A saudade e o legado do poeta do rock

No dia que marca as duas décadas de morte de Renato Russo, vocalista da icônica banda Legião Urbana, homenagens, tributos e lançamentos ajudam a manter viva a lenda do rock nacional

Nos 20 anos de morte de Renato Russo, chega ao público homenagens em música, livro e teatro. (Foto: Divulgação)

Renato Russo continua vivo. Duas décadas após sua morte, o grande ícone do rock brasileiro segue conquistando ouvintes e ganhando homenagens. Neste 11 de outubro, dia em que nos deixou 20 anos atrás, o País celebra o legado vivo de Renato e sua permanência como o grande poeta do rock nacional.

Abrindo as homenagens, a Legião Urbana Produções Artísticas, empresa responsável pela curadoria de toda a obra do artista, lança o álbum tributo Viva Renato Russo 20 Anos, que terá distribuição gratuita por streaming virtual no Spotify e no formado de CD físico.

No repertório, 12 bandas de vários estados e representantes de variadas cenas do pop rock nacional oferecem releituras dos grandes clássicos de Renato Russo. Supercordas (RJ), Plutão Já Foi Planeta (RN), Vespas Mandarinas (SP) integram o projeto, além da cantora japonesa Tsubasa Imamura e do espanhol Sepiurca Zukin.

O Ceará também tem seu representante no disco. A banda Selvagens à Procura da Lei colabora com uma das faixas do projeto. “Aprendi tantas coisas com o Renato Russo: a dedicação com as letras, o amor que ele tinha pela história e pelos personagens do universo do rock, o carinho e a propriedade com que sempre falava sobre a cidade deles”, enumera Gabriel Aragão, vocalista, guitarrista e pianista da banda.

Os Selvagens ficaram responsáveis pela releitura de Geração Coca-Cola, sexta faixa do primeiro disco do Legião Urbana, lançado no inicio de 1985. “Significa muito pra gente. Repetir o que a Legião fez é impossível, já está aí pra eternidade, mas acho que conseguimos dar uma cara nova para a música”, explica.

Teatro e livro

Em Fortaleza, a homenagem ao cantor e compositor acontece no Anfiteatro do Dragão do Mar. (Foto: Reprodução)

Além do disco, outros projetos foram pensados para celebrar a trajetória de Renato Russo. Hoje, no Rio de Janeiro, estreia Renato Russo - O Musical, montagem protagonizada pelo ator carioca Bruce Gomlevsky, que tem ampla carreira no teatro, no cinema e na televisão.

Aproveitando a data, a Companhia das Letras também lança hoje o livro The 42nd St. Band, romance escrito por um jovem Renato Russo de 15 anos e com história focada na trajetória de uma banda imaginária. Escrito originalmente em inglês e com uma narrativa fragmentada, o livro permaneceu inédito por décadas e só agora ganha edição em português.

Também no pacote de comemorações, a Universal Music lança o box Renato Russo - Obra Completa. O pacote reúne os dois discos solos lançados pelo carioca (The Stonewall Celebration Concert e Equilíbrio Distante), mais três coletâneas póstumas (O Último Solo, Presente e Duetos).

Em Fortaleza, a homenagem ao cantor e compositor acontece no Anfiteatro do Dragão do Mar a partir das 19 horas de hoje. As bandas Coda e Verminosos Rock Band sobem ao palco com um repertório que celebra o rock brasileiro dos anos 1980.

Enquanto os Verminosos resgatam as faixas do icônico Cabeça Dinossauro, terceiro disco do Titãs, que completou 30 anos em 2016, os músicos do Coda apresentam seu show Renato, 20 Anos & Legiões, com repertório totalmente inspirado na trajetória de Renato Russo.

“É impossível não falar da influência dele, da atemporalidade de sua música e de sua poesia. É como se ele cantasse a história de cada um de nós, porque ele conseguiu traduzir nossos sentimentos em suas canções”, explica Jorge Luís, guitarrista da banda.

A Coda foi criada no início de 1996, poucos meses antes da morte de Renato. O aniversário também é deles e os motivos para celebrar são duplos. “Ele elevou a qualidade da música. Mostrou que a música tem uma função maior que entreter. Mostrou que ela pode informar. Trouxe uma abordagem mais séria para os assuntos banais. Fez o intimismo se tornar popular”, argumenta.


Vamos fazer um filme...
Nós fizemos!

Foto: Renato Russo não foi só um grande artista, cantor, compositor, poeta... Foi também o pai de uma geração inteira. (Foto: Divulgação)
Renato Russo não foi só um grande artista, cantor, compositor, poeta... Foi também o pai de uma geração inteira. (Foto: Divulgação)
 

Eu tinha 16 anos, muitos sonhos e um violão azul. Era mais um adolescente dos anos 2000, rebelde como tantos outros e com vontade de mudar tudo! Me lembro das noites que viravam madrugadas nas pracinhas do interior, regadas sempre a alguma bebida ilícita para aquela idade. Um punhado de vozes desafinadas gritavam as letras de “Eu sei”, “Pais e filhos”, “Hoje à noite não tem luar”, inesquecíveis canções do nosso guru Renato Russo.


A primeira música que aprendi a tocar foi “Eu sei”, me senti o próprio Renato. O violão era uma arma. Símbolo de uma resistência da turma frente as músicas modinhas que tocavam nas rádios da época. Lembro que fazíamos de tudo para escutar música boa, inclusive adotávamos uma política de empréstimo de disco, uma guerra!


- Ei mah, me empresta o “Descobrimento do Brasil”?

- Pode levar, num arranhe a capa não viu! Tu me devolve, né mah?

- Devolvo, mah!

- É dois “v” viu?

Sem a internet, os quartos dos amigos se transformavam em verdadeiros santuários, cheios de pôsteres e encartes novíssimos, coisa fina.
A Legião embalou “bads” e alegrias, materializou em letras fantásticas tudo o que sentíamos naqueles momentos. Parece coisa de quem já tem seus trinta, mas que época boa aquela! Os jovens queriam mudar o mundo. Discutíamos sobre tudo sem um pingo de embasamento científico, mas cheios de paixão e verdade.


Renato Russo não foi só um grande artista, cantor, compositor, poeta... Foi também o pai de uma geração inteira, mesmo sendo essa uma geração coca cola, que fazia muito sexo verbal, mas que sempre tinha o desejo de amar as pessoas como se não houvesse amanhã.


Mauro Santos, jornalista, músico porque quer ser e pronto, adolescente dos anos 2000, fã incondicional de Renato Russo e sua Legião Urbana.

MTV entrevista Renato Russo em maio de 1994

Acervo O POVO - A morte do poeta

Há exatos 20 anos, o ídolo do rock brasileiro, Renato Russo, morreu de complicações causadas pela Aids. Confira abaixo o especial do caderno Vida & Arte.



Acervo O POVO - Aniversário de Renato Russo

Nascido em 27 de março de 1960, Renato Russo completaria 56 anos neste ano. O vocalista de uma das maiores bandas do rock nacional deixou uma legião de fãs e projetos no cinema e na literatura. Confira abaixo detalhes do livro Renato Russo - O filho da revolução.

Relembre sete clipes clássicos da Legião Urbana

Renato Russo em imagens

20 anos sem Renato

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