter o mesmo resultado do ano passado”, afirma Darival.

Unimed Fortaleza

A Unimed Fortaleza atende 354.271 mil clientes próprios e de outros convênios, chegando a quase 400 mil quando inclusos os atendimentos por intercâmbio, é a 6º maior singular do Sistema Unimed Brasil e o plano de saúde com a maior rede de hospitais, clínicas e laboratórios credenciados do Ceará, com mais de 4 mil médicos cooperados.

Sua rede própria é composta pelo Centro Pediátrico, 11 laboratórios, 5 Centro Integrado de Atendimento Unimed (CIAUs), além de sua Medicina Preventiva e do Hospital Regional Unimed (HRU), maior hospital do Sistema Unimed no Brasil.

“A Unimed Fortaleza sabe que 2017 ainda será um ano complexo política e economicamente, apesar desse cenário, pretendemos investir cerca de 25 milhões, principalmente em melhorias na nossa rede própria, com foco na qualidade do atendimento ao cliente”, afirma o presidente da Unimed Fortaleza, João Borges.

Sobre novos hospitais, o tema ainda está em discussão. “Depois de dois anos de recuo da economia nacional foi preciso reconsiderar nossas ações e investimentos com bastante atenção ao cenário de um novo empreendimento de grande porte. Porém, este ano retomamos essa possibilidade e, para tanto, estamos avaliando os impactos nos indicadores da operadora quanto à sua implantação”, considera.

Rota da saúde

O Ceará possui três grandes polos de desenvolvimento na área da saúde: Sobral, Cariri e Região Metropolitana (RMF). “São regiões com condições de receber indústrias de fármacos, formação de mão de obra e grupos de pesquisas”, destaca o economista Guilherme Muchale, do Núcleo de Economia da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec).

“O polo do Eusébio está em fase de desenvolvimento com a chegada com indústrias âncoras. Já o polo de Sobral é muito acadêmico e necessita de empreendimentos. Este tem tudo para ser excelência na área da saúde, mas também em biotecnologia”, disse.

Para o Estado, as oportunidades gerais estão na área de biofármacos. “É uma área estratégica que concentra produtos de maior valor agregado. O Ceará pode ganhar com essa nova modalidade, deixando de importar medicamentos e até repassando a produção para o restante do País”, finaliza.

Programas de rádio

Infraestrutura e Logística

Construção Civil

Comércio

Agropecuária

Saúde

Programa de televisão